Aquele em que dizemos adeus

Pra quem não sabe, o Apaixonados por Séries existe há quase dez anos. Eu e Camila…

O que esperar de 2018

Antes de mais nada, um feliz ano novo para você. Que 2018 tenha um roteiro muito…

Mad Men – 7×12 Lost Horizon

Por: em 5 de maio de 2015

Mad Men – 7×12 Lost Horizon

Por: em

“Advertising is not a very comfortable place for everyone”, Shirley diz à Roger para se despedir e justificar porque não vai à McCann Erickson. Bom, Shirley está certa. SC&P, e todas os outras agências formadas pelos personagens da série antes dela, sempre foi um recorte social dos Estados Unidos nos anos 60. Agora, chegamos aos anos 70 e percebemos que Matthew Weiner criou, de certa forma, uma sociedade igualitária e liberal na agência. É claro que a agência dirigida por Roger tinha seus problemas sociais, mas também tinha seus avanços (em grande parte devido a Peggy e Joan baterem o pé para conquistar espaço e porque elas criaram oportunidades para outras mulheres também, como a Dawn). Mas fora da agência, os anos 70 parecem tão retrógrados quanto os anos 60.

Logo, a transição dos funcionários para a McCann Erickson iria gerar um choque social. Essas diferenças culturais são exploradas, principalmente, nas dificuldades encontradas por Joan para se adaptar ao novo ambiente de trabalho.

mad-men-lost-horizon-joan

A princípio, tudo parece bem na nova agência. Joan recebe a visita e uma planta de duas copywriters da McCann que estavam interessadas nas empresas com que ela trabalha. Joan fica encantada e vê que ela pode ser um pouco importante na McCann Erickson também. Mas, a primeira impressão não é a que fica.

Joan tem que ligar para algumas empresas para conversar sobre as mudanças que acontecerão e ao lado de Dennis Ford (Greg Cromer), ela conversa primeiro com Barry da Avon. Porém, Dennis decide conduzir as coisas do seu jeito e acaba convidando Barry, que está em uma cadeiras de rodas, para um jogo de golf porque não ele leu o briefing preparado por Joan. Quando ela tenta, em vão, explicar porque a ligação foi um desastre, Joan ouve que não tem o direito de ficar irritada e que ele achava que ela fosse “divertida”.

Para completar, Joan procura ajuda com a pessoa errada (como ela mesmo define quando está conversando com Richard mais tarde no episódio). Ferg Donnelly (Paul Johansson) promete que irá ajudá-la, mas também do seu jeito e aqui isso significa que ele quer transar com ela. “From now on, no one comes between me and your business”, Ferg diz. Mais tarde, ele manda uma caixa de chocolates para Joan com um bilhete dizendo: “Pick a weekend!”

A saída é levar esse problema para cima, mas Jim Hobart, apesar de mais educado, também não pode ajudá-la. Jim sabe (e diz que) Joan não é o tipo de mulher que aceita um não, mas ele não vai aceitar ameaças dela e oferece muito dinheiro para ela desaparecer.

Essa é a cena mais tocante do episódio (e olha que Lost Horizon nos deu grandes momentos) porque apesar de mais poderoso, Jim não consegue intimidar Joan em nenhum momento e termina a conversa mais nervoso do que ela. Joan prova, mais uma vez, que não podem encaixá-la em algum “tipo de mulher” e adivinhar suas vontades e desejos e tudo isso está na postura com que encara Dennis, Ferg e Hobart. Joan não aceita a oferta e volta no outro dia para trabalhar como se nada tivesse acontecido, mas encontra Roger disposto a convencê-la que o dinheiro é a melhor opção. “It’s not about the money”, Joan explica à Roger, mas ele diz: “It’s only about the money”. Ela sabe que ele está certo e acaba aceitando.

mad-men-lost-horizon-roger-peggy

A transição também não é fácil para Peggy, que não tem um escritório reservado na nova empresa e ganha flores que foram compradas para todas as secretárias. Por isso, ela decide continuar sua rotina onde funcionava a SC&P. Entre idas e vindas, Peggy encontra Roger, que está enfrentando dificuldades para se desapegar da SC&P, tocando teclado no antigo escritório.

Roger pede para Peggy comprar bebida, mas ela diz que precisa ir para a McCann, porque finalmente arrumaram um espaço para ela, e oferece vermute. Peggy e Roger acabam ficando na SC&P bebendo e como toda a conversa com Roger, essa é divertida.

Roger oferece um quadro de um polvo “satisfazendo” uma mulher, que era de Cooper e estava no escritório há um tempo, reclama um pouco do rumo que a agência tomou e conta uma história de quando ele estava na marinha. É interessante que a conversa vai ficando mais honesta a medida que eles bebem e tudo acaba resultando em Roger tocando piano e Peggy andando de patins pelo escritório (como eu disse, Lost Horizon está cheio de grandes momentos!).

