Chegando à metade de sua temporada inicial, Preacher apresenta, em South Will Rise Again, um episódio mais intimista e destinado a explicar (e explorar) o laço entre seus personagens principais. É uma escolha acertada e que trouxe também um ritmo mais ágil e situações bem mais interessantes que as que estavam sendo mostradas até aqui. Pouco a pouco, a série da AMC vai montando seu quebra-cabeça e o resultado que está sendo apresentado é cada vez mais empolgante.
Na linha de frente, continuamos com Jesse, cada vez mais metendo os pés pelas mãos com o uso da Voz. O que fica perceptível agora é que o pastor entendeu o poder que possui, mas ainda não tem a menor noção das consequências do mesmo. Ele “dá ordens” a torto e a direito, observa as pessoas cumprindo-as, mas não investiga o que vai existir após isso. Semana passada, ele exigiu que Odin servisse a Deus e, na cena final deste episódio, assistimos ao negociante matando, a sangue frio, diversas pessoas. O Odin de agora parece muito mais firme, metódico e frio do que o de antes. Seria isso alguma consequência direta do uso da Genesis? Até onde Jesse tem esse poder?
A conversa de Custer com os dois anjos dá uma das dicas – e o fato da cena da “chacina” de Odin ter sido exibida logo depois deles afirmarem que a Genesis não é Deus, como Jesse estava imaginando, não parece ter sido uma montagem aleatória (afinal, estamos falando de um produto da AMC). A Genesis é, antes de tudo, um prisioneiro. Algo pelo qual Fiore e DeBlanc estão dispostos a entrar numa missão clandestina do céu, arriscando seus “empregos” e sabe-se lá mais o quê. É uma faca de dois gumes e com os recentes acontecimentos, não deve demorar para que Jesse veja suas “habilidades” se voltarem contra ele próprio.
E no meio disso tudo, o preacher talvez ainda precise lidar com Donnie. O cara foi o primeiro a entender que as pregações de Jesse não são apenas pregações e por mais que ele esteja assustado o suficiente pelo incidente com o revólver para fazer algo por agora, ele não deve se calar por muito tempo. Nesse momento, ele está mais assustado do que qualquer outra coisa (o que é totalmente natural, visto a situação pela qual passou), mas cedo ou tarde, ele vai começar a questionar a influência de Custer nas pessoas de Annville (como já fez com Odin) e quando isso acontecer, aparentemente sua mulher vai estar ao seu lado para fazer Jesse pagar seja lá pelo que eles acreditam que ele deva pagar. Acredito que tenha alguma história aí no passado, até mesmo pelo título do episódio.
Enquanto isso, no entanto, Jesse cheio das boas intenções e é muito bacana o que ele faz pra tentar dar um pouco de paz a um perturbado Eugene. A interação entre os dois personagens e o pequeno desenvolvimento que o roteiro concedeu ao curioso personagem foi ótimo. Ainda existe muito o que ser contado aí, mas já ficou claro que Eugene tem algum tipo de relação direta com o coma de Tracy (talvez seja até mesmo o causador) e nem a mãe da garota, nem seu pai e muito menos ele se perdoa por isso. As cenas do garoto vendo a pichação em sua parede e depois a discussão com o pai foram ótimas e mostram que tem há uma história legal e que logo deve ser exposta pelo roteiro de forma mais clara. É bacana ver a série ligando pontos aparentemente soltos e provando que sabe para onde está caminhando e qual história quer contar e parece ter sido esse o início de uma relação maior entre o pastor e Eugene.
Da mesma forma, Cassidy e Tulipa também parecem ter começado a desenvolver algum tipo de relacionamento mais… pessoal. A interação entre os dois personagens foi ótima e nos rendeu cenas memoráveis, como Tulipa questionando-o sobre todos os mitos existentes a respeito de um vampiro e ele falando que está apaixonado por ela. Os momentos mais interessantes aqui são quando ela fala sobre o “namorado” que tem e que está esperando para poder ir embora. É muito admirável a lealdade cega que a garota tem por Jesse, mesmo com ele afirmando com todas as letras que não pretende voltar a sua antiga vida e que ser pastor (e por tabela, ficar longe dela) é exatamente o que ele quer agora. Não faço ideia de como tudo vai convergir para que as duas duplas se transformem em um trio, mas com a aproximação do vampiro com a jovem, o momento não deve estar longe.
Outro momento relativo a isso e que pontua bem o quanto Tulipa não quer desistir de Jesse é a cena da lanchonete, onde ela o confronta sobre o passado dos dois e nos dá a entender que, no passado, os dois estavam envolvidos em algum tipo de contrabando de répteis. O que é verdade e o que é mentira da história do dragão de komodo, só o tempo (e o roteiro) vai nos dizer, mas mesmo que a coisa não seja inteiramente verdade, certamente não existem muitas diferenças no que realmente aconteceu no passado deles.
Por último, mas não menos importante, os 8 minutos iniciais do episódio foram dedicados a mais um capítulo na história do Cowboy/Santo dos Assassinos. Não dá pra falar muito sobre esse momento, porque nada ainda está muito claro, mas não há como negar que tem sido feito um ótimo trabalho de expectativa em torno do personagem e acredito que irá valer a pena a espera. Até agora, Preacher não decepcionou em unir partes até então desconexas em uma mesma linha narrativa (tivemos nesse episódio mesmo o caso de Tracy e Eugene) e não acredito que o fará com um personagem tão misterioso e tão fascinante.
Chegamos à metade da temporada e a trama de Preacher ganha cada vez mais vigor. As perspectivas são otimistas. E você, o que tem achado? Está gostando da temporada? Não esqueça de deixar seu comentário!
