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Malcolm in the Middle

Por: em 27 de agosto de 2014

Malcolm in the Middle

Por: em

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Antes de ser o idolatrado Walter White, Bryan Cranston era mais conhecido por ser o patriarca de uma família nada comum em Malcolm in the Middle, iniciada em 2000. E se você assistia esta sitcom (que foi uma das primeiras a não usar as – muitas vezes irritantes – risadas de fundo) naquela época, não se surpreendeu nem um pouco de ver Cranston de cuecas em Breaking Bad.

A série de comédia girava ao redor da família de Malcolm (Frankie Muniz), o terceiro filho de uma família classe média baixa, que precisa enfrentar os problemas comuns de todo adolescente enquanto está em uma classe de gênios, portanto nerds, em que ele não se encaixa. Dentro de casa, a paz não reina. Ele e seus irmãos são capazes de colocar a casa abaixo em suas brincadeiras, algumas de mal gosto. Parafraseando um filme da Meryl Streep, “eles são o diabo”.

O que faz desta série ser tão especial é a forma como os personagens são tratados.

Começando pelo protagonista, Malcolm pode ser um gênio, mas não tem o menor traquejo social, especialmente com as meninas. Apesar disso, em casa, ele apronta tanto quanto os outros irmãos – e nenhum deles dá sossego à mãe. Seu melhor amigo, Stevie (Craig Lamar Traylor), também é super dotado e tem que lidar com as limitações de estar em uma cadeira de rodas, dificuldades para respirar e pais super protetores, do tipo que prendem o filho na cama na hora de dormir (com as cobertas, mas se fosse uma corda, daria no mesmo), ligam os sensores no tapete e qualquer coisa que toque o carpete aciona um alarme nada discreto.

Uma cena comum no café da manhã

A mãe, Lois (Jane Kaczmarek), é a típica matriarca de cabeça quente (e ninguém pode culpá-la, já que lidar com quatro filhos aprontões não é para qualquer uma) e teimosa, e o pai, Hal (Cranston) é mais sossegado, dependente da esposa e também tem suas molecagens como os filhos. Uma das cenas emblemáticas do começo da série é quando Lois precisa depilar o marido super peludo durante o café da manhã. Na cozinha. Bem normal.

Os irmãos de Malcolm são, no mínimo, peculiares. O mais velho, Francis (Christopher Masterson), está terminando o ensino médio em um colégio militar depois de ter acabado com a paciência da Lois em sua fase “rebelde sem causa”. Resse (Justin Berfield), o segundo mais velho, é o adolescente bobão sem o menor senso comum, mas excelente em cozinhar e arranjar briga, sendo o bully da escola. Por fim, temos Dewey (Erik Per Sullivan), o caçula, que também é um gênio, tem muita sensibilidade para música e afasta todas as babás, menos uma senhora idosa. Em comum, os meninos não medem escrúpulos para uma boa bagunça, desde apostas para ver quem vai dedurar o outro para a mãe primeiro ou montar uma catapulta no telhado para jogar ovos na vizinhança.

Diferente de outras séries familiares, os dilemas de Malcolm in the Middle nem sempre são verossímeis, mas nem por isso destoam da realidade da sitcom. O roteiro é muito bem estruturado para que mesmo as excentricidades do Comandante Spangler (Daniel von Bargen), na escola de Francis, soem naturais, como se fosse comum em qualquer colégio militar, por exemplo. É o tipo de história em que você precisa suspender um pouco a sua realidade e entrar no mundo novo, muito parecido com o nosso. O que não é nada complicado, com tantos personagens carismáticos, situações bem amarradas e 20 minutos super gostosos de assistir.

Ainda falando em carisma, os atores desde o princípio encarnam muito bem seus personagens, com destaque para Cranston e Kaczmarek, que nunca perdem o timing da piada e são capazes de emocionar com uma mudança sutil no olhar nos momentos mais doces da família.

Malcolm-Dewey-Resse-Hal

Durante suas sete temporadas, a sitcom foi evoluindo e mudando de ponto de vista. Nos primeiros três anos, o foco da série era nos filhos e suas travessuras. Depois, com a introdução de mais uma criança à família, com a saída de Francis do colégio militar e o passar dos anos e o consequente crescimento dos filhos, Hal e Lois viram os personagens principais da série, que não perde a graça e o clima “sem noção”. Para se ter uma ideia, Hal decide construir um berçário em um “puxadinho” da casa – influenciado por um amigo picareta, diga-se de passagem – e quando a construção não dá certo, o buraco fica ali por muito tempo, chegando quase a se tornar um personagem, e servindo para relembrar também a falta de dinheiro da família. Tudo isso é encarado naturalmente, sem precisar de reviravoltas extraordinárias para nos convencer que isso acontece “nas melhores famílias”.

Malcolm in the Middle foi indicado 33 vezes para o Emmy, levando sete prêmios para casa. Jane Kaczmarek foi indicada a Melhor Atriz em Série de Comédia em todas as temporadas, mas infelizmente não ganhou em nenhuma.

Se você assiste a The Middle, vai encontrar muitas semelhanças entre as duas séries. São duas famílias de classe média baixa, com uma mãe controladora que precisa domar os filhos, um pai mais sossegado, crianças excepcionais, problemas adolescentes e situações que, se acontecem na vida real, são chamadas de forçadas. Na dúvida entre qual é melhor, assista a ambas, que você não vai se arrepender.


Bianca

Feminista interseccional, rata de biblioteca, ativista, ama filmes, séries, cultura pop e BTS. Twitter sempre vai ser a melhor rede social.

São Paulo - SP

Série Favorita: Grey's Anatomy

Não assiste de jeito nenhum: Lost

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