O que é a liberdade? Alguém é realmente livre? “40 Oz of Furlough” conseguiu falar sobre essas questões daquele jeitinho leve e divertido de sempre, que nós tanto amamos em Orange is the New Black.
Enfim é chegado o dia da licença de Piper. Ela foi hostilizada, deu piti, quase desistiu das 40 horas de liberdade, acabou perdendo a despedida da avó, mas no fim conseguiu a folga com que tantas sonharam. Só que todos os seus planos e expectativas para aproveitar o período acabaram frustrados pela sua lotada agenda de compromissos familiares. A liberdade não é tão bacana quanto ela se lembrava, afinal. Mesmo as pessoas ditas livres estão constantemente presas a protocolos e regras sociais. As festinhas de Litchfield, no fim das contas, parecem bem mais divertidas que o combo velório/casameto de família de classe média alta em Manhattan.
Resolver a situação com Larry foi difícil, mas necessário para ambos. O amor nunca deixou de existir ali, mas a confiança, a admiração mútua e as afinidades entre eles acabaram durante o período de reclusão de Piper. Os dois nunca mais serão os mesmos e precisavam de um tempo sozinhos para descobrir – e aceitar – essa nova situação. E por favor, melhor cena de rompimento do mundo foi a confissão de que ele tinha dormido com outra enquanto Piper tentava “animar” o moço.
Mendez voltou à prisão com mais presença que nunca, atingindo em trinta segundos sua cota de ocorrência da semana inteira. Ele é abusivo, criminoso, sem o menor senso de moral, e ainda assim parece em alguns momentos mais decente que Bennett, que não assume suas atitudes e ainda tenta jogar a responsabilidade de seus atos para cima dos outros sempre que pode. O jeito fofo do personagem se perde totalmente com a covardia e falta de auto-controle que o guarda tem demonstrado ultimamente, o que é uma pena.
E no flashback da semana conhecemos mais um pouco de Vee através da visão de outra pessoa. O passado de Red com a líder do grupo das negras não é tão acolhedor quanto o de Taystee, e enquanto em Looks Blue, Tastes Red nós só conseguimos ver o lado “mãezona” dela, desta vez começamos a enxergar mais claramente a sociopata fria e manipuladora que vem crescendo ao longo da temporada. Vee foi uma das grandes responsáveis por tornar Red, aquela moça doce e até ingênua, a russa durona e casca grossa que ela é hoje.
O jantar de Red com as suas meninas sublinha ainda mais a diferença de estilo entre ela e Vee. Enquanto uma de fato tem uma família, a outra usa de intimidação, manipulação e brinca com as relações e a auto-estima de suas aliadas para mantê-las sob controle e fazê-las acreditar que são uma família. Enfim a ruiva consegue o perdão de seu grupo, de um jeito bem mais simples que poderia imaginar: apenas pedindo desculpas, verdadeiramente.
O depoimento da Nicky sobre heroína é tão bonito e tão cru que parece realmente ter sido elaborado por alguém que conhece de perto o poder de sedução e destruição da droga. O problema é que ela expõe sua fraqueza para quem não deve, e recebe de “cortesia” aquele presente grego das mãos de Taystee. Poussey, que estava ajudando Vee apenas para se manter próxima da amiga, percebe que a pessoa que ela está se tornando é totalmente diferente da garota que conhecemos na temporada passada, e certamente ela não vai deixar essa transformação acontecer sem tomar nenhuma atitude. O problema é que já vimos do que Vee é capaz de fazer com seus inimigos através do seu passado com Red.
Curioso notar como é muito mais fácil se indentificar com a Piper que se entope de junk food no Brooklyn, que com a garota afetada que conhecemos no piloto. Como ela diz para seu pai, a mulher que está na cadeia é exatamente quem ela é, e é alguém muito melhor. Piper pode ter perdido um bocado de espaço nessa temporada, mas isso tornou suas cenas individuais muito melhores que já foram. Concordam?