Doctor Who é uma série que, entre cancelamentos e retornos, já está no ar há muito tempo. Nada mais comum, nesses mais de cinquenta anos de história, que muitos antagonistas tenham cruzado o caminho do Time Lord mais temido das galáxias. No entanto, entre todos os que por lá passaram, alguns certamente deixaram sua marca, seja por serem especialmente assustadores, carismáticos, enigmáticos ou cruéis. Esse post é para lembrarmos um pouco os mais ”mais”, com enfoque na série após o reboot, já que o autor que vos fala ainda está em processo de assistir a série clássica. Então, vamos lá? Afinal, quem deseja conhecer todo o tempo e o espaço, tem que saber lidar com o que ele guarda de ruim também…

Daleks

Ok, há de se convir que os arqui-inimigos do Doutor- e dos Time Lords como um todo- não possuem a primeira vista uma cara muito assustadora ou hostil. No entanto, eles não poderiam faltar nesse post, não apenas por estarem presentes durante a maior parte da série– uma vez que sua primeira aparição remete ao episódio The Daleks, no início da série clássica, quando o doutor ainda era interpretado por William Hartnell e sequer existia o conceito de regeneração- mas também porque o conceito por trás deles é bastante interessante. Seres moldados para guerra e sobrevivência por seu criador, Davros, máquinas de exterminação sem sentimentos– exceto o ódio- que só pensam em conquistar e expandir seu império e sua raça. Para tornar tudo ainda mais macabro, a nona temporada introduziu alguns conceitos à mitologia: o fato de que Davros modificou a armadura das suas criações, de modo que mesmo que o Dalek dentro dela seja do bem, tudo que ele conseguirá falar é exterminar, acompanhado de um tiro fatal; e a introdução do cemitério dos Daleks, local no subsolo do planeta Skaro onde esses seres, imortais por causas naturais, apodrecem por toda eternidade… Tenso, não é mesmo?

Cybermen

São outros que estão no pedaço desde a série clássica, embora sua origem varie, ora se tratando de humanoides sobreviventes de uma catástrofe em outro planeta, ora apresentados como invenções de uma corporação terrestre em um universo paralelo. Seja como for, esses seres desenvolveram um gigantesco senso de sobrevivência e superioridade, de modo que invadem planetas ”melhorando” seus habitantes- sem autorização-  através de processos cirúrgicos dolorosos, que os tornam homens de lata igualmente sem sentimentos. Marca registrada da série, já renderam algumas boas histórias, embora as vezes os roteiristas exagerem na sua utilização…

Vashta Nerada

Primeira aparição: Silence in the Library

Esses, com toda certeza, ganham o prêmio de seres mais brutais do universo de Doctor Who, sendo capazes de se alimentar de toda a carne de sua vítima em questão de segundos, deixando apenas esqueletos. Como se não bastasse, a mitologia incorpora ares de paranoia ao inserir que eles só podem se mover no escuro, bastando que a sombra do pobre coitado encoste numa escuridão contaminada… Depois dessa, melhor deixar as luzes acesas.

The Empty Child (A criança vazia)

Aparição: The empty child

Autor da pergunta que se tornou icônica entre os fãs de Doctor Who, ”Are you my mummy?”- ou você é a minha mamãe?-essa criança sinistra tem tudo para figurar nos seus pesadelos. Ela vagava pelas ruas numa cidade devastada pela guerra, repetindo incessantemente a frase acima, com uma máscara de gás permanentemente fusionada à face. Como se não bastasse, ele podia mexer com aparelhos eletrônicos, fazer tocar telefones fora da linha- adivinha o que eles diziam quando atendidos?- e o que é pior: contaminar, com a maldição de ter a tal máscara colada na carne , qualquer um que sequer o tocasse. Sem dúvidas, o episódio no qual ele aparece está entre os mais assustadores do NewWho.

O Hotel

Aparição: The God Complex

O conceito do episódio parece saído do roteiro de um filme de terror. Um grupo de pessoas não relacionadas, inclusive de diferentes planetas, se veem presas em um hotel sem saber como chegaram até ali. Em cada quarto, o maior medo da vítima o aguarda, esperando para ser confrontado, e nos corredores uma besta vaga aguardando o momento de abocanhá-los.  Todo o ambiente criado ao redor das personagens, o mistério, a claustrofobia, e a iminência do perigo e do medo, fazem desse um episódio assustador.

