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Primeiras Impressões: 3%

Por: em 25 de novembro de 2016

Primeiras Impressões: 3%

Por: em

E a primeira produção brasileira produzida pela Netflix está finalmente disponível e, infelizmente, não é tudo aquilo que haviam prometido. 3% tem um enredo interessante, mas em nenhum momento chega a ser original ou a pelo menos mostrar uma nova característica de algo que já vimos anteriormente. Antes de contar as minhas opiniões, vamos conhecer um pouco da série.

Em um futuro distópico, a humanidade não possui recursos suficientes para todos, separando assim entre a maioria que vive em favelas e sem leis ou proteção e um seleto grupo que vive isolado em uma ilha. Todo ano, os jovens de 20 anos tem a oportunidade de participarem de uma seleção (O Processo), onde apenas os melhores (os 3% do título) serão aceitos para ingressarem nesse paraíso chamado Maralto. Você já ouviu essa descrição antes? Pois é, eu também. Acompanhamos um grupo de 5 jovens e quais são seus motivos para serem selecionados. Em um primeiro momento, essa resposta é óbvia. Quem escolheria viver uma eterna vida de misérias e fome? Mas não é esse o motivo primário de todos eles.

É claro que nem todos os vivem “do lado de cá” estão satisfeitos com essa separação. Um grupo de resistência chamado “A Causa” luta para que todos tenham direito aos mesmos benefícios e seu primeiro alvo é acabar com O Processo, infiltrando candidatos para destruir o sistema de dentro dele. Como isso será feito é o moto principal. Além dessa frente, temos uma luta interna pelo poder. O Processo é chefiado por Ezequiel (João Miguel, de Felizes para Sempre?), e esse ano será acompanhado de perto por Aline (Viviane Porto, de Babilônia) pois, pela primeira vez desde o início do Processo, houve um assassinato em Maralto.

3% Michele durante o Processo

As dúvidas que ficam são bastantes. Em primeiro lugar, ninguém sabe exatamente o que acontece em Maralto, sabem apenas que seria um lugar paradisíaco e que todos deveriam querer ir para lá, mas quem passa pelo Processo não retorna e não pode fazer contato com a família que ficou. Além disso, logo na entrevista eliminatória, descobrimos que nem todos os que são reprovados retornam, pois não são capazes de suportar a nova realidade de eterna miséria e se matam. Outros morrem durante as provas – pelo menos essa é a informação que um dos entrevistadores dá a Michele (Bianca Comparato, de Sessão de Terapia). Ainda não sabemos se isso é feito apenas para desestabilizá-la ou um fato real, mas é de se fazer pensar.

Entre os jovens, Michele é claramente a protagonista, sendo a primeira a acompanharmos, mas de longe a menos interessante do grupo. Eu assisti até o terceiro episódio e até agora a mais interessante é Joana (defendida pela estreante Vaneza Oliveira), seguida de Fernando (Michel Gomes, de Sexo e as Negas). O elenco principal é bem diversificado, representando bem a real sociedade brasileira (diferente de certas novelas onde favelas tem menos de 10 personagens negros). Destaque para Sérgio Mamberti e Zezé Motta, que até agora tiveram aparições curtas, mas que sempre dão brilho a qualquer produção que participam.

3% foto promocional do elenco jovem principal

E é aqui que acabam meus elogios. Eu entendo que se trata de uma produção brasileira, mas a diferença de qualidade comparada a outras produções Netflix é gritante. Eu me senti assistindo um episódio da novela Os Mutantes da Record. No piloto, intitulado Cubos, a interpretação de algumas personagens é tão sofrível que me deu vontade de parar no meio. Minha esperança era de que se tratassem de personagens que durariam pouco e seriam brevemente eliminados, mas não foi o caso de todos. Os diálogos também são bem precários, seria necessário retrabalhar várias sessões de escrita para que fizessem sentido. No terceiro episódio tem uma cena curta com efeito visual tão mau feito que me deu vergonha. Há uma melhora entre os episódios, mas não o suficiente para melhorar a impressão ruim do piloto.

Outro ponto fraco é a abordagem tecnológica. Toda a tecnologia moderna que teoricamente está em Maralto se resume a telões muito grandes e headsets discretos, mas até agora sem uma utilização que faça sentido. As provas apresentadas são todas muito rudimentares e sem nenhum foco. Se O Processo serve para selecionar os melhores e quem está sendo aprovado são os que melhor conseguem trapacear, é de se duvidar que essa sociedade isolada seja tão pacífica quanto querem que acreditemos. A trilha sonora é quase inexistentes, mas pelo menos aparece uma Elza Soares no terceiro episódio, mas é difícil segurar 50 minutos com apenas 1 música boa. A abertura ficou com cara de trabalho rejeitado de faculdade por ser uma cópia mau feita das vinhetas do Hans Donner. Ficou bem difícil tirar da mente a impressão de que se tratava de mais uma série da globo, mas com problemas orçamentários e feita por uma equipe de escritos inexperientes.

Eu pretendo ver todos os episódios, já que é uma série curta (apenas 8 episódios), apenas para ver se consigo adivinhar a solução de todos os mistérios que estão apresentando (até agora, nada foi surpresa). Aconselho que, quem for dar uma chance, vá sem expectativa de se maravilhar com uma produção sublime. É uma série da Globo, mas sem o critério de qualidade Globo. Não tem nada para acrescentar ao gênero, mas pode ser uma alternativa diferente para quem quer ver algo nacional e está cansado de comédias com o Leandro Hassum.


E você, o que achou de 3%? Vai assistir? Valeu toda a hype? Não concorda com o que eu disse? Deixem suas opiniões nos comentários.


Paulo Halliwell

Professor de idiomas com mais referências de Gilmore Girls na cabeça do que responsabilidade financeira. Fissurado em comics (Marvel e Image), Pokémon, Spice Girls e qualquer mangá das Clamp. Em busca da pessoa certa para fazer uma xícara de café pela manhã.

São Paulo / SP

Série Favorita: Gilmore Girls

Não assiste de jeito nenhum: Game of Thrones

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