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O pior e o melhor da primeira temporada de Gotham

Por: em 12 de setembro de 2015

O pior e o melhor da primeira temporada de Gotham

Por: em

Sou muito suspeita quando o assunto é Batman, pois tendo a me forçar gostar de uma história só por ser ligada ao seu universo. Assim começou minha relação com Gotham, gostei a principio. Mas, a medida que os episódios foram passando, muitas coisas começaram a incomodar. Vale ressaltar que só fui assistir à primeira temporada agora, de maratona – não quis acompanhar semanalmente -, então esse passar dos episódios aconteceu em poucos dias (não me julguem).

e-gothamGotham tinha tudo para ser uma série incrível, mas não é. A premissa é muito boa: contar as histórias dos vilões que virão a aterrorizar a cidade do Batman, antes de existir Batman. Antes de serem vilões. Nada mais maravilhoso do que forçar uma dualidade de sentimentos no público, principalmente um tão consolidado como os fãs de super-heróis. Não se nasce vilão, coisas precisam acontecer para que alguém escolha um caminho só de sombras. Existem, claro, os que são psicopatas, mas isso não invalida o que acabo de dizer. Psicopatia é uma patologia que, embora se nasça com e não tenha cura, não é sinônimo de vilania. O que quero dizer é: ser vilão é uma escolha, mesmo para psicopatas. O legal da premissa de Gotham é abordar o porquê da escolha – o que poderia levar o público a ter sentimentos conflitantes em relação aos conhecidos inimigos do Batman.

Mas não é bem o que vemos. A série ainda não achou o ritmo, está tudo muito superficial, sem densidade. Os problemas são de conhecimento geral, o que é bom, pois aumentam as chances de ocorrerem mudanças. O próprio Ben Mackenzie (Gordon) fala sobre os equívocos cometidos e se mostra esperançoso quanto ao futuro de Gotham. Para haver futuro, na minha opinião, muita coisa precisa ser repensada. Mas enquanto isso não acontece, para avaliarmos se devemos fazer como Ben e manter a esperança de dias melhores para a série, vamos ver o que tivemos de melhor e pior até agora.

Bruce Wayne

Bruce-WayneSou da categoria de pessoas que arrancam o band-aid de uma vez só. Vamos começar pelo, talvez, mais controverso problema: o pequeno Batman. Se a história é sobre a origem dos vilões, não vejo, sinceramente, motivo para o Bruce Wayne fazer parte. Já estamos cansados de saber dos probleminhas de Bruce e, pelo menos eu, não estou nem aí. Mesmo adulto ele é um saco. Quem interessa é o Batman, não Bruce Wayne. Ele criou um alter-ego, for christ sake! Isso deveria ser autoexplicativo.

Então vemos um menino de 12 anos falando como adulto, agindo como adulto, tomando decisões como adulto. Ele é interessado no futuro da empresa da família e em descobrir quem matou seus pais. Por isso ele veste seu terno e bota banca para cima dos acionistas da empresa e coleciona uma parede de informações sobre a tragédia dos pais. Super normal para uma criança. Se não fosse por uma mísera cena de uma guerra de comida entre ele e Selina (futura Mulher-Gato), não veríamos nem resquício de infância ali. E a cereja do bolo? São duas cerejas: diálogos e atuação. O menino David Mazouz se esforça, mas não é bom. É daquelas crianças afetadas que irritam. Some isso aos diálogos forçadíssimos de seu personagem e temos uma bela antipatia como resultado.

Mas, se ele precisava mesmo existir que fosse no contexto a seguir.

Papa e mama Wayne

The-WaynesNuma série que tem material para durar trocentas temporadas (oi, Smallville!), por que raios não nos apresentaram aos pais de Bruce? Se a ideia é nos fazer gostar do pequeno Batman, poderia ter sido uma boa desenvolver a história de seus pais, de sua relação com eles. Quando morressem, sentiríamos junto com Bruce e por eles.

Selina Kyle

Selina-KyleAlgumas coisas tiram minha capacidade de ser objetiva, uma delas é: fofura. Camren Bicondova é muito fofa e se parece muito com a Michelle Pfeiffer (Mulher-Gato em Batman Returns, também conhecida como a mais linda de todas <3). Por estes motivos muito justificados, adoro a personagem. Mas, sejamos racionais: ela é péssima. A interpretação de Camren é muito exagerada. Ela anda se rastejando, esfrega o rosto nas pessoas, mexe o narizinho e exige ser chamada de cat. Não sei se é uma escolha dos roteiristas para ajudar o público a reconhece-la ou o que. Se for isso, eu, enquanto público, agradeço o voto de confiança (contém ironia). A menina é boa atriz e é carismática, se tirassem o letreiro luminoso “esta é a futura Mulher-Gato”, seria uma ótima contribuição para a série.

