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Preacher – 1×09 Finish The Song

Por: em 26 de julho de 2016

Preacher – 1×09 Finish The Song

Por: em

A um episódio do season finalePreacher dá um belo exemplo de como construir uma narrativa não linear e, no fim, ligar todos os pontos. Os momentos com o Santo dos Assassinos, que até o ato final desse episódio, pareciam algum tipo de arco aleatório para apresentar o personagem, agora mostram-se vitais para a conclusão do primeiro ano da série e ligam-se diretamente a história de Jesse, a Genesis e os anjos Fiori e DeBlanc. Mas não coloquemos o carro à frente dos bois e comentemos primeiro os outros acontecimentos de Finish the Song, que foi excelente – diria que o melhor da série até aqui.

cassidy-preacher

Semana passada, eu comentei que depois dos acontecimentos envolvendo Eugene, Jesse finalmente tinha entendido que ter a Genesis não lhe dava o direito de julgar ninguém ou de ser um completo babaca com seus amigos e foi muito bacana ver, por A+ B, que algo realmente mudou dentro do pastor depois que acidentalmente enviou o rapaz para algum tipo de inferno. O melhor momento deste episódio é quando ele encontra um Cassidy totalmente abatido e debilitado (muito bem feito pela produção, diga-se de passagem) e pede desculpas. Naquele momento, fica bem claro que o pedido de perdão de Jesse não é apenas por quase ter deixado o amigo queimar no sol, mas por todas as pisadas na bola recente que vinha cometendo. Perdoar Custer e seguir em frente como se nada tivesse acontecido é a prova do coração enorme do vampiro irlandês. A sequência mais emblemática e significativa, quando Jesse pergunta o que Cassidy faria se ele tivesse matado o prefeito e ele responde que o ajudaria a esconder o corpo, é a prova definitiva do laço que nasceu entre os dois e, agora, Cass deve ser mais um aliado na caçada de Jesse ao Todo-Poderoso.

E, falando no prefeito, que fim terrível e surpreendente. Que Emily é uma personagem um tanto quanto misteriosa, já era óbvio, mas jamais imaginei que ela seria capaz de dar o próprio marido de alimento para o vampiro. É fato que a vida da garota mudou um pouco por causa de Jesse e aquela rotina repetitiva e comum de dona de casa já não cabia mais na personalidade da garota, mas ainda assim, foi uma atitude precipitada, impulsiva e extremamente radical. Os momentos anteriores do episódio, onde ela assiste a algum tipo de palestra motivacional sobre a vida presa a amarras autoconstruídas, já sinalizavam algum tipo de mudança de direção na trama da personagem, mas não esperava que seria algo tão brusco. Certamente veremos isso atormentando a garota por um bom tempo.

E, falando em tormentos pessoais, Tulipa se cansou de esperar por Jesse e foi ela mesma atrás de Carlos, o homem que os abandonou no passado durante uma tentativa falha de assalto. Foi bacana ver a personagem se libertar um pouco desse sentimento forte que ela possui por Custer, embora todos nós (e a própria Tulipa também) saibamos que é um tipo de “liberdade provisória.” O sentimento que eles compartilham é forte demais pra ser deixado de lado e a ligação de Jesse sobre panquecas e sobre a garota sempre ter tudo o que quer é a prova viva disso. “Até o fim do mundo” pode ser um tanto brega pra alguns (eu acho bonitinho), mas parece definir muito bem o que eles possuem. Não é uma ligação apenas de corpos, é de alma, é de espírito. E por isso, realmente se vai até o fim do mundo.

Santo dos Assassinos

Fim do mundo que parece ser exatamente a definição do que vive o Santo dos Assassinos. Como eu falei no começo da resenha, foi uma bela surpresa o plot aparentemente aleatório dele se ligar diretamente a Fiori e DeBlanc e ainda nos apresentar uma ideia bacana e diferente de inferno. Reviver diretamente e em looping o massacre e a perda de sua mulher e filha realmente deve ser uma das piores coisas para alguém e é muito interessante que isso seja o inferno para ele e também nos dá muito a pensar: O inferno, dentro da proposta da série, é, então, algo pessoal, variando de pessoa para pessoa? Sendo assim, em que tipo de inferno Eugene está? Qual seria o de personagens como Jesse, Tulipa, Odin…? O plot abre um leque sem fim de possibilidades que, se bem usado, pode render situações extremamente interessantes.

Foi bem curioso também ver a forma como os anjos conseguiram chegar até o cowboy. Um ônibus com linha direto para o andar de baixo não é algo que se encontra aparentemente em qualquer lugar e sugere que os assuntos celestiais estão mais próximos da Terra do que parece. O debate de Fiori e DeBlanc sobre qual atitude tomar e quem procurar também tomou proporções interessantes e abre diversos questionamentos, como qual a verdadeira situação dos anjos no Céu, o que os espera quando (e se) retornarem ao seu plano e porque existe tanto interesse de ambos em destruir a Gênesis, a ponto de arriscarem, aparentemente, tudo. A aliança agora estabelecida com o Santo também é algo a se esperar, embora desta, não acredito que se possa esperar resultados muito otimistas… Pelo contrário. Se eu fosse apostar, diria que tem tudo para dar errado.

Jesse-Preacher

Bem como a ideia de Jesse de trazer Deus em pessoa à igreja. Não dá pra ter a menor ideia de como o pastor vai seguir com o seu plano e se já veremos o culminar disto no season finale de semana que vem ou apenas na já confirmada segunda temporada. De qualquer forma, a expectativa é grande. Preacher começou um tanto quanto confusa e perdida, mas essa semana, terminou de provar que é um produto de qualidade, bem amarrado e com uma história pensada e planejada. Resta torcer, então, para que o encerramento deste ano inicial não decepcione e, além de aparar as arestas, deixe a expectativa boa para 2017.

Outras observações: 

— Matar um homem em Albuquerque? Pegaram a referência?

— Bem triste a cena da morte da Serafim.

— Agora que Cassidy voltou, podemos parar de matar animais? Grato.

— Maravilhosas de bem feitas as sequências do massacre promovido pelo Santo. Doentias e perturbadoras. Mas muito bem realizadas. Finish the song. 

Gostou das revelações do episódio? Deixe seu comentário e bora discutir os rumos que a temporada tem tomado. Até semana que vem!


Alexandre Cavalcante

Jornalista, nerd, viciado em um bom drama teen, de fantasia, ficção científica ou de super-herói. Assiste séries desde que começou a falar e morria de medo da música de Arquivo X nos tempos da Record. Não dispensa também um bom livro, um bom filme ou uma boa HQ.

Petrolina / PE

Série Favorita: One Tree Hill

Não assiste de jeito nenhum: The Big Bang Theory

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