Ana Paula: O que você viu, Jacquin?
Jacquin: Os cozinheiros cozinhando.

Não apenas isso, Jacquin. Vimos também provas bem esquecíveis e uma eliminação que bem poderia ser trocada por muitas outras nesse ponto do Masterchef Brasil. Depois do episódio da semana passada que foi pura tensão, dificilmente as expectativas seriam superadas. E o pior de tudo: depois de mais de três meses do início do programa, só agora estamos chegando ao top 10. Então vamos seguir em frente porque ainda tem muita coisa para acontecer – pelas minhas contas, uns oito ou nove episódios.

Mal começa o episódio e elas já estão lá, esperando as próximas vítimas do massacre. A caixa misteriosa é sempre um desafio e o dessa vez foi uma bela porção de lulas. Geralmente, quem muito comemora acaba quebrando a cara – e talvez essa tenha sido a única surpresinha do episódio. Raquel e Leonardo estavam felizes com o ingrediente proposto para ser estrela do prato e mostraram o seu melhor: ela se inspirou em um chef francês para fazer um ousado espaguete de lula à bolonhesa; ele apresentou algo mais conceitual e ganhou os jurados pelo sabor. Para compor o bonde do mezanino, Aluísio em um dia bom conseguiu acertar com um prato bem feioso, porém autoral e de qualidade.

As lulas representaram bem seu papel e lutaram até o último segundo. Teve gente que empratou com dor e sofrimento, literalmente. Foi mais um capítulo de tremedeira excessiva e indecisão. Na escolha dos piores, confesso que comemorei. Deixando de lado por um momento a ética da escrita e a imparcialidade, foi bem feito o Pedro estar ali. Ele é muito soberbo, não aceita comentários dos chefs e ainda fica agorando seus competidores. Resultado: o mundo deu voltas e ele conseguiu apresentar uma coisinha rosa sem sabor algum, muito ácido e com a lula mal cozida.

Lee parecia abatido e cozinhou sem um pingo de energia. Que me perdoe quem tem estômago fraco, mas o prato dele me parecia uma porção de pequenos cérebros. O arroz foi cozido de forma errada e foi um desastre completo. Já Paula não estava conectada e deixou sua criatividade levá-la a caminhos perigosos. Numa tentativa de terminar o cozimento da lula com o molho, ela acabou entregando um prato cru. Ter um dos chefs questionando se deveria experimentar seu trabalho, nessa altura do campeonato, é de sentar e chorar mesmo.

Quem disse que a Band não está antenada nas novidades da semana? Aproveitando o embalo da chegada das temporadas clássicas de Gilmore Girls na Netflix, a prova de eliminação foi uma grande homenagem: café. Mas, cá entre nós, acho que a Lorelai e a Rory ficariam bastante decepcionadas com o que foi apresentado. Uma bela maratona de derrapadas na graxa. Os cozinheiros não souberam aproveitar o café de forma inteligente nos pratos e apresentaram receitas de um nível péssimo.

Não foi a toa que apenas uma pessoa se destacou. Bruna fechou a porta na cara de quem a rotula como apenas confeiteira e fez um belo prato de carne regada a uma mistura de café e conhaque. Ela não apenas foi elogiada, como foi elogiadíssima. Ouvir que sua criação parece comida de bistrô, pertencente à alta gastronomia não é para qualquer um. E em um ponto da competição em que se elegem os 10 melhores, é uma baita conquista.

Em determinado momento do episódio, Fernando disse que cada erro é uma oportunidade a mais para os competidores. Mas até que ponto esse erro pode ser benéfico? A eliminação dessa semana provou, mais uma vez, que de nada adianta ir bem durante todo o programa se num momento crucial o cozinheiro se perde na receita. Thaiana era querida entre os companheiros, principalmente nas provas de equipe. Ela sabe trabalhar em conjunto e é sempre centrada, raras foram as vezes que ela levou bronca. Foi com um prato que mais parecia um brejo (como disse Jacquin, “só falta o sapo pra pular”) que ela foi forçada a dar adeus ao programa. Justo durante aquela disputa, embora ela merecesse continuar por mais um tempo. Mas é aquele ditado, vamos fazer o que.

Paula sempre reclamou de não conseguir uma vaga no mezanino. Ela sempre ficou entre os pratos medianos, aprendeu a se contentar com pouco – só de não estar entre os dois piores já era motivo para festa. O maior problema dela talvez seja o excesso de confiança. Sabe aquela velha história de que quem conta vantagem demais se dá mal? Por outro lado, ela é o tipo de competidora que merece a oportunidade de um Masterchef da vida. Ela se arrisca, apesar de nem sempre conseguir êxito. Dessa vez, ela se salvou por pouco, mas a teimosia custou bem caro. Não contente em errar uma vez com o arroz de café, ela vai e erra novamente. É ou não é pedir para deslizar na graxa? Parece que a vingança que ela tanto pediu virou conta a vingadora.

Ademais, essa prova merece cair nas graças do esquecimento. É o melhor para todos, com exceção de Bruna. Só alguns comentários aleatórios para finalizar. Fogaça tocou na ferida e deixou no ar aquela pergunta: será mesmo que o repertório do Lee acabou e ela já mostrou todo o potencial que tinha? Ele vai conseguir se destacar novamente ou ficará estagnado? Com a volta de Fernando, ele perdeu o posto de alívio cômico e só foi decaindo. Outro que não parece nada bem é Fábio. Ele estava especialmente estranho nesse episódio. Alguém mais sentiu uma vibe desnorteada nele?

Algumas observações:

– “Qual dos dois Fernandos está cozinhando?” Não sei, mas ele me fez gargalhar várias vezes – principalmente na hora do tombo.

– Um minuto de silêncio, todo mundo imaginando aqui comigo: Fábio narrando uma bela história de superação em um audiobook. É só o que consigo pensar quando ele dá depoimentos.

– “Cozinhar uma coisa que tem gosto de nada, no final tem gosto de nada” que fique de lição para todos.

– “Se minha avó tivesse quatro rodas ela seria um jeep” Fernando preparando o currículo para sair do Masterchef direto para o Zorra Total.

– Você se sacrifica para vencer a prova da caixa misteriosa e o que ganha em troca? Tem que acordar cedo mais um dia para ir gravar comercial da Dolce Gusto.

– Será que o Leo deu aquelas gargalhadas de Malévola por dentro quando viu os três piores da primeira prova?

– “Eu to só esperando a mandioca voadora que vem hoje” Bruna tem as melhores expressões, né?

– A dona Band já avisou: a partir de semana que vem teremos Masterchef em dose dupla, nas terças e quartas. Alegre-se, amiguinho, mais um dia na semana para você acordar quebrado de sono.

Vamos abrir uma enquete aqui. Você:
a) vai assistir com certeza porque, quanto mais Masterchef, melhor
b) não sabe se vai conseguir ver o programa duas vezes por semana, uma já era suficiente
c) acha que a Band deu um tiro no pé e não vai dar se dar ao trabalho de perder o futebol ou mais uma noite de sono

Gostou do episódio de Masterchef Brasil? Contente com a eliminação? E qual sua opinião sobre a “novidade” de dois programas por semana? Vem comentar com a gente!