Lolly foi para o hospital psiquiátrico, mas deixou um grande presente para Litchfield: a máquina do tempo. Por mais maluca que aquela caixa de papelão pareça, a vontade de voltar para um momento da nossa vida (ou da história) e mudar uma decisão sempre toma a nossa mente. É por isso, que a viagem do tempo é tema recorrente de grandes obras de ficção científica e é interessante que essa ideia domine este quarto ano de Orange is The New Black. O drama da Netflix sempre permitiu que seus espectadores pudessem viajar no tempo para compreender a vida de seus personagens e não é nada mais justo que eles tivessem um pouco desse gostinho.
Durante a temporada, vários personagens – brancos, negros, latinos e guardas – se perguntaram para quando viajariam no tempo. Algumas pessoas quiseram destruir Hitler, outras o ajudariam, e outras simplesmente voltariam para consertar uma burrada, não é mesmo Coates? Mas dentro da máquina do tempo, Poussey olhou para o futuro. A viagem para Fiji, os peixes nadando sob seus pés, o apartamento, os empregos reservados para ex-detentas… então, além de imaginar como sua vida seria fora de Litchfield, Poussey foi além e fez planos, pediu um emprego para Judy King, que garantiu que qualquer cozinheiro teria sorte em tê-la na cozinha.
É assim que a vida nos derruba. Podemos olhar para frente, mas é o que está diante dos nossos olhos que define nosso futuro e o que estava diante da vida em Litchfield era um grande problema. As atitudes cruéis dos guardas na última noite evidenciaram o desconforto de todas as presas e as motivaram a deixar as diferenças de lado para se unir contra a liderança do Capitão.
A primeira reunião que uniria todas as “famílias” da prisão não deu muito certo, mas foi só lembrar o nível da opressão que elas estavam lidando que a revolta ganhou força. Piscatella empurra Red, Flores sobe na mesa e é seguida por Piper e todas as outras detentas. É aquela brincadeira com as peças de dominó, você empurra uma e todas outras caem em sequência. O que ninguém imaginava é que a última peça a cair seria Poussey e que quem a derrubaria seria Bayley.
Bayley era um dos caras legais. Nos flashbacks que vimos em “The Animals” não descobrimos nada de muito terrível. Um menino normal que matou algumas aulas sobre responsabilidade e consequência na escola, mas nada demais. Garotos tem que agir como garotos, não é mesmo? Mas quando Bayley atira ovos em Frieda, ela reage gritando: “Você acha que eu sou engraçada? Eu sou uma fuckin humana.” Ironicamente, o título do episódio diz o contrário.
Os guardas novos trataram todas as detentam como animais sempre que puderam e os absurdos – Suzanne tendo que lutar como uma galinha de briga, Maritza comendo o rato bebê, Flores em pé na mesa durante dias (esqueci de alguma coisa?) – cometidos contra essas mulheres são inexplicáveis. Eles acreditam que elas são inferiores e que não merecem respeito. Então, OITNB prova que quando ideias desse tipo são tratadas como se fossem verdade, tragédias acontecem. E por mais que eu queira voltar no tempo, ir até a sala de roteiristas da série e tentar convencer Jenji Kohan a deixar Poussey viva, eu entendo que isso teria que acontecer e teria que ser ela. Poussey é uma das personagens mais queridas da série e minha preferida, então perdê-la dessa forma é muito doloroso. Poussey não tem culpa e o ato de Bayley também não, mas as pessoas que insistem em dividir humanos em classe ou em raça, como as detentas fizeram, são culpadas, sim.
Algumas observações:
– Que imagem poderosa todas as meninas em cima da mesa! <3
– Será que dá para o Emmy fazer igual a Oprah essa ano e premiar todo esse cast?
Agora, me contem como você vai conseguir viver depois desse episódio! Eu vou pegar minha caixa de lenços e assistir o último episódio dessa maratona! Vem comigo!