Aquele em que dizemos adeus

Pra quem não sabe, o Apaixonados por Séries existe há quase dez anos. Eu e Camila…

O que esperar de 2018

Antes de mais nada, um feliz ano novo para você. Que 2018 tenha um roteiro muito…

O Hipnotizador

Por: em 25 de agosto de 2015

O Hipnotizador

Por: em

No último domingo, dia 23, a HBO estreou sua primeira série bilíngue, O Hipnotizador. Filmada em Montevidéu, Uruguai, a série conta a história do enigmático Arenas, interpretado pelo ator argentino Leonardo Sbaraglia (indicado ao Emmy por Epitáfio), mais conhecido como o Hipnotizador. Visualmente impressionante, a produção assinada pela brasileira RT/Features (Tim Maia – O Filme), é capaz de nos prender a atenção a partir da sua abertura. Detalhista na medida, somos transportados para uma cidade aparentemente sem nome nem época exata. Se o figurino nos remete a uma época entre os anos 20 e 40 com seus chapéus, as melindrosas e o ar burlesco, isso não fica necessariamente explícito, deixando o espectador curioso – eu pelo menos – em saber de que época estamos falando. Inspirada na HQ argentina El Hipnotizador de Pablo de Santis e Juan Sáenz Vicente, a série conta com direção de Alex Gabassi (Psi).

Arenas é um homem misterioso e que, de forma irônica, tem dificuldades para dormir. Sua chegada ao Hotel Las Violetas, comandado pelo Sr. Salinero (César Troncoso), dá o start propriamente dito à história da série, apresentando outros personagens como, por exemplo, Anita (Bianca Comparato – Sessão de Terapia), a camareira do Las Violetas. Se a chegada do forasteiro gera certo frisson ao staff do hotel, as reclamações quanto ao novo hóspede insone também se fazem presente. Mas engana-se quem pensa que Arenas é o único a dominar a técnica na série, e é aí que somos apresentados a Darek (Chico Dias), psiquiatra e antagonista que se mostra avesso à prática da hipnose. Deixando claro seu passado com Arenas ao descrever este como ardiloso e perigoso, devendo ser observado de longe e surpreendido há seu tempo.

plateia-hipnotzador-salineiro-1x1

Outro cenário que compõe a série é o do Teatro Rex, casa de espetáculos onde Arenas se apresenta como showman com seu número de hipnose, dividindo o palco do local com outras atrações, como, uma cantora desafinada amante do gerente da casa de shows, um atirador de facas e uma pitonisa (mulher que prevê o futuro) um tanto quanto picareta e seu ajudante. Arenas tenta, por meio da hipnose, ajudar as pessoas a resolver traumas que permeiam o inconsciente de seus voluntários, provenientes do passado, por meio do da análise dos sonhos. A proposta de uma série procedural – típico de séries que apresentam e resolvem o problema em um mesmo episódio (um salve pra CSI e cia) – O Hipnotizador propõe que a cada capítulo seja resolvido um “caso” envolvendo um novo personagem, ao passo que os conflitos dos principais vão tomando forma e profundidade, como por exemplo, a explicação do por que Arenas parece ter medo de adormecer.

Em uma fotografia digna de aplausos, o ar sombrio e envolto em névoas remetendo o mundo dos sonhos é trabalhado o tempo todo. Seja na apresentação dos personagens, na personificação do inconsciente, na ambientação dos locais, na construção e cadência dos diálogos e também no posicionamento dos atores em frente à câmera. Confesso que em um primeiro momento os diálogos ora em espanhol, ora em português, me deixaram um pouco confuso, ao passo que depois de um tempo passei a ter a impressão de que todos falavam uma língua “própria”, sonora, latina, mas não necessariamente demarcada. A presença de atores não tão conhecidos assim por mim gerava certa expectativa do tipo, ouvirei espanhol ou português? Não que isso estrague a série – a parte em espanhol é legendada – mas talvez aos habituados a uma proposta menos conceitual, pode não agradar tanto.

sonho-o-Hipnotizador

Ainda é cedo pra descartar a série, afinal ela é tão rica em detalhes e cuidadosa em sua apresentação que senti aquele orgulho fdp ao ver atores bazucas mandando bem neste tipo inovador de produção. Adianto que os mais afoitos por uma leitura mais ágil das coisas certamente acharão a série parada, mas caso você se interesse pelo tema da psicanálise ou tenha certo conhecimento sobre o assunto, verá que as referências estão presentes o tempo todo o que torna a série sedutora por si só. Caso tenham se animado para começar a assistir, não se esqueçam de voltar aqui e dizer pra gente quais foram suas primeiras impressões.


Marcel Sampar

Paulista que puxa o erre pra falar, PHD em Análise do Drama pelas novelas mexicanas reprisadas no SBT e designer de homens palito. Com sérios problemas em se definir por aqui - sim, esta já é minha terceira tentativa em menos de um mês - mas que um dia chega lá!

Rio Preto/SP

Série Favorita: Sex and the City

Não assiste de jeito nenhum: Teen Wolf

×