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Bunheads

Por: em 23 de junho de 2012

Bunheads

Por: em

Desde que eu li sobre Bunheads, alguns meses atrás, comecei a fazer um tipo de contagem regressiva pela série. Não pela história, elenco ou canal, mas por apenas um nome por trás da produção: Amy Sherman Palladino. Como um órfão de Gilmore Girls (E, se você viu a nova série da ABC Family, gostou e ainda não conferiu GG, fica a dica para a summer season), a curiosidade era em ver o que a criadora de Rory e Lorelai traria em seu retorno à TV.

A história que Bunheads traz é simples: Uma dançarina de Las Vegas, Michelle (Sutton Foster), casa-se de supetão com um admirador insistente, Hubbell (Alan Ruck) e muda-se para Paradise, pequena cidade do então marido. Lá, conhece Fanny (Kelly Bishop), sua sogra e professora de dança. Michelle, claro, precisa lidar com todas as mudanças que um casamento traz consigo, especialmente quando ele é feito da noite para o dia e envolve uma nova cidade, um novo ar e novas pessoas.

Entre os fãs de Gilmore que eu conheço, parece unânime: Bunheads resgata (pra não dizer imita) muito do clima saudosista da série. O que, ao menos pra mim, não é demérito algum. Pelo contrário. A impressão que me ficou foi de que Amy decidiu pegar tudo o que deu certo no show que a lançou e repetiu a dose, com uma história diferente, mas seguindo a mesma ambientação, a mesma estrutura de roteiro e até mesmo a trilha sonora meio folk e repleta de lalalas.

A apresentação de personagens é bem feita e eu acredito que muito disso se deve a Sutton Foster e Kelly Bishop, que defenderam Michelle e Fanny com unhas e dentes e jogaram para escanteio todo o restante do elenco, colocando-se como os pilares de sustentação da trama principal da série. O embate entre elas, a provável parceria na escola de dança e a adaptação de uma à vida da outra parece ser claramente o caminho inicial que Bunheads irá tomar. São duas personagens bem construídas e que já renderam excelentes cenas.

(Não tem como não se lembrar de Lorelai ao ver Michelle falando rapidamente, assim como Fanny traz muito de Emily Gilmore, mas vou tentar não me ater muito as comparações).

Eu li muita gente comentando sobre a história parecer um pouco implausível (uma dançarina aceitar um casamento da noite pro dia com um cara que já costuma convidá-la para sair faz tempo), mas eu não tive problema em comprar o argumento. Michelle estava vendo a chance de ser uma estrela, que ela tanto esperava, ir embora e acho compreensível que num momento de explosão, ela cometa uma loucura (sim, porque eu não vou negar que é uma loucura).

A ambientação de Paradise é encantadora e convidativa. Os tipos peculiares que formam a cidade e que parecem prontos a mergulhar na história que Amy vai contar são instigantes, engraçados e bem dosados, sem que pareçam forçados ou caiam em estereótipos. Até mesmo as quatro adolescentes que fazem parte do grupo de dança funcionam bem e, ouso dizer, aparentam ser um dos fios condutores da trama pelas próximas semanas.

O roteiro e os diálogos extremamente rápidos, já característicos de Amy, estavam novamente presentes. Pra quem assistia pela primeira vez a algum produto da roteirista, acho que pode até mesmo ter sido difícil acompanhar o ritmo em um ou outro momento. Por mais que o número de “grandes” acontecimentos não tenha sido tão alto assim, a impressão que ficou foi a de que cada cena que estava ali, deveria estar. Não era apenas “gordura”.

(Atenção: Os próximos parágrafos contém spoilers sobre o fim do piloto e os fatos mostrados no segundo episódio, então se não deseja saber, salte para o último parágrafo).

Eu não estava esperando por aquele final no primeiro episódio. Imaginava que a história de alguma forma colocaria Hubbell de lado para que Fanny e Michelle fossem o foco, mas morte em um acidente? Realmente me pegou de surpresa. Foi uma boa virada e que rendeu um segundo episódio ainda melhor do que o piloto.

O contraste criado na exploração do sentimento de perda por cada um dos personagens foi incrivelmente bem feito e serviu para mostrar que não é só Michelle que precisará se adaptar à Paradise, mas as pessoas daquela pequena cidade (especialmente Fanny) precisarão se adaptar a ela. Diferente da morte do Hubbell, o lance com o testamento já era esperado, mas terminou bem colocado.

Gostei de ver como a relação entre a Michelle e a Fanny estava andando, mas é certo que isso vai sofrer outro abalo com a primeira sendo a única herdeira. Em algum ponto elas terão que aprender a conviver pacificamente, pelo bem uma da outra e das aulas de dança. Só espero que não arrumem um rolo pra Michelle com o amigo do Hubbell, pois um um romance agora poderia não ser bom para a série.

O destaque que as meninas ganharam também me chamou atenção, especialmente a Boo, que parece ser a mais centrada ali. Quero conhecer mais sobre cada uma e ver como elas irão crescer – como pessoas e como dançarinas – com a ajuda da Michelle.

Kelly Bishop roubou mais ainda a cena; isso é algo que não se pode deixar passar. O desabafo dela na cozinha com a Michelle foi sensacional e a melhor cena do episódio (embora eu confesse que o número de dança no final quase tenha me arrancado uma lágrima). A Sutton continua ótima e vai ser um prazer assistir a essas duas ótimas atrizes em cena, aliadas ao excelente texto da Amy.

Em época de summer season, Bunheads é um achado: União exemplar de humor, drama, elenco, direção e texto. Certamente, pra você que ainda está em dúvida, vale a olhada.


Alexandre Cavalcante

Jornalista, nerd, viciado em um bom drama teen, de fantasia, ficção científica ou de super-herói. Assiste séries desde que começou a falar e morria de medo da música de Arquivo X nos tempos da Record. Não dispensa também um bom livro, um bom filme ou uma boa HQ.

Petrolina / PE

Série Favorita: One Tree Hill

Não assiste de jeito nenhum: The Big Bang Theory

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