Aquele em que dizemos adeus

Pra quem não sabe, o Apaixonados por Séries existe há quase dez anos. Eu e Camila…

O que esperar de 2018

Antes de mais nada, um feliz ano novo para você. Que 2018 tenha um roteiro muito…

Orange is the New Black – 4×13 Toast Can’t Never Be Bread Again (Season Finale)

Por: em 19 de junho de 2016

Orange is the New Black – 4×13 Toast Can’t Never Be Bread Again (Season Finale)

Por: em

Toast can’t never be Bread Again, ou em bom português, Torrada não volta a ser pão. Não resta dúvidas de que Orange is the New Black nunca voltará a ser a mesma depois da quarta temporada. Nessa reta final, vimos o roteiro se tornando cada vez mais pesado, e as detentas mergulhando em conflitos cada vez mais violentos. Depois de tudo o que elas passaram, agora todas são, de certa forma, veteranas de guerra. Talvez por isso, ou talvez pelo luto, todas as piadas do episódio tenham parecido completamente fora de lugar.

poussey

O flashback de Poussey foi como uma facada, e foi a síntese perfeita daquilo que a personagem representava. Um respiro de leveza e otimismo no meio do caos. A morte de Poussey foi mais cruel que qualquer outra morte seria. Porque ela foi uma garota boa e generosa do início ao fim, que chegou em Nova York em uma noite dirigida por Fellini, aproveitando a vida e fazendo amigos pelo caminho, e continuou com a mesma energia, mesmo na prisão. Quando as coisas ficaram feias, quando Vee montou uma gangue, ela foi a única do grupo que não se contaminou e que lutou para trazer suas amigas de volta para o “bom caminho”. Ela morreu tentando ajudar a Suzanne a se controlar, no fim das contas. Como imaginar que as coisas podem ser como antes depois dessa perda?

Ninguém foi mais humana que Poussey, e desumano é o mínimo que dá pra dizer sobre o tratamento que ela recebeu depois da morte. Seu corpo foi deixado noite e dia na cantina enquanto os RP’s vasculhavam a sua vida tentando encontrar um podre que tornasse o assassinato justificável. Como não encontraram nada, foram atrás justamente da segunda pessoa mais inocente da história: Bayley. A ideia era transformar o guarda em um monstro e livrar a imagem da empresa, quando, na verdade, ele era o único empregado da “nova geração” que enxergava e tratava aquelas mulheres como seres humanos. Quando ele passou por Poussey na mesma calçada daquela noite em Nova York, nenhum dos dois poderia imaginar as circunstâncias trágicas do último encontro deles.

A morte impactou a todas de alguma forma. O “gueto” ficou de luto pela perda de uma das suas, mas o fato expôs ainda mais uma ferida que já estava começando a ficar aparente algumas semanas antes. Aquele não é mais um lugar seguro para nenhuma delas. Até as nazistas sabem que aquela foi uma morte aleatória, e que todas podem ser o próximo alvo. Apesar disso, acho que a série poderia ter explorado um pouco mais esse momento e maneirar nas piadas. Não deu pra rir de nada, e se a intenção era suavizar o clima, não adiantou.

daya

Daya teve muito menos destaque este ano que nas temporadas anteriores, mas foi uma peça chave no desfecho da season finale. A princípio pode causar alguma estranheza ver a menina romântica dos mangás apontando uma arma para a cara de um guarda, mas vamos voltar um pouco no tempo? Ela foi abandonada pelo pai da sua filha, a menina foi para o sistema de adoção e provavelmente nunca vai vê-la novamente, Aleida saiu da prisão e desde então a sua família é a gangue de Maria – as traficantes barra pesada que marcam inimigas com ferro quente. O que mais ela tem a perder? Pode até ser que a arma não dispare, ou que ela desista no último segundo, mas Dayanara já é uma pessoa diferente da que conhecemos na primeira temporada. E quem não é?

Caputo fez a coisa mais decente que estava ao seu alcance no comunicado à imprensa. Mencionar o nome da filha de um general em rede nacional poderia gerar transtornos à família, isso sem falar dos abutres que comeriam a carcaça de Poussey em manchetes sensacionalistas ou boatos na internet. Mas é perfeitamente compreensível a revolta de Taystee e o levante contra aquela injustiça. Elas foram subjugadas, humilhadas, torturadas, violentadas e por fim, assassinadas. E ninguém saberia nada sobre aquilo se elas não fizessem um barulho real.

A temporada inteira foi muito bem construída e representa uma mudança brusca naquilo que esperamos ver em Orange is the New Black. Talvez nada do que vier seja tão impactante quanto o que eles fizeram este ano, porque agora nós já sabemos que a série pode ser violenta e muito pesada, se quiser. Isso não significa que eles não possam mais nos surpreender, só que o choque já vai estar incluso no pacote que é fazer uma maratona de Orange.

caputo

Algumas observações:

– Será que Mr. Healy vai ficar na clínica psiquiátrica de vez, ou volta para a série em algum momento?

– Continuo muito irritada com a aproximação de Doggett e Coates. Tomara que sumam com ele.

– Apesar de tudo, ainda é bom ver Piper e Alex terminando uma temporada juntas.

– Será que Caputo sobrevive na direção depois do comunicado subversivo?

– Nicky e Morello são ótimas personagens, mas já perdi a paciência com o drama do casal.

-O sorriso da Poussey no final do episódio foi a coisa mais linda e mais triste que eu já vi. Eu perdi a minha pessoa =(

Encerramos por aqui a nossa cobertura da quarta temporada de Orange is the New Black. Esperamos que tenham gostado e que continue acompanhando o Apaixonados por Séries! Não esqueça de deixar seu comentário, até a próxima!


Laís Rangel

Jornalistatriz, viajante, feminista e apaixonada por séries, pole dance e musicais.

Rio de Janeiro / RJ

Série Favorita: Homeland

Não assiste de jeito nenhum: Two and a Half Men

×