MacGyver finalmente aprendeu com seus erros e, levando em conta o episódio passado, claramente entrou em um novo ritmo. Parece que o voto de confiança da CBS não foi em vão, resta saber se a audiência irá segurar a série, já que muitos abandonaram já nos episódios iniciais pela grande demora em definir um rumo oficial para a história.
Como já é costume, seguimos a mesma fórmula onde apresentam um problema, o qual os próprios personagens já possuem a solução. Não que isso seja falho, mas uma hora ou outra a série precisará inovar. Em todo caso, é impossível não se emocionar assistindo o episódio. Afinal, até onde você iria para salvar as pessoas que ama? Essa pergunta pode parecer fácil de ser respondida, mas será que na prática funciona do mesmo jeito? Esse episódio não serviu apenas para fortificar os laços entre nossos protagonistas, mas sim para transmitir a mensagem que a série tenta passar para o público. Nós temos a solução para todos os nossos problemas. Todos nós temos a chave que abre qualquer porta. O problema é que vemos as coisas como elas parecem, não como elas realmente são.
Mais uma vez conseguimos sentir medo pela vida dos personagens. Seja pela carga dramática colocada ou pelo próprio roteiro, a série parece estar se tornando mais audaciosa, o que já era esperado. Angus nunca foi um cara normal, ele era nosso herói. Ele nos mostrava que qualquer pessoa poderia ser um herói na sua própria história. E, é claro, essa nova versão faz questão de nos mostrar isso novamente. Uma das melhores coisas na série original eram os vilões que, gostando ou não, eram inesquecíveis. Até o momento, tínhamos apenas sido apresentados aos casos da semana, o que não era bem atrativo ao telespectador. Agora, depois de definir um rumo, a história finalmente apresentou um vilão de verdade. Fantasma não é apenas um fabricante de bombas qualquer, ele é um mestre no que faz. E é claro que tudo não poderia ter terminado tão fácil. Claro, levando em conta o nível do vilão, é estranho ver como o mesmo deixou todas aquelas informações no notebook, mas vendo tudo que já nos foi apresentado antes, essa parte se torna fácil de relevar.
O passado dele com MacGyver foi, no mínimo, intenso. A proposta da série era apresentar nosso protagonista alguns anos antes para entendê-lo melhor. O problema foi que, logo que o conhecemos, o passado dele já estava cheio de história. Então, como é fácil perceber, esses momentos que remetem ao passado são o tesouro da série. A chave para tudo se encontra no passado. Penã (Lobo Sebastian) foi, sem dúvidas, uma grande inspiração para ele. Todos nós tivemos uma inspiração. Seja alguém da família, trabalho, escola ou até uma figura pública e/ou religiosa, todos nós sentíamos gratidão por alguém. Nós não chegamos a esse mundo sabendo de tudo, nós fomos ensinados. Aprendemos das maneiras mais difíceis, mas foi isso que nos fez fortes. O treinamento de Mac foi essencial para ele ser quem é hoje. Ele demorou a perceber isso, mas finalmente conseguiu. O desenvolvimento dele, até o momento, é o melhor da série. Não apenas por ser o principal, mas sim por ser um personagem fácil de nos identificar e criar empatia. Mas, vendo tudo isso, será que estamos fazendo certo? Será que estamos mesmo aprendendo com o passado ou estamos evitando-o, achando que não precisamos dele?
As lições de moral da série acrescentam mais a cada episódio. A proposta não é apenas mais uma trama de aventura, mas sim uma trama que possa nos guiar em nossas próprias vidas. Nós, apaixonados por séries, passamos muito tempo da vida consumindo séries, filmes, livros, jogos e coisas do gênero. Mas, qual seria a utilidade de tudo isso se não nos fizesse crescer como pessoas? Entretenimento nós encontramos em qualquer lugar, mas lições e conselhos são raros. É interessante ver o desejo da série em nos mostrar que ela é mais do que uma simples história. No começo, era fácil se sentir chateado pelo clima mais juvenil, mas se pararmos de ver as coisas como parecem e ver como elas realmente são, veremos que o foco da série é a geração atual. O antigo MacGyver já nos ensinou tudo que podia, agora é a vez dos outros aprenderem. É a hora de aprender com o passado e passar a bola para outro. Éramos alunos, agora precisamos ser professores.
