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O desserviço do revival de Arrested Development

Por: em 20 de novembro de 2016

O desserviço do revival de Arrested Development

Por: em

Spoiler Alert!

Este texto contém spoilers leves,

nada que estrague a série ou a sua experiência.

”Agora a história de uma família rica que perdeu tudo, e do filho que não teve escolha a não ser manter todos unidos. É Arrested Development”.

Com um enredo e trama que fogem do conveniente e confortável, Arrested Development fez sucesso com a crítica especializada e seu pequeno público durante os seus anos originais de exibição, entre 2003 e 2006 na FOX, se caracterizando com uma comédia ágil, inteligente e meio que inacreditável, que se destacou pela ousadia e um formato meio que inexplorado, na época, contando com um narrador bastante participativo no desenvolvimento das histórias. As três temporadas que antecederam o seu cancelamento abrupto são compostas por muita comédia em um roteiro bastante simples, que, retrata a história da rica família Bluth que assiste o seu mundo de ostentação e futilidade desmoronar quando o patriarca é preso por sonegar impostos da própria empresa de construção.

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A história tem o seu pontapé quando Michael Bluth (Jason Bateman), pai viúvo e filho mais responsável, toma para si o encargo nada fácil de manter a companhia do pai funcionando e rentável em meio a crise, tarefa esta que não se compara ao serviço de tutelar sua própria família, que é composta por inacreditáveis sem noções que lutam para sobreviver mantendo o mesmo estilo de vida que tinham quando ricos e sustentados pelo pai. Além de Michael, a família Bluth é composta por:

  • Seu filho George-Michael Bluth (Michael Cera), adolescente tímido e de bom coração que possui uma forte ligação com o pai, é bastante influenciável e tem uma queda pela própria prima;
  • Seu irmão mais velho George Oscar Bluth ”G.O.B” (Will Arnett), mágico de meia idade que não sabe fazer nada da vida, invejoso e carente pela atenção e aprovação do pai;
  • Sua irmã gêmea Lindsay Bluth Fünke (Portia de Rossi), bonita e fútil, sem propósito na vida, vive em pé de guerra com a mãe;
  • Seu irmão mais novo Byron ”Buster” Bluth (Tony Hale) homem formado e infantil, arqueólogo desastrado, sem autonomia e opinião próprias, vive na barra da saia da mãe;
  • Seu cunhado Tobias Fünke (David Cross), médico que perdeu sua licença e se redescobriu como um (péssimo) aspirante a ator;
  • Sua sobrinha Mae ”Maeby” Fünke (Alia Shawkat), adolescente inconsequente e carente, constantemente ignorada pelos relapsos pais, Tobias e Lindsay, a mesma faz de tudo para chamar a atenção dos mesmos;
  • Sua mãe Lucille Bluth (Jessica Walter) senhora que tem um problema sério (e engraçadíssimo) com bebidas alcoólicas, segue tentando manter o mesmo tipo de vida que tinha quando rica;
  • E, por fim, o seu pai George Bluth Sr. (Jeffrey Tambor), o detido patriarca da família Bluth.

Com um elenco e desenvolvimento fenomenais, o cancelamento de Arrested Development foi encarado com choque, deixando os fãs órfãos desta família desfuncional, composta por personagens doidos e inconsequentes, ao longo da sua existência a série cumpriu o seu propósito de entreter e fazer rir. Contudo, uma boa história não salva ninguém não é mesmo!?, os números da audiência não eram expressivos, e a série, como o modo de vida ostentador da família Bluth, foi bruscamente interrompida.

Mas, os revivais existem para dar vida novamente a obras de sucesso canceladas ou finalizadas já há algum tempo, se caracterizando como uma oportunidade para relembrar a história, em alguns casos um revival pode ser a oportunidade de dar um fim decente e definitivo a uma série abruptamente paralisada, em outros é um reviver real de um show que teve o seu fechamento bonitinho e certinho, mas que deixou saudades, e um exemplo perfeito para isso é a euforia causada pela volta da maravilhosa Gilmore Girls pela Netflix.

Você já deve ter notado o número impressionante de séries que estão voltando em forma de revivais, o motivo para esta alta incidência é bem simples: é rentável para todos. É vantajoso para quem produz, que vê no ressuscitar do projeto bem sucedido no passado uma oportunidade de real lucro e audiência pela legião fiel de fãs, para o elenco, que ganha publicidade por interpretar novamente personagens, na maioria das vezes, marcantes em suas carreiras, e por fim, para nós mesmos, o público, que goza da oportunidade de experimentar novamente toda a emoção vivida com o show a anos atrás.

Então, o mesmo aconteceu com Arrested Development, no ano de 2013, uma década após o seu ano de estreia, a mesma foi ressuscitada pelo mesmo serviço de streaming com a promessa de em 15 episódios retratar o futuro da família Bluth alguns anos após os eventos do episódio final que conhecíamos. Os fãs (eu mesma) ficaram bastante animados com este inesperado investimento feito pela Netflix, entusiasmados com a oportunidade de rever as tramas e personagens marcantes que nos fizeram rolar de rir, agora, com o mesmo elenco, mais maduro e num cenário mais atual, era uma verdadeira mina de possibilidades.

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Arrested Development de fato voltou, em seus 15 episódios extras estava visível a agilidade e astúcia características da série, contudo, a experiência não deixou um saldo legal (para mim, friso), é claro que estava tudo lá, os personagens, as hilárias piadas recorrentes, novas tramas tão insanas quanto há 10 anos atrás, contudo, a impressão é que tudo estava superficial demais; os personagens tomaram rumos imprevisíveis e duvidosos até para o show, mudou-se o cerne das das relações familiares e os laços mais fortes foram quebrados.

Nos foi apresentado 15 episódios de pura confusão, com uma trama aparentemente conjunta, que ia e voltava a todo momento intuída de explicar a inserção (forçada) de tal personagem naquele cenário. São raras as cenas em que os personagens de fato interagem e atuam juntos, mas isso é compreensível, dá um trabalhão juntar todo mundo assim do nada, cada episódio se tornou focado em um personagem e, como alguns foram totalmente descaracterizados, acompanhar um ou outro se tornou uma tarefa bem chata, sem contar a forçação de barra com as piadas recorrentes, soltas em momentos não cabíveis, características estas que deixaram tudo bem confuso.

Mas fiz meu dever de casa, como a recomendação do próprio autor, não assisti tudo de uma vez na tentativa de que com um espaço de tempo maior entre um episódio e outro a trama viesse a fazer sentido, mas não teve jeito. Não me entendam mal, o revival de Arrested Developement não foi de todo ruim, estava tudo lá, as loucuras e absurdos, sua volta foi de fato elogiada pela crítica e agradou muitos dos seus fãs, só que para mim não deu e serviu de lição para não mexer no que está quieto, o que caracteriza o seu revival em um real desserviço a série.


Ana Rebeca Tamandaré

Jovem bahiana simpática e gente boa que curte um bom número de séries e por este motivo tem a audácia de escrever suas opiniões positivas e negativas sobre elas.

Itamaraju/BA

Série Favorita: How i Met Your Mother/Friends

Não assiste de jeito nenhum: The Vampire Diaries

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