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Nashville – 5×03 Let’s Put It Back Together Again

Por: em 18 de janeiro de 2017

Nashville – 5×03 Let’s Put It Back Together Again

Por: em

On  My Way, a música cuja composição encerra o episódio, é bastante significativa dessa Nashville 2.0 da CMT. Primeiro, porque ela parece, à primeira audição, tão boa quanto os grandes hinões da primeira e da segunda temporda. (Um beijo para Wrong SongA Life That’s Good Buried Under, saudades de vocês). Segundo porque sua letra é bastante sugestiva: Juliette (e a série) estão “no caminho” de algo novo, mas que de alguma maneira ainda é o que ela (e nós) estava acostumada. Let’s Put It Back Together Again soou, do meu ponto de vista, como uma espécie de ‘encerramento’ da premiere dupla de semana passada. Nós entendemos o “porquê” dos novos caminhos nos dois primeiros episódios (Rayna e o reencontro com a música, Juliette e a queda, etc etc), e o 3º episódio da nova fase parece vir dizer o “como”. E então, como serão esses novos caminhos?

Parece que teremos que descobrir. Esse episódio mostrou uma coisa que os anteriores não tinham deixado claro: é a mesma série de sempre. Aliás, fazia tempo que Nashville não era tão Nashville quanto foi nesse episódio. A conclusão é a de que teremos um ritmo novo, menos novelesco e mais sutil (como eu pontuei bastante na última review), mas ainda estamos diante do mesmo family & music drama que a ABC nos vendeu lá em 2012. Exemplo disso: momentos de silêncio muito longos, ou sequências praticamente irrelevantes como a que Maddie pergunta a Daphne se ela está agindo como uma bitch, essas coisinhas que dão uma camada de sutileza na série, mas que nunca aconteceriam no horário nobre da TV aberta. Por outro lado, os dois principais conflitos do episódio – a crise de Juliette e a “pubescência” de Maddie – foram ambos resolvidos com o bom e velho dialogão de novela do Maneco, com direito a muitas lágrimas, pequenos monólogos de autodepreciação e bastante abraços e votos de amor. É reconfortante saber que ainda estamos falando de Nashville aqui.

Outro motivo pela qual considero esse episódio uma continuação da premiere é de que ele introduziu em definitivo os nossos novos personagens rotativos. Na minha visão, Nashville (intencionalmente ou não) tem uma estrutura bastante peculiar na qual a vida dos personagens principais (ou, se você quiser ser um pouco pragmático demais, do elenco fixo) é constantemente virada do avesso pela aparição de personagens recorrentes. Como eles estão em um constante processo de entrada e saída (ou, na linha do pragmatismo, contratação e encerramento de contrato), eu os chamo carinhosamente de personagens rotativos. Alguns deles duram pouquíssimo (a garota amiga da Maddie da temporada passada que não faço questão de lembrar o nome), outros têm uma vida mais longa (um beijo pro Luke Wheeler e pra Layla Grant, RIP) e outros até fazem o corte e se integram ao elenco fixo (oi Will!). Tive minhas dúvidas de que essa temporada, cujo primeiro episódio tinha um ar intimista que não combinava com esse tipo de coisa, fosse ser premiada com essas gracinhas, mas o episódio de hoje serviu para provar que sim. Até porque a série tem 20 episódios e a Candance chorando gratuitamente não me parece um bom filler.

Tivemos quatro adições ao mundo da série, e só uma delas parece descartável. Estou falando de Ashley, interpretada pela foférrima da Bridgit Mendler – a melhor cantatriz ex-Disney não reconhecida de todos os tempos -, cuja trama de completa bitchness ao redor da produção do próprio álbum parece pouco interessante, ainda que tratada com bastante destaque pelo episódio. Sinto que ela serve mais de contrapeso à narrativa de Maddie (já chegaremos lá) e não vai ganhar muito brilho próprio, não por ora (mas poderíamos dizer o mesmo de Lalyla lá na 2 temporada, não é mesmo?). Porém, Maddie ganhou um crush pra chamar de seu, e ESSE plot me parce muito mais interessante – eu até apostaria que Ashley e o crush vão se cruzar antes que percebamos. Depois do pequeno desastre narrativo que foi o relacionamento com Colt, a presença de Clay (Joseph David-Jones), um personagem curiosamente malemolente, num momento em que a série está em risco de se enquadradar, faz uma bela diferença. Outro que acabou de chegar mas já está causando uma impressão, é Randall (Jordan Woods-Robinson), que já nos havia sido rapidamente apresentado, e agora ganhou camadas e se tornou o melhor social media genius/super-fã de Rayna/cleptomaníaco feat. stalker bizarro que já tivemos até agora. Todas essas características dão pano para muita manga, e o personagem, que em nenhum momento foi subestimado por Rayna nas suas habilidades, pode ter sim um papel muito importante, se não se tornar uma espécie de vilão secundário de primeiro naipe.

A última adição, e talvez a mais importante, foi a de Hallie (Rhiannon Ghiddens), a anja que salvou Juliette da morte. Ainda que sua trama também tenha girado exclusivamente ao redor de Juliette – basicamente, pra provar que a superstar é o ERRO em forma de gente, sempre, e criar o clima pro chororô do fim do episódio -, os sinais de que a história dela vai continuar e de que ela vai dar uma passadinha na Music City são gritantes. O resumo da ópera é: tivemos Maddie e Juliette no centro das atenções quase o episódio inteiro, e ambas as tramas foram motivadas por esses novos personagens. Enquanto Maddie vê sua carreira começar como, bem, a de qualquer ser humano, e ter que se adequar ao sapo engolido nosso de cada dia, Juliette deixa sua carreira de lado e entra em mais uma crise de identidade, a mais séria e complexa de todas. Porém, até agora tudo bem.

O fato de conhecermos os novos personagens tomou muito tempo do episódio, mas o interesse majoritário em Maddie e Juju deixou o resto do elenco sem muito o que fazer. Até Rayna ficou em função de Maddie, Deacon e do novo xoxo media cleptomaníaco que Bucky arranjou pra ela. Os Exes e Will ficaram de ladérrimo, apareceram no episódio só pra justificar o salário de elenco principal. Mas algo me diz que todos terão tramas boas para chamar de suas quando o quarto episódio bater na porta. Agora vamos rever a performance desse musicão, que deve ser exaltado até que surja um outro melhor:

Bônus Isn’t It Ironic: quando Ashley entra no estúdio, Maddie pergunta, com desprezo, se ela não é “aquela do YouTube”. Eu ri bastante, porque a Lennon Stella, que interpreta a Maddie, começou a carreira fazendo vídeo no YouTube com a irmã Maisy (a Daphne), inclusive onde foi descoberta pelos produtores da série. Mundo pequeno. Porém rindo.

Bônus Amnésia: Tivemos, nos dois primeiros episódios, a graça de conhecer Zach, o tech-guru/semideus do Vale do Silício/fã da Rayna, que também potencialmente entraria nos personagens rotativos. Porém o sumiço dele nesse episódio pode ser sinal de alguma traminha secreta. As flores do final do episódio ficaram sem explicação nenhuma.

Bônus Spray Tan: quero o número da clínica que tá fazendo o bronzeado da Maddie/Lennon na minha mesa pra ontem.


Gustavo Soares

Estudante de Cinema, fanboy de televisão, apaixonado por realities musicais, novelões cheios de diálogos e planos sequência. Filho ilegítimo da família Carter-Knowles

São Paulo - SP

Série Favorita: Glee

Não assiste de jeito nenhum: The Big Bang Theory

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