Outro ponto positivo da série é a relação de Mac com Jack. Desde o começo é fácil criar sentimentos pela dupla, então não é estranho sentirmos medo por uma possível separação. Em cada episódio existe algum perigo que pode estragar tudo que eles têm, então precisamos estar preparados. Separados eles são fracos, mas juntos… Juntos não há ninguém que possa pará-los. E será que é diferente conosco? Temos medo de muitas coisas, mas não nos sentimos mais fortes quando estamos com amigos? Tudo que Mac faz não é fácil, mas é possível ver aonde ele encontra força. A sabedoria vem do passado, mas a força… Ah, a força vem do presente. A força dele são aqueles que estão com ele. Jack, apesar de às vezes agir como um babaca, é um exemplo de amigo. Ele é o primeiro a seguir Mac aonde ele for. A que ponto chegaríamos para defender aqueles que amamos? Colocaríamos a nossa própria vida em risco? Ele colocaria. Não por segundas intenções, mas porque a verdadeira amizade tem esse poder.
Riley, que ainda não teve seu passado explorado e, vez ou outra, parecia não estar tão conectada com o grupo, parece mais familiar do que nunca. É nítido a vontade dela em se igualar ao grupo, mas ela não consegue perceber que já está no mesmo patamar. O que falta de força sobra de genialidade. É um grupo perfeito. Mac possuí as habilidades, Jack a força e Riley a inteligência. É difícil vermos um trio tão bem entrosado com o que temos aqui. Eles estão juntos para tudo, mas será que isso irá durar para sempre? Agora que a temporada irá se alongar um pouco mais, é fácil imaginar que preencherão esse tempo com um pouco mais de drama, como já é possível ver nesse episódio. O importante é saber se o que eles têm hoje será suficiente para compensar qualquer problema futuro. Temos esperanças.
Thornton, por sua vez, parece cada vez mais descaracterizada. Todo o desenvolvimento visto no episódio passado fica invisível nesse. Afinal, ela é mesmo a chefe? Na teoria parece que sim, mas na prática… Apesar de Mac estar o tempo todo certo, seria interessante o grupo demonstrar um pouco mais de consideração com ela. Eles a respeitam, mas do modo que respeitam um amigo, não um superior. Até quando isso poderá durar? Sendo uma personagem tão forte, seria interessante vê-la sendo explorada um pouco mais. O potencial dela não pode ser simplesmente deixado de lado e a interação dela com os outros personagens é essencial. O treinamento com Riley parece estar perto de dar frutos, resta saber se o resultado será o esperado.
Já os pontos negativos da série continuam os mesmos. A quantidade de clichês do gênero que vemos é grande e, mesmo a série tentando se diferenciar, ainda é possível ver a dificuldade em criar algo novo. E, além disso, a troca entre drama e comédia não parece soar naturalmente em algumas cenas. Em Chuck, por exemplo, conseguimos ver um equilíbrio entre os momentos, mas aqui isso ainda parece precisar ser um pouco mais trabalhado. Afinal, qual o problema de aumentar um pouco mais a carga dramática? Como foi dito anteriormente, a temporada contará com mais episódios do que o esperado, então é sabido a necessidade de se renovar a cada episódio. Não queremos mais do mesmo, mas sim algo novo.
Já Bozer continua reduzido a um simples alívio cômico. O personagem que nos episódios anteriores parecia estar sendo mais bem introduzido, tendo uma melhor relação com Riley, acabou não aparecendo tanto quanto deveria. Apesar de saber que essa provavelmente é a intenção da série, é impossível não se sentir chateado com isso. Mac passa praticamente o dia todo em alguma missão, mas é só com o amigo que ele pode ser normal. É só com o amigo que ele pode ser ele mesmo. Será que veremos essa relação sendo mais explorada? Ainda, será que ainda nessa temporada conseguiremos alguma indicação de que ele e Riley possam realmente ficarem juntos?
No geral, MacGyver está indo melhor que anteriormente. Com uma trama mais desenvolvida e personagens melhor encaixados, a série parece ter tudo para se tornar uma das melhores do ano. Resta saber se conseguirão manter o ritmo ou se, cedo ou tarde, acabarão falhando e perdendo o rumo. Nós torcemos pelo melhor, mas é necessário sempre estar preparados. Afinal, se aprendemos algo com esse episódio, é que não podemos ver a situação como ela parece, mas sim como ela realmente é.
Observações:
–Existe alguma coisa que a Riley não consiga fazer?
–Aliás, de quem era o corpo que encontram no armazém?
–Não tenho palavras para descrever o quão linda foi a cena final.
–Mas, desculpa. Sempre que vejo o nome Annabelle eu já lembro da boneca.
–Finalmente um vilão que consegue empolgar. Chega de Nikki!
–Sempre gostei de séries que conseguem se situar nos eventos atuais.
–Confesso que demorei para perceber que o nome dos episódios remetem a ferramentas.
E você? O que achou desse episódio? Não se esqueça de deixar sua opinião e continuar acompanhando as reviews aqui, no Apaixonados por Séries.
