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Outcast – 1×09 Close to Home / 1×10 This Little Light (Season Finale)

Por: em 23 de agosto de 2016

Outcast – 1×09 Close to Home / 1×10 This Little Light (Season Finale)

Por: em

Nestas ultimas semanas, por conta das Olimpíadas e uma necessidade de estudar maior que o usual, eu acabei optando por trabalhar a resenha dos últimos episódios da primeira temporada de Outcast em combo – aproveitando para ficar em dia com vocês e colocar tudo em ordem novamente! E,por conta do que vimos em Close to Home (exibido dia 7 de agosto) e This Little Light (season finale, exibido dia 14 de agosto) as coisas ficaram bem mais densas – e com muitos sentimentos envolvidos! Como de costume, vou tentar mitigar tudo para vocês. Então falarei separadamente sobre os capítulos, resenhando a reta final da aposta de Robert Kirkman para este ano, ok? Da a mão aqui e vem comigo!

1×09 – Close to Home

O penúltimo episódio da temporada de Outcast representou um consistente desdobramento de toda narrativa apresentada até então sobre a jornada de Kyle Barnes contra o mal. Se, inicialmente, a série preguiçosamente apostou no formato procedural – ou seja – apresentando possessões episódicas, em sua reta final. A progressão foi lenta, nós precisamos admitir, mas o cenário que Close to Home estabeleceu para o season finale foi daqueles de persuadir qualquer espectador à ansiar por mais.

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Desde o princípio venho repisando que em alguns momentos esta nova adaptação da obra de Kirkman pecou pela falta de ritmo, testando a nossa paciência – mas, o que podemos dizer agora é que, de uma forma ou de outra, Outcast foi eficiente no estarte da construção da sua mitologia, sem entregar muitos detalhes do futuro. Ou seja, nós queremos ver mais.

Então vamos começar pelo primeiro shot de água benta que foi a possessão de Megan. Desde o princípio foi óbvio concluir que a irmã de Barnes seria uma provável hospedeira dos muitos demônios que passaram a pipocar em Rome, mas a previsibilidade do acontecimento não tirou nem um pouco o seu impacto, seja no enredo ou nos espectadores.

Apesar de não ser a protagonista da história, Megan é a pessoa que cuja trajetória foi a mais complexa e envolvente. Era fácil trazê-la para o mundo real, fazendo o cotidiano de Rome parecer um pouco mais catártico. Primeiramente apresentada como a irmã cheia de vida de Kyle, aos poucos foram sendo entregues mais dimensões à ruiva, desconstruindo toda primeira impressão que tivemos no Piloto. Abusada sexualmente na infância, ela conseguiu no irmão o apoio para superar a fase e levar um pouco de justiça ao seu agressor – o que transformou o laço entre eles em algo muito mais sensível, sendo até incompreensível destarte já que em tese Kyle vinha de uma acusação de agressão que teve como consequência a ordem de restrição que o fez deixar a esposa e Amber para trás.

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Mas Megan, apesar de não saber o que realmente havia acontecido, nunca deixou de apoiar o irmão adotivo e incentivá-lo à tentar novamente levar uma vida normal. Depois de tudo, nós tivemos que testemunhar a dor e a força de uma mulher que foi obrigada a ficar novamente de frente com a pessoa que fez da sua adolescência um filme de terror, um demônio nada sobrenatural que reaparece para tumultuar novamente a vida que ela – mesmo com todas as intempéries – conseguiu.  Um marido protetor e uma filha linda, bem como o seu relacionamento com eles, ficaram dentro do radar de um sociopata que, com outros meios, conseguiu desvirtuar Mark para fora da correção esperada de um policial e promover um colapso financeiro da família Holter. Mesmo com tudo isso, o casal foi capaz de achar um meio termo e reencontrar as esperanças de que juntos eles poderiam continuar dando certo.

Mas tudo isso fez de Megan um receptáculo fácil para abrigar um demônio sem corpo. Se uma coisa ficou clara é que estas entidades costumam abrigar-se dentro de pessoas que possuem algum tipo de fraqueza. Infelizmente Megan estava com muitas fissuras para resistir, e sua humanidade foi subjugada da pior maneira possível. Depois de comunicar a gravidez ao marido, que a considerou como um sinal de esperança para o futuro deles, o mesmo Mark deu o último suspiro depois de ser atacado pela mesma. A cena chocou, foi forte e intensa. Não dá para saber se ali dentro ainda havia algum pedaço da ruiva. Foi a transição mais nervosa que Outcast entregou até agora.

Enquanto tudo isso acontecia, o Reverendo Anderson remanesceu com os seu problema de ego, sem conseguir manter a cabeça no lugar e pensar com inteligência em uma maneira de lidar com todo problema instalado em sua congregação. Depois de Patrícia convidá-lo para morar com ela, Anderson tenta mais uma vez restabelecer o seu posto com o conselho da  paróquia. O que ele não esperava é que Sidney tivesse estendido suas asinhas, conseguindo comprar sua influência, fazendo-se mais uma vez de vítima diante de todos quando mais uma vez o clérigo o ataca diante de todos.

