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Orange is the New Black – 3×07 Tongue Tied

Por: em 18 de julho de 2015

Orange is the New Black – 3×07 Tongue Tied

Por: em

Ah, look at all the lonely people! Você pode ter muitos amigos, uma família grande ou mesmo dividir a “casa” com centenas de detentas. Quando aquele buraco, aquele vazio existencial aparece, todo mundo se torna solitário e busca alento em outros tipos de companhia: a religião, o dinheiro, um mundo fictício, um fetiche ou um trabalho. Tongue Tied retratou essas solidões de uma maneira sutil e divertida.norma

Que curiosa a jornada de Norma, que foi de fiel seguidora a líder espiritual! Sem ter voz, ela sempre deixou que falassem por ela, decidissem por ela e, coincidentemente, as circunstâncias a levaram de volta a um caminho místico muito parecido com o do seu passado. Apesar de fazer parte daquela seita mezzo-hippie mezzo-doida, ela era diferente dos outros. Enquanto a maioria acreditava nos poderes do “guru”, ela estava ali porque amava o cara. Sua solidão era afetiva, e ela ansiava por um entendimento que achou ter encontrado no barbudo (e que na verdade nunca foi entendimento, e sim um baita egocentrismo de um homem que acreditava que a sua palavra era a única que importava). Todos pularam fora quando perceberam que ele era um picareta, mas para ela isso nunca importou. O ponto é que existe certa diferença entre ser passiva e ser um capacho. Norma é uma pessoa que se doa de coração para quem ama, mas não aceita ser humilhada. Seu finado marido percebeu isso, e Red… bom, Red também.

A ascensão fulminante da russa na cozinha foi tão rápida quanto a sua queda. O episódio começou com Gloria deixando claro que era ela quem mandava na cozinha e terminou com a líder das latinas entregando as panelas de bandeja para a rival. Privada de sua liberdade, com problemas na família e depois de ter falhado com a filha postiça, Red precisava da cozinha para se sentir completa novamente. O sonho se realizou quando Gloria teve um momento de fúria e percebeu que aquela responsabilidade estava trazendo muito mais problemas que vantagens. Como alegria de presidiária dura ainda menos que alegria de pobre, Caputo logo apareceu para acabar com a festa de Red. O novo pratododia em Litchfield é uma massaroca que parece de groselha, tem gosto de limão, mas é de tamarindo. No donuts for you.

Suzanne passou a primeira parte da temporada lidando com a solidão causada pela morte de uma pessoa querida, e agora ganhou um arco divertidíssimo. Sua válvula de escape foi uma que eu conheço muito bem: escrever. Bem-vinda ao clube, Eyes! Tudo bem que minha imaginação nem se compara àquele terreno fértil que Suzanne tem sob suas trancinhas, mas só quem curte escrever conhece o poder terapêutico das palavras. E só quem já se apaixonou por uma saga literária consegue entender o fascínio de Poussey em relação ao sci-fi erótico de Crazy Eyes, claro. P. era outra que já havia verbalizado a solidão que estava sentindo, então não é má ideia usar a bebida e uma literatura de fantasia para escapar dos problemas reais. E considerando o sucesso dos best-sellers recentes que envolvem triângulos amorosos, seres sobrenaturais e narrativas sexuais de gosto duvidoso, as chances de que aqueles rascunhos virassem uma febre no mundo real seriam imensas.

piper

xEureka!

Tudo bem que os áureos tempos de Piper já ficaram para trás desde a longínqua primeira temporada, mas a loira estava completamente apagada neste ano (apesar do fogo altíssimo nas cenas da biblioteca). A nova trama do tráfico de calcinhas para lucrar em cima do fetiche de esquisitões solitários mundo afora veio em um bom momento para trazer um pouco de foco a Chapman novamente. A tensão sexual entre Piper e Stella vai crescendo na mesma velocidade que seu relacionamento com Alex parece esfriar.

As dúvidas sobre o destino do bebê continuam perturbando Daya, que acredita que o dinheiro da falsa avó pode dar um futuro melhor à criança. Mas há uma diferença muito grande entre usar o dinheiro e ser consumida por ele. Não há como negar que faz diferença, afinal, por mais que Piper esteja tão presa quanto Dayanara, ela vai sair de lá e ainda terá sua formação acadêmica, sua bagagem cultural, seus contatos e muito mais portas abertas que a colega, por causa do legado de uma vida inteira de luxo (spoiler: ela capitaliza sua experiência na prisão, escreve um livro e inspira uma série super premiada na Netflix). Enquanto Daya está interessada nesse legado de oportunidades para o filho, Aleida é apenas consumida pela sede de tirar vantagem de tudo para tentar tampar com dinheiro “fácil” um buraco que ela mesma criou, alimentando uma relação tão tóxica com a filha.

E o que antes era uma suspeita se tornou oficial: a iniciativa privada é uma bosta. Contratações aleatórias, falta de treinamento para os guardas, comida péssima e uma estrutura organizacional que ninguém é capaz de entender. Afinal, o que é pior? Uma prisão sucateada pela corrupção e pela negligência do Estado ou explorada por uma grande corporação? Aposto como a essa altura Caputo já está morrendo de saudade de Natalie.

olhosvermelhos

Algumas observações:

– Sophia arrumou uma inimiga que ninguém gostaria de ter.

– Ok, já tivemos notícias do Larry. Podemos nunca mais falar dele novamente? Obg

– As meninas pararam de seguir Doggett para seguir Norma. Eita, carência!

– Mas, por via das dúvidas, eu garantiria minha apertadinha no braço e não pisaria no calo dela.

– Morello escolhendo o futuro marido pelo joguinho foi  absolutamente surreal. E absolutamente a cara dela.

– Cindy está maravilhosa este ano. Se redimindo totalmente da chatice da segunda temporada (incluindo aí aquele flashback pavoroso, que deveria ter sido da Jimmy).

– Que moça mais linda encontraram para fazer a Norma novinha, gente!

Tongue Tied não foi um dos melhores episódios da temporada, mas trouxe pontos bem decisivos para as histórias de Norma, Suzanne e Piper. Gostaram de conhecer o passado de Norma? Deixe seu comentário!


Laís Rangel

Jornalistatriz, viajante, feminista e apaixonada por séries, pole dance e musicais.

Rio de Janeiro / RJ

Série Favorita: Homeland

Não assiste de jeito nenhum: Two and a Half Men

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