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Outcast – 1×08 : What Lurks Within

Por: em 3 de agosto de 2016

Outcast – 1×08 : What Lurks Within

Por: em

“O maior truque realizado pelo diabo foi convercer ao mundo que ele não existia.”– Os Suspeitos (1995)

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Com um pouco de atraso porém já começo a review afirmando: What Lurks Within foi o melhor episódio de Outcast até agora – e me fez ter uma perspectiva melhor para o futuro. Toda sequência de abertura e construção da narrativa nos fez questionar tanto na série quanto na vida (#drama) nossos conceitos sobre o que é o mal. Afinal, poderia uma pessoa possuída ser melhor que o seu eu humano?

A resposta que ouvimos foi  que sim. Um dos pontos fortes de Outcast até agora é o mistério que gira em torno do que exatamente está dentro daquelas pessoas. São demônios como usualmente conhecemos? Não há como saber ainda, mas eles já começam a se afastar do clichê ao serem retratados como algo que aprende a existir em sociedade e a coexistir com o seu hospedeiro.

Não obstante, nós sabemos o mal que eles podem trazer consigo – vide os horrores vividos por Kyle com a mãe e o estupro seguido de morte de uma mulher. Ainda sim, essas entidades não foram somente retratadas como a figura rasa de um ser que só traz as trevas, muito pelo contrário, eles conversam, convivem tranquilamente e despercebidos entre os cidadãos e graças a este episódio (e a loucura de Anderson) eles começam até poder a ser relativizados dentro de um contexto específico.

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Com todo aprofundamento da história de Sidney – outrora um sádico com todo molde de pedófilo – apreendemos que alguns desses acontecimentos, sempre retratados como desgraça, podem trazer beneficies. Além disso, toda explicação de que eles não controlam os seus destinos (realizando-se aleatoriamente dentro de uma pessoa) os faz inclusive mais relacionáveis. Ora, imaginem se vocês acordassem amanhã no corpo de uma pessoa desconhecida – sem saber como ou o motivo de estarem ali – talvez tivessem reações semelhantes às deles. E essa pode ser descrita como a beleza de What Lurks Within: finalmente conseguiu promover a catarse do espectador para dentro da história.

Ora, se vocês fossem o Kyle, teriam feito diferente? Sabendo que poderiam deixar um humano monstruoso livre novamente? Ademais, com a solução do mistério do trailer, tudo ficou ainda mais palpável. O duvidoso Ogden se provou apenas uma pessoa que se viu no meio de algo que ele não compreendia, porém resolveu abraçar e – junto com a amada esposa Kat – promoviam naquele sinistro local um tipo de reabilitação para demônios recém chegados (e descontrolados).

Sabe o que toda esta trama me lembrou? Eu, como jovem moça que sou, acompanhei (acompanho) alguns desses dramas vampirescos adolescentes. Não é raro ver neles essa temática do descontrole dos recém transformados, controlado depois de algum tempo – possibilitando à eles inclusive grandes amores épicos e milhões de fãs espalhadas pelo mundo. Por que não criar algo parecido com os demônios? É muita viagem?! Ora, vale lembrar que Robert Kirkman foi capaz de nos fazer torcer por alguns zumbis!

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Todo esse processo de humanização das personificações se potencializou com o descontrole de Anderson. Toda compreensão da versão de Sidney pela parte de Kyle deixou a – à princípio – dupla dinâmica em uma posição muito desconfortável. O rapaz conseguiu entender um pouco mais do seu papel dentro daquele cenário, onde – segundo o senhor Formation World Tour – ele inexplicavelmente funciona como um para-raio. Uma pessoa que atrai as trevas para perto de si, mas não com exclusividade. Visto que toda a cena antes dos créditos iniciais deixaram subentendido que Sidney não morava em Rome ou tinha qualquer tipo de proximidade física com ele quando recebeu a “trevosa” visita  –  que se revelou mais humana que o seu eu anterior ao libertar aquele garoto, claramente condenado à um destino nada auspiocioso.

Se a tensão entre Kyle e o Reverendo seguiu numa crescente durante todos os capítulos até aqui, motivada por diversos desentendimentos ideológicos em uma verdadeira batalha de egos, em What Lurks Within ela chegou ao seu auge. Humilhado e sem nenhuma moral depois de se expor publicamente diante de toda a cidade, Anderson sai em uma malfadada cruzada para fazer valer a sua palavra – ainda mais depois de Giles levar o Sidney para a prisão.

Ele não só sequestra a esposa possuída de Ogden, como a agride e quando confrontado por Kyle sobre sua atitude, ele força o jovem à exercer o seu poder – trazendo a tão controversa dor àqueles a quem ele toca nesta condição. Kyle desde o princípio se questiona se o seu efeito sobre essas pessoas pode realmente ser considerado bom – vide o estado que elas ficaram depois. Ele então realiza que precisa aprofundar melhor seus conhecimentos sobre a realidade, antes de agir novamente – algo que nunca desceria para Anderson – cuja vida foi completamente entregue à esse propósito.

