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Preacher – 1×06 Sundowner

Por: em 5 de julho de 2016

Preacher – 1×06 Sundowner

Por: em

Repleto de mitologia e com um significativo avanço de informações, Sundowner foi fácil o melhor episódio de Preacher até aqui e tirou de Jesse a alcunha de não saber de nada e usar seu novo poder a bel prazer. O roteiro da série merece elogios por conseguir esclarecer diversos pontos sobre a Genesis e acrescentar algumas camadas interessantes ao cerne da trama contada sem precisar usar de didatismo excessivo.

Sabemos agora que a chamada “Voz de Deus” na verdade pouco tem de divino. Nascida do amor proibido entre um anjo e um demônio durante a Guerra Infidável entre o Céu e o Inferno, estamos diante de uma entidade que, como Fiore e DeBlanc colocaram, pode colocar todo o equilíbrio da humanidade em risco. A mitologia existente por trás da criação, por mais que não traga de novo (quem consume muitos produtos de fantasia já deve estar acostumado a essa dualidade Céu X Inferno e Anjos x Demônios), é bastante interessante não só pela Genesis em si, mas por todo o leque de possibilidades que abre para que a trama explore.

Serafim-Preacher

Não foi com surpresa que recebi o modo como Jesse lidou com as revelações. Pra ele, não fez muita diferença saber a origem da Genesis. Era óbvio que ele não a entregaria de volta a Fiore e DeBlanc, que agora se revelaram guardiões da entidade. Ele continuará usando o poder, talvez agora com um pouco mais de cautela, mas não vai ceder aos dois, o que combina perfeitamente com tudo que vimos do personagem até agora. O grande problema disso tudo é que aparentemente os dois anjos de terno não são as únicas pessoas irritadas com a fuga da Genesis. 

A presença da garota loira identificada como um Serafim (aparentemente uma classe de anjos diferente que procura zelar pela paz e pela justiça, e por isso está atrás de Jesse e da Genesis) mostra que, por algum motivo ou outro, mais gente quer tirar Gênesis dele e não vão medir esforços pra isso. As cenas iniciais do episódio, inclusive, com os dois anjos e Custer fugindo da Serafim foi excelente, com ela reaparecendo a cada vez que era morta. Disso tudo, o que fica também é o questionamento do porquê Jesse foi escolhido – se é que ele foi mesmo escolhido e Gênesis, na verdades, queria apenas “fugir” de sua prisão e possuiu o primeiro que encontrou, o que eu realmente não acredito. O que sabemos é que, ao menos na cabeça de Custer, ele acredita ter sido escolhido por motivos específicos e vai fazer o que estiver ao seu alcance para se mostrar “digno” (ou fazer valer) o novo poder.

Emily - Preacher

Nesse sentido, é bem interessante a conversa que ele tem com Miles, sobre as muitas vozes em sua cabeça dizendo o que fazer. Pelo modo como Jesse colocou as coisas, ele realmente acredita que é algum tipo de chosen one divino e vai fazer de tudo para agir em prol da sua concepção de certo. O problema é que “certo e errado” são conceitos tão mutáveis e subjetivos que, no final das contas, a bagunça pode ser grande e machucar muita gente inocente.

Paralelo a isso, tivemos uma aproximação nada usual mas bem interessante entre Emily e Tulipa. Mais uma vez, fica a prova do quanto Tulipa é apaixonada por Jesse e não consegue aceitar que ele está levando algum tipo de vida que não a inclua. Invadir a casa da garota e fazer aquele escândalo é algo que uma pessoa impulsiva e ciumenta faria e é muito bacana ver essa personalidade passional em uma personagem tão forte e dura como Tulipa. No fundo, Custer também parece guardar um pouco de amor por ela. A doçura com que ele fala “minha tulipa” quando Cassidy o questiona sobre sua tatuagem na cena em que eles estão esperando as roupas serem lavadas denuncia isso. O que vai ser gerado da nova ligação entre as duas personagens ainda não dá pra saber, mas com certeza pode sair algo de bacana daí.

Eugene

É na figura de Eugene, na cena final, que Jesse encontra seu principal momento de rápido questionamento, posterior motivação e uma demonstração dos seus poderes. Por mais que Jesse tenha feito com que o perdão lhe fosse dado, agora ele não quer mais isso. Ou, melhor colocando, não se acha digno disso. Eugene é, de fato, um dos melhores personagens da série e ainda espero ver, nesta temporada, algum maior desenvolvimento de sua história. Qual sua relação com a garota em coma, o que deixou seu rosto dessa forma e especialmente como ele irá trabalhar sua estima pessoal. Com sua ida ao inferno – literalmente, graças a um impulso de Jesse e um alto Go to Hell  -, sua trama promete ficar bastante interessante.

Como Jesse vai lidar com o fato de ter acidentalmente mandado o garoto para o inferno e com esse novo conhecimento da amplitude dos seus poderes, teremos que esperar para saber. Foi o encerramento perfeito para o melhor episódio até agora de uma série que, semana após semana, só cresce. Temos apenas 4 semanas até a season finale e acredito que até lá o ritmo não deve desacelerar.

Que Jesse seja por nós!

Outras observações:

— Deu um pouco de pena da tristeza na voz do Cassidy quando percebeu que a tulipa de Jesse era na verdade a mesma por quem ele está apaixonado. Só espero que isso não estrague a amizade maravilhosa do vampiro com o pastor, que é a melhor coisa da série. Incrível a cena dos dois conversando sobre tatuagens e bebendo enquanto esperam as roupas lavarem.

— Jesse perguntando a Emily se “aquilo é bom” dá a entender que, por mais que ele ache que está fazendo a coisa certa, ainda tem aquele 1% dele que está em dúvida.

— Se organizar direitinho, todo mundo fica feliz: Jesse e Emily / Tulipa e Cassidy.

— Não consigo ver onde a história do Odin vai dar.

Segunda temporada confirmada! 


Alexandre Cavalcante

Jornalista, nerd, viciado em um bom drama teen, de fantasia, ficção científica ou de super-herói. Assiste séries desde que começou a falar e morria de medo da música de Arquivo X nos tempos da Record. Não dispensa também um bom livro, um bom filme ou uma boa HQ.

Petrolina / PE

Série Favorita: One Tree Hill

Não assiste de jeito nenhum: The Big Bang Theory

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