Ao invés de aparecer bêbada e super atrasada no primeiro dia do trabalho, como Roger tinha sugerido, Peggy vai para a McCann no dia seguinte e surge no corredor com andar confiante, óculos de sol, cigarro na boca e com o quadro de Cooper debaixo do braço. Em um momento, tudo fica mais lento e os olhares convergem nela. Uma entrada exagerada e poderosa, mas não poderia ser diferente.

No escritório da SC&P, Peggy pensa em não aceitar o quadro. “You know that I need to make men feel at ease”, ela explica. Mas o quadro vai junto com ela, como se afirmasse que facilidade não será algo presente na vida dos homens da McCann. Em Lost Horizon, Joan não consegue, apesar de muito esforço, se impor sobre o sexismo da agência. Joan saí, mas Peggy entra dominando um andar que só Christina Hendricks tem igual. You get then, Peggy!

mad-men-lost-horizon-peggy

Enquanto tudo isso acontece, Don embarca em mais uma de suas aventuras!

Os primeiros dias dele na McCann são curiosos. Ele começa como uma criança no primeiro dia de escola: perdido, ansioso e simpático. Bem recebido e paparicado por todos, e principalmente por Hobart, Don está feliz e promete que fará o melhor para a agência ao saber que vai trabalhar com a cerveja Miller. Na primeira reunião com o chefe, Don testa seu novo cumprimento enquanto a câmera se aproxima: “I’m Don Draper from McCann Erickson”. Ah, suspiros!

Mas todos nós sabemos como são os primeiros dias de escola. Compramos cadernos, canetinhas coloridas e depois prometemos que não vamos atrasar nenhuma tarefa e temos até a ousadia de dizer que nada ficará para o último dia. Depois de algum tempo, aquela aula de matemática está tão chata quanto no último ano e aquelas promessas não fazem mais sentido. Don também teve essa sensação. Na reunião com a Miller, a animação foi embora. Don olha ao redor, vê todos aqueles publicitários fazendo anotações e concentrados em seus exercícios escolares e decide, que mais uma vez, ele será um rebelde. Sem nenhuma hesitação, levanta e sai da reunião.

mad-men-lost-horizon-don

Don vai buscar Sally para levá-la para a escola, mas descobre que ela pegou uma carona com amigos e não precisa mais dele. “We can’t get mad at her for being independent”, Betty explica. Depois de conversar sobre a rotina escolar de Betty (sem trocadilhos aqui), Don se despede dizendo: “Knock ‘em dead, Birdie”. Own!

Na estrada, Don decide que não vai voltar para Nova York e vai dirigir até Wisconsin para encontrar Diana. Mas ele não fica sozinho por muito tempo. Por sorte, o fantasma de Cooper aparece para, mais uma vez, dizer o necessário da maneira mais poética possível. Típico Cooper!

“You like to play stranger”, diz Bert. E é assim que Don age. Ele facilmente se apresenta como Bill Phillips e diz que a Ms. Bauer ganhou uma geladeira cheia de cerveja. O personagem criado caí quando o Mr. Bauer chega e diz que Don não é o primeiro a tentar aquilo. “She’s a tornado, just leaving a trail of broken bodies behind her”, diz.

De volta à estrada, Don dá carona para um rapaz para St. Paul. O moço diz que não quer tirá-lo do caminho, mas Don responde que isso não é um problema. Nem precisa procurar no Google Maps para descobrir que Don não está voltando para casa (na verdade, eu procurei só para ter certeza e St. Paul fica em Minnesota e ele está indo na direção contrária).

Duas notícias, uma boa e uma ruim: Don não encontrou Diana (essa é a boa!) e há dois episódios do fim, não temos ideia para onde ele está indo (essa é a ruim!). De qualquer forma, o caminho incerto de seu protagonista parece um futuro promissor para Mad Men. 

Outros comentários:

  • Lost Horizon é o nome de um livro de James Hilton publicado em 1933. A história foi transformada em filme em 1937 por Frank Capra e Don assistiu esse filme no começo dessa temporada na casa de Megan.
  • Não é a primeira vez que este quadro de Cooper aparece em Mad Men. The Dream of the Fisherman’s Wifecomo é chamado, é do artista japonês Katsushika Hokusai e Bert mostra orgulhosamente para Lane Price no episódio 1 da terceira temporada. Naquele momento, Cooper explicou: “I picked it for its sensuality, but also, in some way, it reminds me of our business”.
  • A música que está tocando no carro quando Don está indo para Wisconsin é Sealed With A Kiss. A música, que foi regravada por Bryan Hyland em 1962, diz “I don’t wanna say goodbye for the summer” e essa é a primeira frase que Bert diz para Don.
  • Space Oddity de David Bowie é a música final do episódio.

 


E vocês? Gostaram do episódio? Conte tudo nos comentários e até o próximo episódio!


Nathani Mota

Jornalista, nerd e feminista. Melhor amiga da Mindy Kaling, mesmo que ela não saiba disso.

Salto / São Paulo

Série Favorita: Sherlock

Não assiste de jeito nenhum: Two and Half Men

×