“Em frente, sempre”
O derradeiro capítulo na saga de Luke Cage fugiu do lugar comum. Enquanto a maioria das séries usa o último episódio para encerrar seus arcos, a Netflix apostou em um roteiro completamente aberto e com ganchos que nos fazem acreditar em uma renovação quase que imediata. Apesar de encerrar o embate entre Luke e seu irmão (será?), todo o resto fica como dúvidas em nossas mentes – dúvidas essas que sabe Deus quando teremos algum tipo de resposta. Não fosse a participação garantida de Luke em “Defensores“, seria impossível lidar com um final de temporada como esse.
A ação do episódio começa com o embate preparado pelo seu antecessor. Luke e Willis, frente a frente, em uma briga de irmãos com um pouco de pimenta a mais. A mistura com cenas do passado nos fez ter ainda mais noção do quão pessoal era aquele confronto: uma verdadeira briga por atenção de quem nunca teve um pai só para si. Quem ama umas cenas de porrada, deve ter delirado com toda a pancadaria que rolou. Foram socos, empurrões, paredes quebradas e uma destruição completa da barbearia que foi um grande cenário durante toda a temporada. A real é que, depois de todo esse fuzuê, Luke se colocou ali, disposto para morrer pelas mãos do irmão até perceber que não valia a pena morrer por uma causa tão baixa. Talvez tenha sido a mudança de percepção, talvez tenha sido a presença de Claire (nossa rainha), mas algo o fez enxergar que aquela não era a hora, nem o momento de morrer, conseguindo vencer, finalmente, Kid Cascavel.
E quando pensávamos assistir a derrocada dos vilões, as coisas tomaram rumos completamente inesperados. Mariah, mais uma vez, no centro de tudo, conseguiu contornar sua prisão pela falta de um depoimento consistente que confirmasse ela como assassina do primo, Boca de Algodão. Temos que aplaudir de pé Alfre Woldard pela seu brilhantismo no papel. Não houve um momento sequer nesse episódio onde eu não queria esfregar a cara de Mariah no asfalto quente, tamanho sua dissimulação diante das detetives. Mais longe do que qualquer um foi, Além de conseguir se livrar da pena, ela ainda acabou com a vida de Candance (pelas mãos de Shades) e colocou Carl Lucas de volta na cadeia, basicamente eliminando qualquer problema que pudesse ter em seu caminho daqui para frente.
O interessante é pensar em como será desenvolvida a relação entre ela e Shades agora que, além de parceiros, pode existir um envolvimento emocional – aquele beijo, sei nem o que comentar. Fato é que não existe dois galos no poder e, somente enquanto é conveniente, os dois devem coexistir no topo, até que as coisas se tornem complicadas demais de lidar e algum deles precise ser eliminado, afinal esse é o jogo que eles aceitaram jogar. Shades é um grande personagem e eu torço demais para que possamos encontrá-lo em alguma das outras séries da Marvel que temos em nosso caminho, já que ele é grande demais para se limitar ao espaço dos Harlem.
Nada de final feliz para o nosso protagonista. Depois de depor e ser elevado pela voz do povo como um verdadeiro heroi, Luke acabou caindo nas garras pretensiosas de Mariah, tendo que pagar pela sua fuga de Seagate. Essa sua prisão acontece em um momento bem estranho e pode ser que não dure, já que os documentos que comprovam a sua inocência foram encontrados nos escombros da barbearia, mas, quando pensamos, não faz sentido ele estar preso quando não teremos uma nova temporada antes de “Os Defensores”. O que eu gostei mesmo: do roteiro firmar um envolvimento romântico entre ele e Claire, já que nas HQ’s a personagem influencia diretamente no seu desenvolvimento. E se você faz parte do time que deu uma surtadinha de leve quando Claire disse que conhecia um bom advogado, bate aqui! Torci tanto pela aparição de Matt por ali, mas acredito que eles devem estar esperando para que essa união só aconteça mais para frente.
Outro ponto marcante desse final foi o destino de Willis, que depois de ser derrotado no meio das ruas, acaba nas mãos do mesmo médico que transformou Luke em um ser a prova de balas. Se isso não te soa suspeito, você precisa ver séries. Esse é, basicamente, o pré-requisito para se criar um vilão em potencial e devemos ver os resultados disso reverberando nas outras séries do universo em muito breve. Misty, com um pouco menos de destaque, também não consegue seus pontos finais, já que toda sua investigação vai por água abaixo com o assassinato de Candance. Ao que parece, ela vai se infiltrar, mais uma vez, na Harlem’s Paradise para tentar derrubar Mariah, o que não é uma missão muito fácil – e deu também uma sensação de voltar ao começo, já que lá no primeiro episódio, vimos a personagem disfarçada no mesmo cenário.
Com uma excelente trilha sonora, uma ambientação impecável e personagens bem construídos, Luke Cage foi uma grata surpresa. O tipo de entretenimento que você busca desacreditado e acaba apaixonado por um roteiro bem pensado e escrito. Não duvido de uma renovação e torço muito por ela. Foram 13 episódios incríveis e, com nossa maratona chegando ao final, fica o gostinho de quero mais. Aguardemos agora por Punho de Ferro e nos encontramos em algum texto por aqui!
Ah, não esquece de comentar com a gente o que achou desse desfecho tão aberto proposto pela série. Queremos saber a sua opinião!
