Se nos episódios anteriores, a temporada dava sinais de que estava chegando ao ápice, Deutschland 93 veio para explodir de vez as pequenas bombas de pólvora colocadas aqui e ali em todas as tramas e tirar Pablo Escobar de sua razão de uma vez por todas. Uma coisa é mexer com ele e com seus homens; outra coisa, com sua família. Sua mãe. Sua mulher e seus filhos. Mas vamos por partes.
Era esperado que depois de ver o que a guerra civil entre Pablo e Los Pepes estava causando aos cidadãos de Medelin, Javi começasse a repensar suas escolhas e deixasse de colaborar com o ajambrado formado por Judy, Cali e os Castaño. Foi bastante ingênuo, contudo, da parte dele acreditar que conseguiria sair facilmente dessa história toda. Javi está metido até o pescoço com eles, mesmo que indiretamente, e não vai conseguir sair de tudo isso ileso, ainda mais com apenas um “eu tô fora.”
Não entregar Duque para os Pepes e tentar tirá-lo do país foi uma medida arriscada, mas uma última tentativa de salvar não apenas o advogado, mas também a si mesmo e sua consciência; de evitar mais uma morte em seus ombros e mais sangue em suas mãos. Javier entrou no jogo por estar abalado com a morte de Carrilo, sem pensar muito bem e provavelmente sem ter dimensão do quão perigoso era o jogo que começou a jogar. Agora, com um “aviso prévio” e com a traição descoberta, as coisas certamente se complicarão para Peña, que pode ser morto por qualquer um dos lados.
Ainda no campo das jogadas esperadas, os acontecimentos do episódio anterior fizeram Pablo finalmente entender que aquele não era um lugar para sua família e, com a ajuda de um Fernando Duque também preocupado com os seus, abriu mão de estar perto deles para tentar salvá-los. Foi perturbador ver Gavieira, Messina e cia se recusando a deixar Tata e os outros saírem do país e segurança, apenas para usá-los como moeda de troca na guerra contra Pablo, sabendo o risco de vida que eles corriam por simplesmente estarem ali. Politicamente, eles acreditam que estavam fazendo a coisa certa. Mas humanamente? Se acontecesse de algum deles morrer nas mãos dos Castaño, provavelmente Gavieira e Murphy terão dificuldades para dormir a noite.
Bom, algum peso eles já terão que carregar em seus ombros. A jogada de Murphy para impedir que a família Escobar conseguisse entrar na Alemanha pode até ter funcionado e feito com que eles retornassem de mãos vazias e com muito mais medo, agora que estão sob custódia da polícia federal, mas fez com que Pablo deixasse de lado a diplomacia que tentou usar por algumas horas e partir para o ataque.
O telefonema falando que agora quer sangue e a bomba soltada são as provas de que toda a estratégia de usar sua família como moeda de troca acabou surgindo o exato efeito oposto do que Gavieira esperava: Ao invés de dar a Pablo uma motivação para negociar e talvez se entregar, deu a ele o ódio como combustível necessário para jogar tudo pros ares e levar a guerra a um novo nível. A partir de agora, vai ser tiro, porrada e bomba. Literalmente.
Outras observações:
– Perturbadora a cena de Javi encontrando o corpo de Duque e de seu filho.
– E esse mal estar súbito de Pablo, o que é que vai sair disso?
– O mais horrível de tudo isso é ver a quantidade de pessoas inocentes machucadas e mortas nessa guerra sem fim. A cena final do episódio, do pai, procurando desesperado sua filha após a explosão da bomba e encontrando apenas um tênis ensanguentado , é de cortar o coração de qualquer um e derrubar total o ânimo pro domingo.