Weeping Angels (Os anjos que choram)

Primeira aparição: Blink

Aparentemente estátuas inocentes de anjos que choram, se tratam de alienígenas altamente predatórios, cujo senso de camuflagem apenas permite que se movam quando ninguém está olhando. Mas não os subestime: apenas um mero piscar de olhos é mais do que suficiente para eles atacarem, pois são extremamente rápidos. Como se não bastasse, a mitologia inclui que uma foto ou qualquer imagem captada de um desses seres, eventualmente se torna um ser completo, tão fatal quanto o original… Tenso, não é? São os responsáveis pelos maiores sustos da série, e pela icônica frase ”Don’t blink”- ou não pisque- o conselho do doutor para aqueles que desejam sobreviver ao encontro com as estátuas. E todos sabemos o quanto dá vontade de piscar ao saber que não podemos…

The Silent (O silêncio)

Primeira aparição: The impossible astronaut

Detentores de uma das fisionomias mais assustadoras de Doctor Who, perdendo em minha opinião apenas para os infectados de Water of Mars, são seres extremamente enigmáticos e soturnos, que estiveram influenciando a história terrestre durante incontáveis séculos. O que os torna tão especiais, e tão bons na arte de passarem despercebidos, é que sua presença só pode ser notada enquanto eles estiverem sendo diretamente observados. Ou seja, assim que a vítima virar os olhos, se esquecerá completamente que teve contato com esses seres. Sabe aquela sensação de não estar sozinho, ou aquela situação de passar pela porta e esquecer o que foi fazer ali? pode ser o silêncio te fazendo companhia…

Midnight Entity (Entidade da meia-noite)

Aparição: Midnight

Nada torna algo mais assustador do que o desconhecimento; e é exatamente por isso que a chamada entidade do planeta Midnight assusta tanto. Nem nós, espectadores, nem o doutor sabem qualquer coisa sobre ela: o que é, o que quer, ou como é possível sua existência num local tido como completamente inóspito a qualquer ser… vivo. Todo o episódio se passa em um trem, e em apenas poucas horas esse ser misterioso bate na porta, entra sem ser notado ou convidado, toma o corpo da vítima e simplesmente começa a repetir… repetir tudo que falam ao seu redor, como se estivesse, como aponta o doutor, aprendendo, coletando informações; mas para quê? Trata-se de um dos poucos monstros de toda a série que jamais têm sua origem explicada, mas sua presença faz deste um dos episódios mais assustadores no quesito terror psicológico.

The Flood (A inundação)

Aparição: The water of Mars

Esse é daqueles episódios que fazem a gente valorizar o aconchego de casa, e desencanar dessa ideia de visitar outros planetas… sabe lá o que vamos encontrar! Aqui, a água de marte, antes congelada, passa a ser utilizada pela tripulação da primeira expedição humana ao planeta; no entanto, há uma contaminação que ninguém havia notado. Pouco a pouco, os infectados desenvolvem rachaduras pela face desfigurada, começam a escorrer como se estivessem derretendo; seus olhos diminuem, e seu senso de agressividade aflora: até que outra coisa toma seu lugar… Aqui sim, encontramos a fisionomia mais assustadora de todo Doctor Who, e vivemos o desespero dos cientistas que tentam, a todo custo, impedir essa ameaça de chegar ao seu objetivo final: a Terra.

The Master (O mestre)/Missy

Nêmesis do Doutor, e, assim como ele, um Time Lord, sua aparição remete à série clássica; mas como o foco é o New Who, vou falar dos intérpretes que a personagem teve após o reboot. O mestre é ambicioso, sagaz, e completamente louco. Desenvolve com o Doutor uma relação deturpada de amizade/ rivalidade, oscilando entre ódio e admiração. Mas, no fim do dia, seu interesse maior sempre será ele próprio, e a manutenção do seu ciclo de regenerações.

Durante a terceira temporada, com o ator John Simm, o personagem possuía um perfil mais louco do que o normal, e seus planos caminhavam a passos trôpegos sobre a tênue linha entre o cruel e o ridículo- como, por exemplo, transformar todos da terra em uma cópia de si mesmo. Já Michelle Gomez, primeira mulher a interpretar o Mestre( agora Missy) encontrou seu equilíbrio entre a engenhosidade e a indiferença pela vida dos outros, exalando carisma e levando o espectador a até mesmo simpatizar por ela em alguns momentos. Mas não se engane: suas ações são direcionadas tão somente ao seu benefício pessoal.

E você, leitor? assiste Doctor Who? tem alguma sugestão de vilão que podemos ter deixado de fora da lista? nos conte nos comentários!