Outcast season finale-004.bmpO demônio provou mais uma vez a sua inteligência, não dando para Gilies nenhuma opção senão levar o amigo algemado pela agressão. Aliás, nesta reta final, o Xerife se colocou como uma dos poucos personagens razoáveis dentro de todo contexto sem qualquer explicação que ele se deparou. Ele é uma das poucas pessoas que ainda conseguem manter algum tipo de fé em Anderson, bem como – sem saber muito dos detalhes – sabe que Sidney é muito mais do que demonstra. Ainda mais depois dele obrigar Ogden à deixar a cidade com Kat, não sem antes receber uma ameaça de que coisas muito piores estão por vir – mais uma referência a fusão (merge) que vem sendo sinalizada por toda temporada.

Desde o princípio ficou claro que a única coisa que o motivava a se manter na luta contra o mal desconhecido que o perseguia é o perigo que isso traz para as pessoa que ele ama. Desde que Alison fugiu, deixando a filha para trás, ele desesperadamente se colocou em busca da esposa – já que o fato dela conseguir lembrar de tudo que fez poderia despedaçá-la de uma forma que nem os poderes de Kyle poderiam remediar. Ele então encontra a mãe de sua filha internada em uma clinica para pessoas com problemas mentais onde haveria de acontecer um reencontro deveras emocional, onde ela diz que a única pessoa capaz de criar Amber seria ele. Afirmei isso no futuro do pretérito pois Kate Lyn Sheil mais uma vez demonstrou  ser uma atriz inexpressiva.

Então com Megan possuída e Mark morto, Kyle recebe uma ligação em pânico de Amber dizendo que a tia estava “doente como a mamãe”. Olha, esta cena valeu pelas semanas acompanhando pacientemente a lenta evolução da história de Outcast. Cada pequeno passo que foi dado nesta temporada foi guiado para este momento. Como eu disse, a conclusão de Close to Home era lógica, mas talvez é isso que à faça tão comovente. Por semanas acompanhamos Kyle refutar qualquer obrigação que Anderson incumbiu à ele. A noção de que ele tinha um dever iluminado de ajudar os que recebiam o beijo das trevas era algo bom, mas que no final sempre trazia uma consequência dolorosa: como, por exemplo, a sua mãe que ainda está deitada em estado catatônico na cama de um hospital.

Desta forma, vemos Kyle, Anderson e Giles – cada um da sua forma – reconhecendo que as coisas não tinham como serem ignoradas, em prol deles continuarem vivendo suas vidas. Qualquer que seja o planejamento de Sidney junto às suas entidades, ele precisa ser impedido. Infelizmente para pessoas como Mark, que conseguiram se provar mais humanas à cada episódio, não há mais salvação. Close to Home lança para cima a bola à ser cortada pelo season finale.

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1×10 – This Little Light (Season Finale)

This Little Light veio para fechar a temporada de maneira quase perfeita, respondendo solidamente algumas perguntas – mas também, levantando mistérios que nos provocam à ansiar pela 2ª temporada.  Durante a construção da história, eu falei mais uma vez em minhas resenhas que a série acertava quando focava mais nos demônios “reais” – deixando a ameaça sobrenatural como artifício latente para o desenvolvimento da trama.

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Quem acompanha The Walking Dead já deve ter ouvido mais de uma vez dos responsáveis pela sua produção que ela não é sobre zumbis, mas sobre pessoas. Poderia dizer o mesmo de Outcast – a jornada de Kyle pode ser colocada em paralelo com a de Rick Grimes em diversos momentos, ressaltando que nem sempre os demônios serão responsáveis pelos dramas que aparecerão em sua vida.

Nós vimos diversas formas de violência serem perpetradas na série, logo mesmo que algumas fossem consequências de ações demoníacas, de alguma forma nós conseguimos nos relacionar. O maior exemplo disso é Megan, que teve seu corpo mais uma submetido às vontades de  forças alheias. É incomodo como as mais diversas violências, bem como as suas consequências, em uma realidade fantástica, são carregadas de verossimilhança.

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This Little Light foi eficiente em trabalhar o gancho explosivo deixado no final de Close to Home, bem com repercutir alguns temas que colocados de forma em passant durante a temporada.  Wrenn Schimit esteve estupenda mais uma vez, com uma performance dilacerante de uma Megan possuída. Já havia nos sido afirmado que os demônios recém chegados experimentavam uma dor lacerante ao ocupar seus hospedeiros, mas a atriz conseguiu impor uma visão que até poderiam causar certa empatia à angústia que essas entidades experimentam ao se realizar dentro de uma pessoa. Ainda por cima, não ficou muito claro se Megan – sempre muito determinada como humana – ainda estava ali. Surge novamente o questionamento se eles são mesmo a representação do mal ou apenas almas perdidas.

