Aquele em que dizemos adeus

Pra quem não sabe, o Apaixonados por Séries existe há quase dez anos. Eu e Camila…

O que esperar de 2018

Antes de mais nada, um feliz ano novo para você. Que 2018 tenha um roteiro muito…

Os Defensores – 1ª Temporada

Por: em 21 de agosto de 2017

Os Defensores – 1ª Temporada

Por: em

Spoiler Alert!

Este texto contém spoilers pesados,

siga por sua conta e risco.

Quando a primeira temporada de Demolidor estreou, 2 anos atrás, muita gente se empolgou com a proposta da Netflix e da Marvel de apresentar seus heróis de rua separadamente para depois uni-los numa única série. A qualidade que ali foi atingida impressionou para uma série de herói, com um roteiro no lugar, cenas de ações épicas, uma história que funcionava e um vilão bem desenvolvido. É uma pena, contudo, que tal acerto tenha sido visto apenas uma única vez. Defensores, a tão alardeada reunião dos justiceiros urbanos, é até melhor que sua antecessora Punho de Ferro, mas cai nos velhos erros que as séries anteriores cometeram e no saldo final, é uma boa diversão, mas que passa muito longe de cumprir a expectativa que um dia carregou.

Nas minhas primeiras impressões, eu falei que tinha sido um começo promissor, com uma boa apresentação dos personagens e de onde cada um deles estava, antes do roteiro começar a de, fato, adentrar na trama da temporada. Ali, a série tinha sido bem sucedida em unir os universos que rodeavam cada um dos personagens enquanto eles ainda estavam separados. O principal problema acontece quando eles vão aos poucos se reunindo e o roteiro converge para uma trama que soa muito mais Punho de Ferro 2 do que Defensores. Todas as tramas individuais apresentadas no começo (Jessica investigando um marido desaparecido, Matthew aparecendo para defendê-la, Luke se importando com um garoto preso) convergiram para o Tentáculo, a organização que há tanto tempo ouvimos falar, mas que no fim das contas, foi apenas um resquício daquilo que se prometia.

Reprodução/Netflix

Não é colocando frases soltas e bobas na boca de vilões que você os faz funcionar. Simplesmente dizer que eles foram responsáveis por ataques como Pompeia ou Chernobbyl, que vão destruir Nova York e que já fizeram muito mal ao longo dos séculos não funciona se, na prática, tudo que a série mostra é um grupo extremamente mal articulado, que mal consegue concordar entre si e que pouco (ou quase nada, pra ser justo) faz para que justifique o clima construído em torno deles. É interessante conhecer sua história. Saber que eles também viviam em K’un-Lun e que foram corrompidos pela ganância, por mais que seja um clichê, é legal por casar com o que a série tinha mostrado da organização até então e é uma boa ligação com a trama previamente construída. O problema é que, como conjunto, Alexandra, Sowande, Gao, Bakuto e Murakami não funcionam.

Um exemplo claro é o de Madame Gao, personagem que funcionava muito bem isoladamente nas séries solo, mas que agora, como parte de tudo, pareceu apenas mais uma formiga perdida no meio de uma grande confusão. Faltou ações de maior impacto da parte deles, faltou menos conversa e mais gestos, faltou menos lutas que mais pareciam de adolescentes, faltou uma clareza maior. É só depois de metade da temporada concluída que sabemos por A + B que seu objetivo é usar Danny para retornar a K’un-Lun e conseguir a imortalidade novamente, mas aí a coisa já perdeu todo o impacto e interesse e mesmo uma atriz do calibre de Sigourney Weaver não tem muito o que fazer.

Sua Alexandra, inclusive, é uma das coisas boas que a série traz. Weaver é uma atriz excelente, que não precisa provar nada para ninguém, e a construção minimalista que ela usa no começo, quando ainda sabemos poucos sobre Alexandra é sensacional por assustar apenas com um olhar ou com poucas palavras. É uma pena, então, que no fim das contas isso acabe ficando a uso de uma promessa não cumprida, já que tudo que a vemos fazer é só gritar, articular e tentar provar que é a líder e que conseguirá manter o Tentáculo vivo, capturando o Punho de Ferro, a chave para que eles consigam a substância que sustenta Nova York. A relação que ela desenvolve com Elektra é o ponto fraco em sua curva, por ela confiar tanto nas habilidades dela como Black Sky e por continuar apostando na garota, mesmo sabendo de sua ligação com Matthew. Que a líder de uma organização ancestral cometa um erro amador como persistir em algo que não sabe se tratá certeza de resultado é revoltante e se sua morte pelas mãos de Natchios decepciona por apostar novamente no velho twist da troca de vilão que aconteceu nas outras séries, no fim das contas não havia mais tanto que pudesse ser feito em apenas 2 episódios.

