Orange is the New Black já nos acostumou a entender que mesmo os atos ilícitos e nocivos podem ter um fundo de boas intenções. Take a Break from Your Values faz justamente o caminho inverso, e prova que até mesmo as boas ações podem vir com um recheio agridoce de vaidade e egoísmo.
Como uma freira vai parar na prisão? Bem, pesquisas indicam que o clero está entre as dez carreiras preferidas dos psicopatas, mas este não é, nem de longe, o caso de Sister Ingalls (inspirada na história real da freira pacifista Ardeth Platte), que realmente só queria lutar por um mundo melhor. Puro altruísmo, pero no mucho. Não há nenhum mal em gostar dos holofotes, de se sentir orgulhosa por sair na capa de um jornal, mas quando os atos passam a ser uma competição por “quem choca mais”, é hora de repensar um pouquinho os objetivos.
O grupo da greve de fome iniciada por Soso enfrenta problemas comuns no ativismo: falta de foco, desconhecimento total da causa pela qual se luta e divergências internas. Jane, que já não é mais a noviça ingênua que entrou nos movimentos sociais, acaba sendo a única a fazer uma reclamação consistente e séria. Não duvido em nenhum momento que ela tenha aderido ao movimento por Jimmy, mas no fim ela acabou conseguindo o que sempre amou: atrair os olhares e as atenções para si mesma. Merecidamente, é claro.
Piper conseguiu realmente recuperar a confiança de Mr. Healy, o que o fez publicar o jornal sem sequer conferir o conteúdo, além de liberar o contato da detenta com Alex. Ele claramente ficou desconfortável com a transferência de Piper, mas se engana ao dizer que a escolha foi aleatória. Chapman pisou muitas vezes no calo de Fig, não é coincidência que na primeira oportunidade ela tenha sido mandada para longe.
Admirável a coragem de Poussey ao enfrentar a Vee mesmo depois de ser espancada. Por ter crescido em uma família estruturada e ter uma bagagem cultural maior, ela está imune à manipulação de Vee e consegue ler seus movimentos e intenções, ao contrário das suas amigas. Do outro lado, vemos uma Watson completamente destruída pelas suas passagens pela solitária ouvindo de Vee que “cuidaria” dela – mesmo depois de fazer a maior cara de paisagem quando Janae foi levada.
O “lugar seguro”, tentativa muito falha de uma terapia em grupo, foi tão equivocado que beirou o cômico. Gráfico de sentimentos, bastão da palavra, Doggett fiscalizando se o que elas falavam estava dentro das regras e Healy induzindo as garotas a dizerem o que ele queria ouvir? Ainda tinha Suzanne fazendo o papel dos olhos de Vee e tomando conta de Poussey. Um desastre! Mas não dá para negar que essa nova fase low profile da Pennsatucky tem seus encantos. Tem sido divertido ver a parceria da caipira e do conselheiro.
E no fogo cruzado entre Red e Vee, quem se deu mal mesmo foi Boo, que tentou dar uma de esperta e acabou ficando sozinha. Cindy pode não ser a personagem mais útil do mundo, mas suas frases críticas são impagáveis! “The bathrooms may be segregated but the market’s still free!” merece um pôster. Outra que acabou levando a pior, mas desta vez sem fazer nada, foi a moça com o cabelo parecido com o da Vee, que acabou sendo atacada no lugar da chefona das negras – mais uma prova de que as mais velhas são infinitamente mais perigosas que as novinhas de Litchfield. Não subestimem as idosas!
Não vou falar nada sobre Polly/Larry/marido australiano da Polly porque acho que vocês já sabem o quão chato é esse arco. Mas encerro a review com uma imagem que espero que alegre o dia de vocês tanto quanto alegra o meu! Até a próxima!
