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Mozart In The Jungle

Por: em 17 de agosto de 2016

Mozart In The Jungle

Por: em

Spoiler Alert!

Este texto contém spoilers leves,

nada que estrague a série ou a sua experiência.

O abrir das cortinas que precede um espetáculo é sempre lindo, tocante e emocionante, não somente para os amantes de música clássica. Contudo, existe aquele questionamento de como seria o clima dos bastidores, o processo de preparação para alcançar o objetivo da perfeição orquestral, o relacionamento entre os seus integrantes, enfim. Mozart In The Jungle se dispõe a responder algumas destas questões de modo leve, cômico sem fugir do drama, mas, a série está longe de se resumir a esta prévia definição. É um dos frutos dos recentemente populares serviços de streaming, produzida pela Picrow para a Amazon Studios, a mesma responsável por Transparent, possui duas temporadas totalizando 20 episódios curtos de 30 minutos cada.

Gostosa de acompanhar, uma das melhores qualidades da série é justamente não se limitar ao público erudito, fala a linguagem popular com gosto. O maior símbolo desta informalidade é o recém chegado, e consideravelmente jovem, maestro Rodrigo de Souza (Gael García Bernal), venezuelano, talentoso, jovial e moderno, substitui de maneira literal o antigo regente, uma figura que representava o antigo, conservador e menos rentável. Liberal até demais, De Souza dá de fato novos ares a Filarmônica de New York, seus integrantes e patrocinadores, ora em momentos de loucuras e insanidades de uma personalidade livre e intrigante, ora em momentos de pura e completa genialidade para com a orquestra.

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Outro enfoque interessante da série é na jovem Hailey Rutledge (Lola Kirke), talentosa jovem tentando a sorte em New York que se sustenta dando aulas para crianças e tocando em trilhas sonoras teatrais com o seu Oboé, enquanto corre atrás do seu objetivo de vida – ser boa o suficiente para tocar junto com os grandes músicos na (de longe vista) imponente orchestra. Carismática, já fica fácil se criar um laço de empatia pela personagem ainda nos primeiros episódios, acompanhando a maneira inconvencional com que ela consegue realizar seu sonho, se tornando a assistente pessoal de Rodrigo e tendo que corresponder a sua imaturidade e manias esquisitas.

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A série também se propõe a discutir assuntos mais sérios, como por exemplo, a representação sindical e luta dos músicos pelos seus direitos trabalhistas, afinal, a filarmônica pode ser considerada uma empresa que tem os músicos como colaboradores, além da alarmante queda dos montantes doados pelos patrocinadores, visto que os concertos não são mais nem tão populares ou rentáveis como outrora.

As rivalidades e brigas entre os músicos é algo engraçado e intimidante de se ver, a menina Hailey sofre em seus primeiros dias, a coitada não demonstra um bom desempenho em seu processo de adaptação e as represálias são bem duras, daquelas que fazem a gente correr e nunca mais voltar ao lugar, até provar o seu valor e talento a jovem oboísta segue uma saga sofrida de dar dó. Mas, o destaque da série é mesmo em Rodrigo, o maestro rouba a cena em atuações tão exageradas que chegam a ser inacreditavelmente caricatas, contudo, acredito que o objetivo seja este mesmo, dar vida a um personagem absurdo e mesmo assim crível, aliás, Hailey e Rodrigo – meu ship, ninguém sai.

Mozart-In-Jungle-Orquestra

Apesar de ser baseada na obra da oboísta Blair Tindall ”Mozart in the Jungle: Sex, Drugs and Classical Music”, a série não é nem de longe tão pesada quanto sugere seu título e/ou o livro. Se resumindo a um relato moderno sobre algo que já existe faz séculos, mostrando os bastidores e relacionamentos entre os seus integrantes, basicamente o universo por trás das cortinas. Eu mesma, como mera aprendiz do instrumento de sopro mais demoníaco já criado pelo homem: o Clarinete, demonstrei em primeiro momento um interesse acadêmico pela série, achando que o enfoque seria mais instrumental e orquestral, mas descobrir ela transcende o estereótipo foi surpreendente e prazeroso.

E é por essas e outras que Mozart In The Jungle vale cada minuto!!


Ana Rebeca Tamandaré

Jovem bahiana simpática e gente boa que curte um bom número de séries e por este motivo tem a audácia de escrever suas opiniões positivas e negativas sobre elas.

Itamaraju/BA

Série Favorita: How i Met Your Mother/Friends

Não assiste de jeito nenhum: The Vampire Diaries

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