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Orange is the New Black – 3×01 Mother’s Day

Por: em 15 de junho de 2015

Orange is the New Black – 3×01 Mother’s Day

Por: em

Tudo igual é uma ova! A premiére da terceira temporada de Orange is the new Black veio para destruir a teoria de que mãe é tudo igual. E da mesma forma que mães podem ser totalmente diferentes, as detentas também começam a mostrar que além da diversidade que têm dentro do grupo, também são mulheres plurais dentro delas mesmas, com diferenças notáveis em seus comportamentos ao longo do tempo.

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Durante a preparação da festa de dia das mães, temos um panorama de como ficou a prisão depois dos acontecimentos de We have Manners, We’re Polite. Doggett herdou o furgão de Morello, após esta ter ajudado na fuga de Rosa. A ladra de bancos, aliás, realmente morreu da forma como sonhou, levando Vee junto. Enquanto uma é admirada e recebe até mesmo um santuário na antiga cama, a outra só tem a morte lamentada por Suzanne – ou nem isso, já que Crazy Eyes ainda está presa no estágio de negação do seu luto e não acredita que sua protetora está morta.

Caputo enfim conseguiu assumir o controle de Litchfield, e apesar dos contratempos iniciais, tenta fazer o possível para melhorar a vida naquela prisão. Uma das medidas é a contratação de uma nova conselheira – o que não agrada em nada Mr. Healy. Existe sim uma pitada de ressentimento por ver uma mulher negra ocupando a mesma posição que ele. Sua proteção por Piper no início da série é uma prova de que o personagem acredita que existe hierarquia entre as classes de pessoas. Mas também há um lado “mãe” em Mr. Healy que simplesmente não quer dividir suas meninas com outra pessoa.

Alex is the new Orange! Depois de ficar ausente durante boa parte da segunda temporada, Vause voltou a Litchfield para a alegria de 9 em cada 10 espectadoras da série. Ok, não na sua melhor forma… ela não consegue se perdoar por ter sido pega violando a condicional e precisar voltar ao regime fechado. Viver do lado de fora não foi uma coisa tão fácil também, e esse conflito a está consumindo de dentro para fora. Piper também está sendo consumida, mas pelo remorso de ter dedurado a parceira. É impressionante como  relação dessas vive vive permeada por essas tramas de mentiras, traições e egoísmo e ao mesmo tempo elas tenham tanta química.

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A premiére mostrou flashbacks de vários personagens com suas mães – o que explicou muita coisa. A mãe oportunista de Doggett criou uma filha que abraçou uma causa que não era sua para se beneficiar dela. A mãe da pequena e fofa Nicky não conseguiu dar a atenção que ela precisava – o que a fez preencher esse vazio com as drogas. A mãe maravilhosa de Poussey criou… bem, a Poussey, que dispensa qualquer comentário. O grande fato é que antes de serem mães, elas são pessoas. São mulheres com suas personalidades, suas histórias de vida e seus desejos. Criar alguém, ser a maior referência para um ser humano completamente novo é um desafio e tanto! Algumas se saem muito bem, outras não… outras simplesmente não veem isso como a maior prioridade das suas vidas, e tudo bem com isso! É fácil julgar a interesseira ou a “perua fútil” por criarem mal suas filhas, mas também era fácil julgar Nicky e Dogget pelo simples fato de elas estarem na prisão, não é?

Sophia tem uma situação peculiar neste episódio. Nós a vimos antes da transição, vivendo a gravidez junto com a sua esposa, ansiosa para receber o filho e até mesmo insegura com o novo papel, e depois no presente conversando com ele, já adolescente, e sendo um mãe que tem a bagagem de um pai. É interessante quando ela repassa o conselho que recebeu de seu pai para Michael e ele pergunta se ela quer viver como mulher em um mundo em que homens são ensinados a agir como idiotas (basicamente). O fato é que não é uma escolha. Ela é uma mulher, mesmo que isso signifique ser vista de forma inferior pela sociedade. Ela é uma mulher mesmo conhecendo pelos dois lados toda a carga de opressão que ser mulher carrega, simplesmente porque não é algo que você decide “virar”. Ela é uma mulher, e não se pode fugir disso – sendo cis ou trans.

Além das mães, o episódio lembrou também das não-mães. Tiffany construiu um cemitério simbólico para seus fetinhos abortados e colocou para fora toda a culpa que sentia por ter interrompido aquelas gestações. Ela é a típica mulher a quem as pessoas apontam como alguém que faz um aborto como quem vai fazer compras, mas a verdade é que esse tipo de pessoa não existe. Ela poderia ter feito mil abortos, e ainda não seria algo comum. Não seria algo esquecível, nem seria trivial, porque nunca é. Big Boo faz um belo discurso pra tentar desconstruir parte dessa culpa na caipira através de argumentos sociais e econômicos, mas se a gente parar pra pensar, isso nem deveria ser necessário – até por ser o tipo de argumento com um lado bastante perigoso, que facilmente pode descambar para um tipo de “eugenia social”. As mulheres não deveriam abortar ou deixar de abortar por um bem comum, e sim ter o poder de escolha sobre os próprios corpos.

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Algumas observações:

– Agora que Vee morreu e o Bigode está em outra prisão, Aleida assume o posto de personagem mais odiável da série

– A filha da Maritza era a criança mais fofa da festa. Até depois de fazer cocô

– Boo fazendo meio-cosplay de Twisty <3

– Programão da família Diaz: catar piolhos na cabeça das crianças ao ar livre. Ê, que beleza!

– Que vergonha da interpretação da Ruiz quando o seu marido silencioso avisa que ela não vai mais ver a filha. Tanta gente boa, ela podia ter pedido umas dicas.

Mother’s Day é a prova de que cada mãe é diferente, até quando dividem o mesmo endereço. O episódio foi leve, amarrou algumas pontas soltas do final da temporada e já começou a introduzir os temas que veremos neste ano. Curtiu? Já viu a temporada inteira? Conta pra gente nos comentários!


Laís Rangel

Jornalistatriz, viajante, feminista e apaixonada por séries, pole dance e musicais.

Rio de Janeiro / RJ

Série Favorita: Homeland

Não assiste de jeito nenhum: Two and a Half Men

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