Reprodução/Netflix

O destaque que a personagem de Elodie Yung recebe é um dos Calcanhares de Aquiles da trama. Elektra já não funcionou tão bem assim em Demolidor e se seu conflito interno para se descobrir depois do encontro com Matthew é até interessante (é bem bonito o momento em que ela procura as coisas dele, deita na cama e aos poucos parece se dar conta da relação que eles tiveram), não se pode dizer o mesmo de sua atitude em tomar o controle do Tentáculo, motivada por algo tão falho como simplesmente se manter viva. O pouco que há de interessante nisso é o modo como Madame Gao (mais uma vez mostrando ser a mais esperta entre o Tentáculo) vai entrando de cabeça no jogo de Elektra e tentando manipulá-la sem que ela mesmo perceba disso.

Todo o ato final, que gira em torno de Danny sequestrado por Elektra (por ser a chave para o sucesso do plano do Tentáculo) e os outros 3 tentando salvá-lo, acaba descambando pro melodrama quando Matthew continua insistindo que existe algo de bom que pode ser salvo na personagem. Toda essa paixão desenfreada do advogado por ela já quase foi sua ruína uma vez e, mais uma vez, se mostrou perigosa. Os momentos de diálogo entre os dois antes do prédio explodir não funcionam porque, além de serem o encerrar de uma trama desnecessária, não transmitem emoção alguma. Matthew já sabe que vai morrer ali, Elektra também, mas nada faz muito sentido. Nem Matthew estar disposto a morrer para tentar salvar o que ainda acha que existe na garota. Nem Elektra seguir adiante com um plano recém criado depois de um surto de consciência. E, o pior de tudo, é a série cair no maior clichê de todos para uma história do tipo, que é o falso sacrifício do herói. Com a 3ª temporada de Demolidor confirmada, todos sabiam que Matthew não morreria ali e, se isso não aconteceria, nenhum tipo de tensão é criado e perde-se tudo que estava sendo construído.

O único ponto em que esse plot funciona é no que diz sentido aos outros personagens. É especificamente doloroso ver Karen e Foggy esperando que ele entre pela porta e ganhando apenas o vazio e a dimensão que o aparente sacrifício de Matthew gera em todos. Danny parece ter encontrado um lar em NY, Jessica decide voltar a ativa e Luke e Claire estão tentando reconstruir suas vidas, enquanto os dois amigos de Matt lidam com o luto maior. A cena final da temporada ser o demônio de Hell’s Kitchen deitado em uma cama em um lugar desconhecido abre possibilidades interessante para seu 3º ano – e visto que Demolidor é a série que mais empolga deste meio ainda, fica a expectativa de que tem coisa boa a caminho.

Aproveitando o gancho, vale também notar que Defensores pouco falou dos personagens coadjuvantes.  Claire ficou apenas de um canto pro outro, Colleen não fez nada de interessante além de matar Bakuto e mesmo Misty, a que teve mais destaque, ficou presa a frases de efeito e ações esperadas, excetuando o final, onde acaba ferida no braço e nos dá a chance de ver o braço biônico que a personagem carrega.

Reprodução/Netflix

No fim das contas, o que sustenta a série e ainda a torna uma diversão boa é praticamente a química entre seus 4 protagonistas. A partir do momento em que eles se reúnem, no episódio 3, quase todos os momentos compartilhados são bons, sejam pelas tiradas entre Luke e Danny, a amizade bacana que se desenvolve entre Jessica e Matthew e o clima de confiança e parceria que surge e entre eles. Mesmo com a birra de criança de Danny, com a personalidade explosiva de Jessica, a impulsividade de Luke e a desconfiança de Matthew, eles conseguiram funcionar muito bem e formaram um bom time. Uma pena, então, que seja a serviço de uma história fraca, desempolgante e sem brilho algum.

Outras observações:

— Stick só voltou pra morrer? Queria saber mais do Casto.

— Ah, meu sonho era um cartão de crédito como o do Danny.

— O “protejam minha cidade” deu uma dorzinha no coração, vai.

— Trish pouco apareceu, mas segue a melhor coadjuvante de todas.

— Punho de Ferro mais burro de todos. Concordo.

— Eu tinha um tremelique aqui cada vez que o Danny falava “Eu sou o Punho de Ferro imortalzzzzzz”

E você, o que achou da reunião dos heróis da Marvel? Aproveita o espaço aí embaixo e deixe seu comentário!


Alexandre Cavalcante

Jornalista, nerd, viciado em um bom drama teen, de fantasia, ficção científica ou de super-herói. Assiste séries desde que começou a falar e morria de medo da música de Arquivo X nos tempos da Record. Não dispensa também um bom livro, um bom filme ou uma boa HQ.

Petrolina / PE

Série Favorita: One Tree Hill

Não assiste de jeito nenhum: The Big Bang Theory

×