Falando em voto de confiança…

Alerta vilão

Alerta-VilaoVocês ficam irritados quando são tratados como intelectualmente limitados? Eu fico. Por isso, Gotham me incomoda com frequência. Vejo de forma muito negativa a necessidade de enfatizar comportamentos específicos para que percebamos quem é quem na fila do pão. Harvey Dent e sua obsessão por decidir coisas na moeda? E a variação de humor: ora bonzinho, honesto em busca de justiça, ora pavio curto tomando decisões de caráter duvidoso. Sério? O Bruce ainda é criança, ou seja, Harvey está bem longe de se tornar o Duas Caras. Precisava disso? E a futura Hera Venenosa sempre aparecendo perto de plantas? Não podemos esquecer da overdose de charadas de Edward Nygma (o futuro Charada). Acho que uma legenda “Futuro vilão x” seria mais sutil.

Run plot, run

ViloesO que falei sobre os pais de Bruce, vale aqui: para que correr com a história? Já fomos apresentados a quase todos os principais vilões e só tivemos uma temporada. Suas histórias não foram bem exploradas. Dos menos significantes, não foram nada exploradas – eu diria. Não vejo a necessidade de fechar um arco em apenas um ou dois episódios. Seria viável prolongar o conflito, desenvolver o problema até haver a necessidade de um climax, para só então tudo se resolver. Do jeito que fizeram, temos conflito, climax e resolução em minutos e nada ganha a devida importância. Um ou dois vilões por temporada seria mais que suficiente. Haveria mais tempo para desenvolver as histórias e não teríamos um elenco de personagens rasos.

Mas nem tudo está perdido!

Oswald Cobblepot

PinguimO personagem do Pinguim não foge do que falei sobre o “alerta vilão”. É exagerado, caricato e tudo mais. Só que há um porém: a atuação de Robin Lord Taylor. Embora esteja mais para Denny DeVito do que para a versão dos quadrinhos, seu Pinguim é muito bem trabalhado. Ele é carismático e perverso. Faz com que acabemos por torcer por ele – até fazer algo atroz que mude nossa ideia. Falei de um porém, mas na verdade são dois. Seu personagem é um dos poucos que ganhou destaque nessa temporada. Perto dos outros, ele foi bem desenvolvido. Deu para conhecermos melhor sua trajetória e, pelo que parece, continuaremos a conhecer bem de perto.

James Gordon

Jim-Gordon♫ Californiaaaaa ♫. Desculpe, série errada. Apesar de ainda ter certa dificuldade de dissociar Ben Mckenzie do protagonista de The O.C. (Ryan), gosto do ator como o (futuro Comissário) Gordon. Ele é carismático e convence como um policial honesto. Gordon é um dos poucos, como o Pinguim, que foi bem explorado na primeira temporada. Gostei, principalmente, de vê-lo enfrentando autoridades para fazer o certo. Pois, no início, parecia que ele iria demorar a pegar no tranco. Ainda bem que, neste caso, a surpresa foi positiva!

I´m gonna make him an offer he can’t refuse

Maroni - FalconeA Mafia é um ponto alto da série. Principalmente Don Falcone e sua postura Godfather. Ele é o que imagino de um mafioso italiano: elegante, inteligente, sábio e cruel. Já Maroni é o estereótipo: exagerado, barulhento, sanguinário e pavio curto. Os dois agregam muito à trama! Espero que ainda aproveitem o personagem do Falcone nas futuras temporadas.

Edward Nygma

E-NygmaApesar de ser um dos mais caricatos da série, o futuro Charada é um personagem interessante. Ele é chato, loser e tenta fazer o bem – bom, está do lado dos mocinhos trabalhando para a polícia de Gotham. Mas com o andar da temporada, começamos a ver o vilão tomando forma. Nygma é conflitado e imprevisível: potencial para muita história boa.

Pode ser que sim, pode ser que não

Alfred-BullockDois personagens permanecem no limbo para mim: Alfred e o detetive Harvey Bullock. Não sei se gosto ou não deles. Alfred ainda me parece um tanto genérico – com excessão da história dele como espião, que merece ser abordada. E Bullock só começa a parecer confiável para o final da temporada, mas, mesmo assim, ficamos na dúvida. Ele vai ser bom (apesar de corrupto) ou trairá Gordon em algum momento? Acho que seu futuro ainda não foi decidido.


Gotham volta para a segunda temporada no final deste mês, nos EUA. No Brasil, ainda não há previsão de estreia.


Fernanda Faria

Adora fazer nada, mas faz tudo ao mesmo tempo. Viciada em séries de tudo quanto é tipo, guarda um espacinho maior no coração para as de temática transgressora. Precisa de uma bela pitada de humor pra viver.

São Paulo - SP

Série Favorita: Breaking Bad

Não assiste de jeito nenhum: Supernatural

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