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Maratona Friday Night Lights – 3ª temporada

Por: em 10 de novembro de 2015

Maratona Friday Night Lights – 3ª temporada

Por: em

Recuperando o fôlego depois do tropeço em seu segundo ano, a terceira temporada de Friday Night Lights retoma a essência que faz esse show ser tão especial.

O que vimos foi o desfecho de grandes arcos, o desenvolvimento de personagens bem interessantes e o rascunho do que pode ser o recomeço da série para as suas duas temporadas finais. Como de costume, vamos passar pelos núcleos mais relevantes, apontando os seus principais desdobramentos nessa temporada e levantando algumas sugestões do que pode estar por vir. Vem comigo!

 

Dura vida de Travie McCoy

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Olha, foi realmente difícil gostar desse núcleo. Personagens insuportáveis e que chegaram para tirar um pouco do marasmo que rolava na vida dos protagonistas da série. De verdade, não gostei de quase nada aqui. Travie soava forçado a todo momento e foi realmente difícil comprar a história do garoto oprimido por um pai controlador – o que tinha tudo para ser super verossímil.

A arrogância do patriarca da família é crescente, chega ao ponto de bater no próprio filho em público e depois tirar o coach do poder só porque tinha sido o responsável pela denúncia ao órgãos responsáveis. Não rolou, não fluiu. A mãe, que flertou uma amizade com Tami, se mostrou passiva a tudo e ficou no lugar comum quando as coisas apertaram – talvez uma clara representação do que muitas famílias passam ao enfrentar um tipo de atitude como essa: não fazem nada e acreditam que seja algo “do momento”. O fim? Dinheiro venceu, McCoy colocou quem queria no poder e, provavelmente, assinou o atestado da ruína dos Dillon Panthers daqui para frente.

 

Breve desfecho de Jason Street

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Uma pena foi ver a despedida de Jason Street se dar tão brevemente e de maneira descuidada. De lado na maioria dos episódios, o personagem volta somente no 3×08 (New York, New York), quando vai tentar a sorte na cidade grande para quem sabe dar um futuro digno para seu filho e o amor de sua vida (tá que eu ainda não sei quem é essa garota na fila do pão, muito menos quando ela virou o amor da vida dele… mas superei!).

Claro que um personagem tão grande como Street merecia um desfecho maior, mas seus momentos finais, quase que silenciosos em sua maioria, foram muito bonitos. A despedida com Lyla, mulher que esteve ao seu lado nos piores momentos, e o breve adeus a Riggins, seu melhor amigo, são cenas que dificilmente eu esquecerei. Até breve Six.

 

O reencontro de Lyla e Riggins

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Depois de se reencontrar na segunda temporada, Lyla se entregou a quem era seu amor de verdade – afinal, quem ligava para o carinha da rádio de Deus? Esse conturbado relacionamento chega em um momento decisivo da vida dos jovens, que estão prestes a ver suas rotinas completamente mudadas com a entrada na universidade. Aqui, consigo ver a importância que essa relação tem para Riggins e seu momento: sem dúvida, se não fosse pelo incentivo (quase que empurrão mesmo) da namorada, o tailback ia se contentar com uma vida qualquer jogado no sofá de casa, desde que tivesse uma cerveja do lado.

E, apesar de incentivar o namorado, Lyla teve seus maus bocados nesse terceiro ano. Viu seu pai chegar ao fundo do poço e perder todo o dinheiro que tinha guardado para a sua universidade, praticamente tendo que abrir mão de um sonho. Pelo menos nisso, o escroto do Garrity consertou as coisas e fez com que a filha tivesse o futuro que merecia – mesmo que isso tenha significado um breve rompimento nos planos que tinha com Tim. Aqui, vale também destacar a conversa entre os irmãos Riggins, no último episódio, quando o mais velho apela que Tim não desista da faculdade, para assim quebrar o ciclo vicioso que a família nunca conseguiu romper. Bonito mesmo, além de deixar um tom de imprevisibilidade para o futuro do personagem, que tem uma bela tendência a se auto-sabotar.

 

Tyra e a mudança insperada do esperado

Two years ago, I was afraid of wanting anything. I figured wanting would lead to trying and trying would lead to failure. But now I find I can’t stop wanting.

I want to fly somewhere first class.
I want to travel to Europe on a business trip.
I want to get invited to the White House.
I want to learn about the world.
I want to surprise myself.
I want to be important.
I want to be the best person I can be.
I want to define myself instead of having others define me.
I want to win and have people be happy for me.
I want to lose and get over it.
I want to not be afraid of the unknown.
I want to grow up and be generous and big hearted, the way people have been with me.

I want an interesting and surprising life.

It’s not that I think I’m going to get all these things, I just want the possibility of getting them.

College represents possibility. The possibility that things are going to change.

I can’t wait.