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Os dois chegam às vias de fato, e completamente humilhado – ele é expulso da congregação, ou seja, perde a única função que sempre lhe foi cara – e procura conforto na única pessoa que parece estar ao seu lado diante de toda essa confusão: Patrícia. Aliás, promovendo a completo descarte de Anderson como clérigo e como ente da sociedade de Roma, me fez (surpreendentemente) conseguir começar a criar um pouco de empatia por ele.

Primeiramente por que a gente realmente não pode afirmar que toda essa pintura colorida dos demônios é realmente verdadeira – basta lembrar de uma tal fusão mencionada por Mildred (#sdds), implicando que a presença destas entidades ao redor de Kyle têm sim um propósito escuso. Logo, ao que tudo indica, essa conformidade com a situação pode se desdobrar em algo muito MUITO ruim. Eu imagino que essa fusão seja algum tipo de ritual que vá usar os dons de Kyle para potencializar o controle dos demônios sobre os humanos, algo do gênero que vemos em histórias como Constantine – em suma, instalar o inferno na terra.

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Do lado mais humano da trama tivemos a bela e sensível reconciliação entre Mark e Megan depois da vida deles sair dos trilhos diante de um passado traumático que voltou para perseguir a ruiva. Se no começo eu acreditei que o policial fosse ser pintado como um canastrão, longe de qualquer possibilidade de simpatia, eu queimei a minha língua. Mark lidou com toda situação de maneira mais que exemplar, exaltando a importância da esposa e sua família em sua vida. Me vi recebendo um cafuné no coração ao vê-los se abraçando e trazendo novamente a harmonia à casa dos Holter.

Harmonia essa que provavelmente está com seus dias contados – aquela máxima “depois da tempestade vem a bonança” geralmente é pode ser complementada com “e depois da bonança vem a tragédia”. Ora, finalmente Kyle abre o jogo com a irmã sobre tudo o que aconteceu com ele na noite que Allison foi parar no hospital e a filha ficou em coma. Foi ótimo ver os dois irmãos estabelecendo essa conexão de confiança total em prol de uma eventual possibilidade de felicidade para Kyle com a família. Mas toda a cena do congraçamento entre eles – com ele sendo inclusive bem recebido pelo cunhado – convergiu em uma sinistra oração pela filha de Megan.

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Ou seja, Kyle ainda será o infortúnio para os seus entes queridos com essa trégua – pois tenho certeza que aquelas palavras antes da janta não foram tão inocentes assim. Me pergunto se Holly também está possuída ou ela possibilitou de alguma forma um canal para trazer esse destino para alguém sentado àquela mesa – quero dizer – tenho certeza que veremos em breve Megan completamente trevosa, pois apenas ela nesse momento poderá tirar o aparente controle que Kyle acreditar ter da situação.

Bem, antes de concluir eu gostaria de deixar claro que – mesmo tendo feito o seu melhor trabalho – Outcast ainda não mostrou à que veio. A série testou a nossa paciência por 8 episódios, pautados pela total falta de ritmo em prol de estabelecer mais do que necessário os seus personagens. Talvez se tivéssemos visto o que vimos encaixado mais cedo na temporada, não teríamos tantas reticências para nos posicionar neste momento.

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Estamos apenas à 2 episódios da conclusão do primeiro ano, e não há muito tempo de aparar muito as pontas. Para encerrar deixando aquele gostinho de ansiedade para  segunda temporada, o foco precisa se colocar completamente nesta interessante balança da humanidade pendendo entre o bem e o mal – o ponto mais forte do enredo até então.

Fique agora com a promo de Close to Home, que vai ao ar dia 7 de agosto na Fox Brasil:

E vocês? O que acharam do episódio? Acham mesmo que ser possuído pode ser uma coisa boa? Fiquem a vontade para debater nos comentários!

Observações:

– Migo, eu queria muito dar uns tapas na cara daquele Rony Wesley de araque! Se o antigo Sidney conseguir realmente manter a sua existência dentro dele, pode ser um sinal de que o homem pode em algum momento deixar de coexistir pacificamente e voltar a tomar o controle sobre si. Aliás, a minha principal teoria sobre o misterioso plano da Fusão é exatamente essa – eles querem eliminar de vez qualquer possibilidade do hospedeiro se manter vivo dentro deles. Faz sentido, não?

– “You land where you land, and I wound up with a real winner.”

“My friends mean a lot. I will cross the line to protect them.” – Chefe Gilies melhor personagem? Sim ou sim? Sou muito mais ele formando dupla com Kyle, a química entre eles é bem mais interessante.

– Nem sei se acho a boa Kyle ir atrás da esposa…

– Acho que a mãe do Kyle vai acordar em breve…

– To esperando Outcast se aprofundar na história do Reverendo – é quem falta dos personagens principais e ajudaria muito a compreender melhor as motivações dele nessa batalha. Já sabemos que ele tinha um filho… ou tem?

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Lívia Zamith

Nascida em Recife, infância no interior de SP e criada no Rio. Vivo e respiro Séries, Filmes, Músicas, Livros... Meu gosto é eclético, indo do mais banal ao mais complexo, o que importa é ter conhecimento de causa.

Rio de Janeiro - RJ

Série Favorita: São muitas!

Não assiste de jeito nenhum: Friends (não gosto de sitcoms)

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