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Orange is The New Black – 4×03 (Don’t) Say Anything

Por: em 17 de junho de 2016

Orange is The New Black – 4×03 (Don’t) Say Anything

Por: em

Depois dos flashbacks de Maria Ruiz em “Power Suit“, Orange is The New Black investe em Brook Soso para tratar de um tema comum ao do episódio interior: etnia e a construção de indentidade. Mas o invés de mostrar como a imagem racial pode influenciar as ações de uma personagem, “(Don’t) Say Anything” explora a construção de esteriótipos a partir da raça.

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Soso é uma personagem que recebe bastante atenção, mas que dentro do crescimento que a série propôs nunca conseguiu encontrar seu lugar ao sol. Das dificuldades para conquistar o respeito das outras detentas ao chegar na prisão à solidão que causou uma séria depressão, Soso sempre foi vista como uma pessoa frágil e ingênua. Ao final da terceira temporada, ela recebeu um sopro de esperança ao ser acolhida de braços abertos por Poussey e, devo admitir que, vê-la tentando construir laços saudáveis nessa temporada chega a ser um alívio. Finalmente, a história dela dentro de Litchfield depende de suas próprias decisões. Não que isso possa facilitar sua vida daqui para frente.

Soso é a única responsável pelo sucesso ou fracasso do relacionamento com Poussey, e desta vez sua incapacidade em enxergar além das suas próprias suposições quase destruiu um romance que mal começou. Ao descrever sua amada e explicar porque ela não consegue conversar com Judy King, Brook cai no clichê da mulher negra que foi prejudicada pelo racismo institucional.

Como vimos no flashback de “(Don’t) Say Anything”, essa não é a primeira vez que Soso se involve em algo parecido. Em um passado não tão distante e antes de ser presa, a ativista tentava colher assinaturas contra grande corporações. Uma causa que parece justa, mas a mente de Soso não estava completamente focada em impedir a construção de mais um supermercado Wallmart. Soso queria deixar seu ex-namorado com raiva e arranjar um encontro com outro pretendente, então ela se envolve em uma aposta que consistia em pegar a assinatura de um homem condenado por agressão sexual.

Quando Soso tem a chance de conversar com o homem, ela descobre que a situação que gerou essa “reputação” foi ele ser pego transando com a namorada na praia. No entanto, para garantir todas as bonificações da aposta, ela não desmente o boato e retrata o homem como um pervertido, estuprador de crianças e que até tentou forçá-la a alguma coisa porque desconfiou que ela não tivesse 19 anos. Apesar de uma atitude desconstruída, liberal e progressiva, Soso diz o que é necessário para ela conquistar uma pessoa, mesmo que a verdade seja comprometida nesse processo.

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É claro que as intensões de Soso são bem melhores na confusão que ela causou entre Poussey e Judy, mas o resultado foi trágico. A vida de Poussey não reflete o esteriótipo que Soso imaginou e descobrir que aquela era a presunção de Soso evidenciou que talvez aquele relacionamento pode não ser certo para as duas.

Felizmente, Soso consegue se desculpar com uma cena romântica diretamente influenciada pelo filme Say Anything (que também está presente no título do episódio) e reatar o namoro para ouvir histórias sobre a bisavó de Poussey. Para Orange is The New Black, o resultado desse romance pode se revelar mais interessante a longo prazo. Soso precisava de um respiro para se consolidar como uma personagem carismática e esse é o caminho mais confortável.

Sabe quem também está de romance novo? Joe Caputo! (Me desculpe por essa transição, mas ela foi estritamente necessária.) Bom, ele não segurou a mão ou beijou a pretendente ainda, mas um encontro com Linda já parece ser um bom sinal na vida do diretor de Litchfield. É claro, que os problemas de Caputo o perseguem em todos os lugares. Encontrar um ex-funcionário da prisão durante o jantar é o tipo de situação desconfortável que ele gostaria de evitar, mas o confronto precisava para entender que ele não vai conseguir agradar todo mundo na posição de chefe que ele ocupa. Caputo tomou decisões que prejudicou muitas pessoas, mas ele tem que seguir em frente e focar em outros erros que ele está cometendo agora.

Um grande exemplo, é o tratamento especial que Judy King está recebendo. É claro que a celebridade não vai reclamar do quarto VIP, do banheiro exclusivo ou do emprego confortável, mas as outras detentas já estão se incomodando com isso e aos poucos vão se rebelando contra esse sistema. Em “(Don’t) Say Anything”, Red provocou uma desinteria na ex-apresentadora e, provavelmente, essa não vai ser o único ataque à Judy.

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Mas não é só de equívocos que vive um Caputo, escolher Taystee como sua assistente foi ótimo, pelo menos, como decisão cômica para a série. Entre tantas histórias pesadas que estão se desenvolvendo nessa temporada, Taystee se esforçando tanto para ser eficiente em seu novo trabalho é fascinante.

Assim, “(Don’t) Say Anything” trabalhou muito bem as histórias que a série deve tratar nesta temporada. O terceiro episódio colocou Soso e Taystee no caminho certo e apresentou elementos novos para os plots mais tensos, como a disputa entre a Piper e Maria pelo tráfico das calcinhas e os restos mortais que estão deixando Alex e Lolly malucas. O drama de Orange is the New Black está no começo, mas é um ótimo começo.

Algumas observações: 

– Eu fico muito decepcionada que o relacionamento da Morello ainda seja baseado em mentiras e fantasias, mas dá para esperar algo melhor de um casamento como o dela?

– Gloria tentou se movimentar para ajudar Sophia, mas a sua conversa com o filho não mostrou nada muito importante.

– #TheOther1% não é uma boa hashtag.

– O amor de Taystee por Game of Thrones também é admirável. “Winter is coming, bitches”. 

– Procurando um amor que toque “Bitch Please II” em um radin… alguém?!

E você? O que achou do terceiro episódio?


Nathani Mota

Jornalista, nerd e feminista. Melhor amiga da Mindy Kaling, mesmo que ela não saiba disso.

Salto / São Paulo

Série Favorita: Sherlock

Não assiste de jeito nenhum: Two and Half Men

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