Toda sequência inicial mostrando a visão externa dos acontecimentos que se sucederam enquanto assistíamos Mike ser morto pela esposa em Close to Home foi aterrorizante. Enquanto o pai era morto no andar de cima pela mãe, Holly e Amber estavam roubando comida no andar de baixo – com medo da reação da ruiva ao descobrir o pote quebrado. As crianças então se deparam com algo muito pior: a irmã de Kyle coberta de sangue e um corpo estendido no chão. Olha, toda cena se equiparou com os melhores filmes de terror – paralelamente à confusão de Holly havia o terror de Amber com o deja vu causado pela cena, vista de uma perspectiva infantil, o que deixa tudo muito pior.

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Tudo culmina em Kyle e Anderson desesperadamente invadindo a casa para atender o chamado da filha, para encontrar o cadáver no banheiro e as meninas escondidas inacreditavelmente seguras no armário. Eles então partem para casa de Gilies, única opção razoável naquele momento, afinal alem de precisarem de reforços, a residência da família Holter indicaria legalmente um crime. Creio que pela primeira vez o Xerife não foi tão compreensível – ele mesmo afirmou reiteradas vezes que seus amigos eram a única coisa que o tiraria dos trilhos. Não só um amigo foi morto, como um colega de profissão – depois de uma certa resistência, ele acaba cedendo aos pedidos de Anderson e Kyle – porém a sua hesitação em aceitar toda explicação foi algo bom para o personagem, já que mesmo sabendo que algo inexplicável estava acontecendo em sua cidade, ignorar os fatos por eles serem potencialmente sobrenaturais não cairia muito bem para um homem de valor como ele.

A questão é que todo plano maléfico instaurado desde o início começou a torna-se realidade. Kat e Ogden que haviam sido praticamente expulsos da cidade, são interceptados por Sidney que os incumbe da tarefa de cuidar de um berçário de demônios no coração de Rome. Concomitantemente, Kyle e Anderson saem em busca de Megan, enquanto também resolvem as suas diferenças. Anderson pela primeira vez assume sentir inveja do dom do rapaz, ao mesmo tempo que ele admite que os conhecimentos do reverendo são imprescindíveis para conseguir enfrentar uma ameaça cada vez mais concreta.

O que eles não contavam é que Sidney conseguiria não só alcançar Megan que, instintivamente foi em busca do irmão, mas que estava em seus planos a captura de Amber. Não restou nenhuma opção à ele senão se entregar ao misterioso homem, também sob a promessa de que ele lhe daria mais informações sobre quem e o que ele é.  A claustrofobia se instaurou com a condução de Kyle, permeada de flashs que indicavam que a segurança da sua família sempre foi a sua principal preocupação.

O Reverendo Anderson finalmente se mostrou útil ao ajudar Kyle e Amber à sair do armário em que eles estavam presos, deixando espaço para Megan atacar o irmão, não dando chance de defesa. A grande revelação então vem como o fato de Amber também possuir os mesmos dons e, ao tentar livrar o pai das garras da tia possuída, consegue exorcisar o que for que fosse que estava lá dentro. A tentativa à uma primeira vista inocente de Amber depois deixou transparecer que ela sabia exatamente o que estava fazendo, pois ela manteve o contato físico até o monstro de Lost ser expelido para então sumir.

Megan agora, além de tudo, vai ter que lidar com o fato de Mark estar morto, deixando essa virada psicológica para ser trabalhada na 2ª temporada. Bem como a enigmática origem de Kyle, que Sidney afirmou ser a mesma de todos esses demônios que o perseguem – provavelmente é algo que tenha haver com alguma atitude da mãe no passado ou até uma possível investigação de paternidade, já que tal possibilidade ou paradeiro nem foi ventilado ainda.  O que não ficou muito claro foi a última cena: Pai e filha estão em busca de um lugar para recomeçar, mas de uma hora para outra, todas as pessoas (ou possuídos) no posto de gasolina os encaram.

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The Little Light foi o melhor episódio da temporada, preparando terreno para um futuro auspicioso – O Reverendo equivocadamente incinerou o filho de Patrícia achando que era Sidney, Gilies encobriu as circunstâncias da morte de Megan, a ruiva também terá um caminho tortuoso pela frente (mas tem potencial para se tornar uma grande aliada do Kyle. Lembrando que ainda há toda essa história da fusão, um grande evento demoníaco, cuja função e finalidades ainda nos são desconhecidas. Agradeço à todos pela companhia nesta temporada e até a próxima!

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Lívia Zamith

Nascida em Recife, infância no interior de SP e criada no Rio. Vivo e respiro Séries, Filmes, Músicas, Livros... Meu gosto é eclético, indo do mais banal ao mais complexo, o que importa é ter conhecimento de causa.

Rio de Janeiro - RJ

Série Favorita: São muitas!

Não assiste de jeito nenhum: Friends (não gosto de sitcoms)

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