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Mad Men – 7×11 Time & Life

Por: em 27 de abril de 2015

Mad Men – 7×11 Time & Life

Por: em

Don insiste: “This is the beginning of something not the end”. Mas ninguém está prestando atenção, a câmera já se afasta e a música final começa a tocar. Don, nós sabemos que esse é o final. Weiner, o que você quer mostrar aqui? Mas afinal, quem se importa? O começo e o fim são bem parecidos. O que faz diferença é o que acontece entre os esses dois pontos.

Por isso, Mad Men se dá o direito de usar elementos de outros momentos da série para projetar o seu futuro. Se pararmos para pensar, Time & Life não é tão diferente de Shut the door, Have a Seat (terceira temporada, episódio 13) ou Waterloo (sétima temporada, episódio 7). O futuro da SC&P estava em jogo e Don Draper surgiu com uma estratégia para salvar o dia. O diferencial aqui é que a ideia de levar a agência para LA e fundar a Sterling Cooper West, a division of McCann Erickson não funciona. McCann Erickson não aceita a justificativa de evitar conflitos entre empresas e ainda manter algumas marcas defendida por Don e diz: “It’s done! You passed the test”. 

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Rapidamente, McCann Erickson apresenta à Roger, Pete, Ted, Don e Joan o Advertisement Heaven e tudo se acalma. Eles sabiam, quando receberam cheques com vários zeros, que isso iria acontecer um dia. Os cinco se tornaram funcionários comuns de uma agência maior e não adianta mais espernear e como Don disse à Peggy quando ela pedia mais reconhecimento: “That’s what the money is for!“. A batalha por independência era, na verdade, uma luta perdida há muito tempo. Mais tranquilos, os cinco ganham um dia de folga e vão tomar cerveja para comemorar, como acontece com qualquer funcionário depois de um longo dia de trabalho. Parece que a morte não é tão ruim assim, não é mesmo?

A única que vê motivos para se preocupar é Joan, que conquistou seu espaço na SC&P com mais dificuldades e sacrifícios que seus parceiros. Joan percebeu que essa luta terá que recomeçar. Mas, por algum motivo, eu fico preocupada com isso e acho que tem muito a ver com o que Pete disse à ela no carro: “They don’t know who they’re dealing with”. Joan sempre teve que batalhar muito para provar seu valor, no trabalho e na vida pessoal, mas ela sempre conseguiu se impor e encontrar um caminho. Com a vida pessoal no rumo certo, afinal tudo parece estar indo bem com Richard, não tenho dúvidas que Joan será respeitada na McCann Erickson também.

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Peggy também se preocupa com o que McCann Erickson poderia reservar para ela. Mesmo não sendo incluída oficialmente nas discussões sobre o futuro da agência, Peggy resolve procurar um agente para saber quais opções ela tem. Porém, ele diz que a melhor opção era ser absorvida pela agência e ganhar milhões.

Mas Peggy tem outros problemas para lidar. Responsável por cuidar de uma modelo mirim, a copywriter entra em uma discussão com a mãe da menina depois que ela se machuca com um grampeador. A mãe, irritada com as acusações de falta de responsabilidade feitas por Peggy, acaba respondendo: “You do what you want with your children, I do with mine”. Mas Peggy nunca esteve próxima do seu filho e essa ainda é uma ferida aberta.

Um pouco depois no episódio, Peggy conversa com Stan sobre a decisão que teve que fazer, mas em terceira pessoa, como se falasse de uma outra mulher. “Maybe, she was very young, and followed her heart and got in trouble“, justifica. Stan, claro, percebe que às críticas feitas por ela são mais pessoais do que tenta mostrar. Peggy ainda defende que todos deveriam ter a chance de seguir em frente: “No one should be able to make a mistake and not move on. She should be able to live the rest of her life. Just like a man does.”

Essa foi a melhor cena do episódio e a atuação da Elizabeth Moss foi impecável. A atriz desabafa o passado de sua personagem sem chegar perto da auto-piedade. Foi a primeira vez que Peggy falou sobre seu filho em temporadas e é a tentativa de seguir em frente reconhecendo que escolhas difíceis foram feitas. Peggy termina a longa conversa dizendo: “I have work to do”. É claro que sim e não poderia ser diferente, Peggy sempre tem trabalho para fazer e parece que isso não vai mudar.

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Do outro lado, Pete também teve problemas paternos, mas com a filha dele com Trudy. No começo do episódio, a ex-mulher reclama que a filha não conseguiu uma vaga em uma escola particular e o motivo seria a separação dos dois. Porém, o problema não era esse. A menina falhou em um teste no qual ela seria avaliada pela quantidade de detalhes em um desenho de um homem, porém ela desenhou apenas uma cabeça, um bigode e uma gravata. O encontro com o diretor terminou com um soco que, surpreendentemente, aumentou a confiança de Trudy em Pete. A reconciliação dos dois é completada quando Pete se mostra irritado com comentários maldosos feitos por um diretor de outra escola.

Quando Pete se despede de Ted, Don e Roger no bar, ele diz: “I should call Judy, she had a quite day as well“, mostrando que ele está preocupado e que pode se esforçar para mostrar que ele quer estar mais próximo da ex-mulher e da filha.

Time & Life foi o melhor episódio da segunda metade dessa temporada, porque coloca Mad Men em um lugar que não deveria sair: focado nas histórias de Don, Roger, Peggy, Pete e Joan. Com um tempo e espaço reservado para cada um, a série conseguiu usar uma fórmula velha para indicar para onde as coisas estão indo. Assim como Roger diz para Don, “You are OK”. Não está ótimo porque é o fim, mas espero que Weiner tenha reservado um céu para nós também.

Outros comentários:

  • Time & Life foi dirigido por Jared Harris, que interpretou Lane Pryce na série. Saudades!
  • Cabeça, bigode e gravata parece uma metáfora para todos os homens da SC&P. Por sorte, Pete, ao contrário de sua filha, passou nesse teste!
  • O plano de vingança de Ken funcionou. Neste episódio, ele diz que sempre sonhou com um momento em que Roger pedisse por um favor e ele pudesse dizer não. E ele finalmente diz!
  • Quando Ken vai para reunião, ele diz que se sente como um espião. Roger responde: “You look like one”. 
  • Lou conseguiu um contrato para fazer seus desenhos e vai para Tóquio. Para se despedir de Don, ele diz: “Sayonara my friend. Enjoy the rest of your miserable life”. Impossível ter uma despedida melhor até o final da série!
  • Ted conta para Don que ele está namorando uma pessoa que ele conheceu na faculdade.
  • Roger também está em um relacionamento, mas com alguém que Don conhece muito bem: Marie, mãe de Megan.

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E qual a sua opinião sobre o episódio? Deixe seu comentário e até o próximo episódio!

 

 


Nathani Mota

Jornalista, nerd e feminista. Melhor amiga da Mindy Kaling, mesmo que ela não saiba disso.

Salto / São Paulo

Série Favorita: Sherlock

Não assiste de jeito nenhum: Two and Half Men

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