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Olive Kitteridge

Por: em 20 de setembro de 2015

Olive Kitteridge

Por: em

A melhor definição para esta minissérie é: perfeição. Não é fácil arranjar algo para criticá-la e sem dúvida alguma digo que Olive Kitteridge é uma das melhores produções que já vimos na televisão. Explicamos os motivos para afirmar isso.

Olive e as pessoas

A minissérie foi feita pelo canal HBO, produção executiva de Gary Goetzman e Tom Hanks. Só estas informações já garantem no mínimo curiosidade, mas ela ultrapassa as expectativas.

Acompanhamos em quatro episódios a história de Olive Kitteridge, uma amargurada professora de matemática. A personagem  tem depressão e isso reflete muito em como lida com as pessoas com quem convive! Ela tem consciência de sua doença e em uma passagem diz que isso vem com a inteligência, como se fosse uma condição sine qua non. Mesmo ela sabendo de sua doença, Olive não acredita em remédios e terapia, isso afeta diretamente as pessoas que convivem com ela, principalmente seu marido Henry e seu filho Christopher.

Olive-Henry

Um tema que também é constante nos episódios é a forma como as pessoas lidam com os problemas e isso é retratado através de alguns personagens: o filho de uma suicida, que retorna para a cidade natal com o intuito de também se matar; o filho de Olive, um menino que passou a infância sendo repreendido por ser apenas mediano e não recebe elogios ou pedidos de desculpas; Denise, a assistente de farmácia de Henry, uma menina com autoestima baixa e sem grandes perspectivas na vida, entre outros personagens. É incrível como os problemas mudam e a forma como os personagens lidam com eles também se altera. O sucesso ou fracasso depende de várias circunstâncias.

Olive é casada com Henry, um homem gentil, amoroso e muito educado, mas ela visivelmente nutre sentimentos por um colega de trabalho. O marido parece fingir que não vê e é nesta ocasião em que ele demonstra a insegurança no relacionamento. Ele também tem sentimentos por Denise, mas não fica evidenciado se isso é confundido com sentimentos paternos ou é algo mais carnal.

A Passagem do tempo

A passagem do tempo é algo que sempre vem a tona em nossas vidas. As experiências acumuladas, as oportunidades perdidas ou desperdiçadas e o vai e vem de pessoas. Na série isso é muito bem retratado e é mais um ponto para a HBO!

Prestem atenção na pianista: no início ela canta belamente em uma restaurante e com o passar do tempo se apresenta em uma asilo. Ela continua empolgada e cantando lindamente, mas o público do restaurante foi se alterando e talvez ela não fosse mais “adequada” para o ambiente ou quem sabe o seu público (para as canções que interpretava) não estivesse mais lá! Bem expressivo.

Olive Kitteridge

Os personagens também sentem a passagem do tempo. A pele vai envelhecendo, as roupas vão mudando e os costumes também! Não há como parar o tempo e lidar com isso não é para todo mundo.

A felicidade aqui é muito passageira, raros são os momentos de riso e descontração. A regra é a sombria condição de ver o tempo passar e o sofrimento permanecer! Haverá cura para os males da alma? Olive acredita que não, Henry prefere não pensar nisso. Talvez não pensar em sofrimento faz com que ele vá embora mais rápido. A cidade como um todo parece tomada pela tristeza e conformidade!

Outro assunto que é abordado constantemente é o suicídio como solução para os males da alma. Olive no final diz que só está esperando a cachorra morrer para fazer isso.

Este mundo me confunde. Não quero deixa-lo ainda.

A parte técnica

HBO dispensa comentários neh?! Mas mesmo assim é importante sempre ressaltar alguns pontos.

Faço reverências para o trabalho de mixagem de som. Atenção para uma cena com Olive e um rapaz em um carro. Parece que o barulho do vento está dentro da sua casa! Também temos cenas com gaivotas em várias passagens e o som delas misturado com o mar é muito agradável. O que contrasta perfeitamente com o peso que os personagens transmitem.

A direção é excelente. Os planos de imagem foram bem eficientes, nos fechados provocam a sensação de sufocamento e sofrimento; já nos abertos há uma pitada de esperança para todos os males.

– As atuações: sem palavras para o trabalho da personagem principal interpretada pela atriz Frances McDormand (vencedora do Oscar pela atuação em Fargo). Uma mulher amargurada, depressiva e sincera. Olive não fazia qualquer esforço para agradar quem quer que seja. O ano de 2015 foi recheado de belas atuações femininas, por isso seu trabalho deve ser destacado mais ainda! Todo meu respeito e admiração por esta atriz.

Olive-Kitteridge

O corpo de atores como um todo não deixou a desejar. A carga dramática que cada um representava era muito pesada. Destaque para Richard Jenkins, interpretando Henry, e Bill Murray que fechou a minissérie com chave de ouro.

Olive Kitterige não é uma minissérie indicada para qualquer pessoa. Se você gosta de séries que o faça refletir e sentir fora de sua zona de conforto – assista! Com certeza foi a produção mais bela e triste que descobri em 2015.

Obs: A série fez um “rapa” no Emmy e venceu nas seguintes categorias: melhor roteiro em minissérie ou telefilme, melhor direção em minissérie ou telefilme, melhor ator coadjuvante em minissérie ou telefilme, melhor atriz em minissérie ou telefilme, melhor ator em minissérie ou telefilme e melhor minissérie.


Já assistiu ou pretende assistir Olive Kitteridge? Conte para nós nos comentários.


Janaina Helena

Mineira vivendo em Maceió. Viajante por vocação. Advogada por profissão. Séries, cinema, livros, corrida e torresmo!

Maceió-AL

Série Favorita: The Good Wife e Gilmore Girls

Não assiste de jeito nenhum: Arrow

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