Aquele em que dizemos adeus

Pra quem não sabe, o Apaixonados por Séries existe há quase dez anos. Eu e Camila…

O que esperar de 2018

Antes de mais nada, um feliz ano novo para você. Que 2018 tenha um roteiro muito…

A Gifted Man

Por: em 26 de setembro de 2011

A Gifted Man

Por: em

 

 

Pilotos enganam. Supostamente o objetivo de um episódio piloto é apresentar o que veremos na série. Porém, é claro que o primeiro capítulo de uma saga precisa ser forte para conquistar o público logo de cara. A Gifted Man faz isso muito bem, com um piloto emocionante e ágil, mas o futuro da série é o que mais preocupa.

Séries médicas, investigativas e jurídicas por vezes caem no básico sistema de apresentar um caso por semana, sem entrar de cabeça no desenvolvimento dos seus personagens. Esses casos tendem a ser mais interessantes do que quem os salva/soluciona/legaliza. Claro, existem exemplos que diferem dessa ideia fraca, mas são poucas as séries que conseguem se sustentar na competitiva TV aberta dos Estados Unidos sem fazer isso. É o que vejo para A Gifted Man. Assim como Hart of Dixie e Person of Interest, outros dois pilotos promissores dessa fall season, o novo drama médico/espiritual da CBS parece que vai seguir o caminho mais fácil. O problema é que esse piloto não valerá de nada se isso acontecer.

Em A Gifted Man somos apresentados ao Dr. Michael Holt, um dos melhores médicos de New York. Estrela solitária, Michael é arrogante, egoísta e nada solidário para quem não paga suas contas. Então ele encontra sua ex-esposa, 10 anos depois do divórcio e os dois se dão muito bem. Ao procurá-la no dia seguinte, Michael descobre que Anna morreu há duas semanas, e que havia passado a noite com seu espírito. Cético, Michael procura todo e qualquer indício da possiblidade de ver uma pessoa morta através da medicina: esquizofrenia, tumor cerebral, ou qualquer mal que possa ter causado a alucinação. O fato é que A Gifted Man trabalha mesmo com a espiritualidade: o espírito de Anna não está pronto para partir e precisa da ajuda do ex-marido para ajeitar as coisas em sua antiga clínica: um local sem recursos que exige amor, paciência e vontade dos médicos para salvarem pessoas.

Não preciso entrar na discussão de acreditar ou não. Verdade ou ficção, isso cabe a você, caro leitor. O fato é que a série trata bem do universo espiritual. A Gifted Man traz uma história nada original mas que foi bastante emocionante em seu piloto. Tudo graças a direção de Jonathan Demme, vencedor do Oscar de melhor diretor por O Silêncio dos Inocentes. Tudo, aliás, é um exagero. A atuação dos personagens ajudou e muito a transformar essa trama em algo crível e passível de emoção. Patrick Wilson esteve perfeito no papel do Dr. Michael, contrastando bem o lado cético do médico com a emoção de ver sua ex-esposa, agora morta, e decidir ajudá-la. Jennifer Ehle conseguiu se sair bem como Anna, principalmente nas cenas que esteve com Wilson, provando a química dos atores.

O elenco secundário não teve muita chance de mostrar a que veio. Na verdade, apenas Julie Benz apareceu mais, e foi simplesmente a parte mais chata do episódio. A irmã de Michael não teve graça e suas cenas pareceram forçadas. Porém, os outros se saíram muito bem no pouco tempo em cena. Até Liam Aiken como o adolescente Milo – que deverá ser aqueles casos chatos de aborrecência – foi melhor que a personagem de Benz. Pablo Schreiber esteve engraçado como o que eles chamaram de xamã. Apesar do ceticismo de Michael – e do meu próprio – o personagem Anton parece ter mesmo habilidade de se comunicar com os mortos, e deve ajudar Michael na comunicação com Anna. E claro, ainda temos a vencedora do Emmy de melhor atriz coadjuvante, Margo Martindale, no papel cômico de Rita, a secretária de Michael. Ri com as cenas de Rita, e Martindale tem presença em cena, mesmo aparecendo pouco.

Mas então, por que A Gifted Man pode acabar na rotina de série “caso da semana”? Porque o espírito de Anna ficou para ajudar Michael a evoluir e arrumar as coisas em sua clínica. Assim, como toda série médica, deveremos ter casos novos há cada semana, enquanto Michael aprende com os conselhos de Anna e ela fica cada vez mais pronta para ir em frente. Até quando essa premissa pode durar? Farão o espírito da personagem ficar preso durante 10 temporadas? Essa história pode cansar e cair facilmente na mesmice se não souberem inovar e criarem storylines diferentes e que possam incluir os outros personagens. Não quero ver apenas Michael aprendendo com cada novo paciente. Quero uma história que saiba crescer. Mas isso, só o tempo dirá.

A audiência para uma série na sexta feira foi muito boa, com 9.31 milhões de telespectadores. No geral, o piloto de A Gifted Man foi bom, emocionante e ágil para mostrar ao público sobre o que ela quer falar. Espero que consiga nos surpreender.


Caio Mello

São Bento do Sul – SC

Série Favorita: Lost

Não assiste de jeito nenhum: Séries policiais

×