Esse foi um dos quotes mais lindos dessa temporada. A representação da possibilidade de mudança foi o agente motivador de tudo na vida de Tyra e ver ela colocando isso em palavras comoveu fundo.

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A evolução da personagem é monstruosa. Da desajustada a esforçada, Tyra teve um longo caminho de retaliação e precisou lidar com coisas que um jovem não deveria viver. Mas conseguiu, superou. Realizou o sonho que todos não esperavam que conseguisse. E aqui boto um pouco da minha aposta para o futuro: talvez Tyra seja a representação da virada positiva na vida, quando as coisas realmente acontecem – deixando a representação oposta para Riggins, o que é muito provável.

Não gosto desse relacionamento dela com Landry por achar que não existe nada ali além de consideração e afeto, mas é inegável a participação que ele tem nesse novo momento da vida dela e, por isso, temos que agradecer.

 

A reinvenção de Saracen e seu recomeço amoroso

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Quando eu falo que não existe um personagem mais real que Saracen, tem gente que não acredita. Desafiado desde o começo da sua carreira no futebol americano, o personagem teve que ver seu posto sendo dado para um novato arrogante que pouco entendia de liderança e espírito de equipe. Foi um momento bastante duro para ele.

Só que sua resiliência não deixou que o momento fosse um ponto final na sua carreira. Acostumado com os treinos da equipe e a convivência em campo, o jogador se dispôs a aprender as técnicas de uma nova posição e comprovou para o coach que ele nunca esteve errado em suas apostas. Agora me digam, bom mesmo foi vê-lo como quaterback no jogo final, só para dar aquela sambada na cara do McCoy e mostrar que os Panthers ainda respondem a ele.

No campo afetivo, sua vida não fora menos conturbada. A chegada de sua mãe traz uma nova cor para a palavra família, que variava em tons de cinza até então. Uma personagem interessante e que serviu para apontar problemas que gritavam na cara de um jovem que não sabia como os resolver. Sua avó piorou muito em condição mental e precisava de cuidados que ele jamais poderia dar – por isso, não concordo com a atitude dele de voltar ela para casa, mas compreendo o motivo maior (ela ser a única a nunca o ter abandonado). Além disso, seu relacionamento com Julie voltou, mas logo já entra em uma estrada tortuosa com a possibilidade dele se mudar para Chicago durante a universidade. Muita coisa no caminho do nosso menino Matt, mas estamos aqui com você campeão.

 

O marido da diretora

Tami virou diretora da escola onde o marido treinava o time – como que isso poderia não dar confusão matrimoniais?

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O que eu gosto muito no casal é a cumplicidade que existe entre eles só com os olhares. É uma parceria tão bonita, que não tem como não comprar aquela verdade. Vejam o momento em que Tami está animada para comprar uma nova casa e Eric fala que não pode. A intimidade que existe ali ultrapassa qualquer barreira e a gente acredita que se eles estiverem juntos, tudo é possível.

Um dos pontos altos do casal é em uma cena que, em meio a uma discussão, Eric pede que Tami seja a mulher do treinador, fazendo com que ela rebata, se mostrando ansiosa para conhecer o marido da diretora. E silêncio. Eles são verdade gente. Fico impressionado e só quero o bem dos dois. E a vida deles começa a ganhar contornos diferentes com a inesperada (?) demissão de Eric e seu possível recomeço em um novo cenário, na tal outra escola do distrito.

Quero mais é que ele ganhe tudo e atropele o babaca do McCoy.

 

Alguns pontos finais, alguns recomeços

Para quem não sabe, a terceira temporada fecha um ciclo dentro da série. Neste ano, a série foi cancelada pela NBC e resgatada pela DirecTV, com parte do seu elenco completamente renovado. A partir daqui, continuam somente a família Taylor, Matt Saracen e Tim Riggins.

Considerando isso, achei interessante a maneira quase que orgânica que a série dá os “desfechos” dos personagens. Foi uma maneira de demonstrar que a vida foi continuando e que, de alguma maneira, aquelas pessoas estariam ali de volta em algum momento. Lyla e Tyra indo para a faculdade, Street com o vislumbre de uma nova vida e até os Panthers ganhando um novo técnico. Tudo ganhando os cursos que precisava e fazendo verdade uma das frases mais emblemáticas de Tami nesse terceiro ano:

Você irá e vai ganhar o jogo. Ou irá perder. De qualquer maneira, o sol irá nascer amanhã

 


Assim como a vida em Dillon, nossa maratona também continua. Nos encontramos em duas semanas para comentar a quarta temporada que promete um novo ambiente, novos personagens e os próximos passos dos remanescentes. Até dia 24 de novembro!


Leandro Lemella

Caiçara, viciado em cultura pop e uns papo bobo. No mundo das séries, vai do fútil ao complicado, passando por comédias com risada de fundo e dramas heroicos mal compreendidos.

Santos/SP

Série Favorita: Arrow

Não assiste de jeito nenhum: The Walking Dead

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