Aquele em que dizemos adeus

Pra quem não sabe, o Apaixonados por Séries existe há quase dez anos. Eu e Camila…

O que esperar de 2018

Antes de mais nada, um feliz ano novo para você. Que 2018 tenha um roteiro muito…

Primeiras Impressões: Frequency

Por: em 9 de outubro de 2016

Primeiras Impressões: Frequency

Por: em

Frequency, o show que vai unir dois dos maiores dramas que encontramos na televisão ultimamente: “viagem no tempo” e relações familiares, e a série sabe como fazer essa união de maneira que funcione. Sem tentar se esforçar demais, ou, como diz aquela velha expressão, colocar chifre em cabeça de cavalo, a produção traz uma premissa simples, para fazer com que qualquer expectador se torne um bom entendedor do assunto em questão, entretanto, mexe com coisas complexas o suficiente. As pessoas nessa altura do campeonato já deveriam entender: não se altera o passado sem sofrer suas devidas consequências.

frequency-4

A viagem no tempo já é um assunto recorrente na televisão e muito explorado nas telinhas e telonas, temos aí The Flash e Legends of Tomorrow na grade da CW para provar isso, é um tema provocante dentre as questões interessantes que levanta e as curiosidades acerca disto. A série aqui, diferente de outras, não possui um veículo que faça viajar através do tempo e espaço como estamos tão habituados a ver, por outro lado, faz um canal de comunicação direto entre a protagonista do show, vivendo sua vida aqui no ano de 2016, e seu pai, presente no ano de 1996. A mistureba improvável de drama policial e um pouco de ficção científica pode até mesmo soar forçada ou sem lógica, mas funciona bem, a série não tenta ser inteligente demais ou explicar além do necessário e acabar se embolando, só usa de dois temas recorrentes para fazer uma união inesperada e torce para que funcione pelo menos um pouco.

A série pega emprestado um pouco do enredo de Alta Frequência, filme homônimo lançado no ano 2000 que conta uma história parecida: uma conexão através do tempo entre pai e filho, enquanto este tenta salvar a vida daquele comunicando-se por um rádio antigo. A adaptação neste caso traz uma nova versão da produção com a qual divide nome, Raimy Sullivan é uma policial da NYPD que guarda um certo rancor do pai, que também era um oficial antigamente, por ter abandonado a família para participar de uma missão disfarçado e tornar-se corrupto. A boa e velha história do efeito borboleta coloca Peyton List no protagonismo da série, uma filha em busca de respostas que investiga o passado sobre o pai que morreu após participar desta operação, interpretado por Riley Smith. Os dois estabelecem um link com 20 anos de diferença e se comunicam, interferindo diretamente no presente e futuro de Raimy, a colocando no centro de uma trama que irá sofrer constante mutações.

frequency-3

A química que os atores estabelecem é muito boa e consegue convencer, com vinte anos de diferença afastando pai e filha é possível perceber o laço que eles mantém mesmo com toda essa barreira. Se relevarmos alguns defeitos, como uma maquiagem que tenta nos convencer que Devin Kelley, que interpreta a mãe de Raimy, Julie Sullivan, de alguma forma é mais velha de List, sendo que ambas nasceram no mesmo ano, conseguimos ver a atração boa que o canal propõe. O padrão CW de CGI já era mais que esperado, portanto não surpreende ou sequer decepciona, é apenas um aspecto para ser relevado em nome da história que estão nos apresentando. O canal vem construindo sua marca em gêneros mais diversos deste que é apresentado, temos séries de super-heróis e vampiros por um lado e de outro surge Frequency, se estabelecendo como um drama, provavelmente procedural, que irá mexer com questões que vão além do compreendimento.

Logo no primeiro episódio a série introduz sua história de maneira concisa e bem apresentada para os 40 minutos que tem disponível. Gasta o devido tempo nas questões que devem ser apresentadas, guardando para si as surpresas para o longo da temporada, e por outro lado se apressa naquilo que pode não ser tão necessário falar naquele instante. O método de começar contanto o episódio por um flashfoward pode ser um tiro pela culatra para alguns, mas que aqui funcionou bem, uma vez que a série tenta nos envolver com a história de Frank Sullivan lá em 1996, quando se tornou um policial corrupto e acabou morto em uma operação e durante o episódio nossa opinião é moldada conforme sua filha descobre que a verdade que conhecia não era exatamente aquela. A série também acerta em estimular nossa curiosidade quando passa a brincar com o efeito borboleta se passando por desentendida quanto às consequências disso no presente e futuro.

Toda a questão de ficção científica atrelada ao drama policial, que mais parecia uma mistureba de gêneros que têm caído no gosto geral para tentar agradar, de alguma forma que deu certo. Não tenta ser inteligente demais como The Big Bang Theory ao explicar algumas coisas, é como Daniel, ator escalado Daniel Bonjour, noivo de Raimy diz em devido ponto do episódio: “Well, you’re talking about communicating across time. I mean, there’s elements of quantum mechanics that… that explain this… a string theory. There’s Einstein, “spooky action at a distance.” They just proved that to be right. Look, the point is… Raim, you’re not the first person to believe this.” Sabe a qual público se destina e o coloca à par de uma história sem torna-la confusa. Porém a série se leva a sério sim, desenvolve o drama familiar na vida dos Sullivan de uma maneira esperta e apresenta as consequências concretas quando a protagonista mexe no passado.

frequency-2

Ao final, o episódio fica com a deixa de desenvolver a trama de um serial killer que atacava lá em 1996 e que, ao mexer na ocorrência dos fatos no passado, faz da mãe da policial uma de suas vítimas. E ainda, com o pai da garota vivo naquele passado e os dois podendo se comunicar, vão atuar juntos entre o passado e futuro para trazer justiça e capturar o assassino. Fomos apresentados à uma trama que poderia muito bem ser complexa, mas tenta ser entendida e, portanto, assim se faz. Embora tenha salvado a vida de seu pai naquele momento, Raimy tem as lembranças de ambas as vidas que teve, uma com ele e outra sem ele, e ainda assim não consegue evitar de não o ter mais presente no momento em que vive. A garota termina com uma realidade completamente diferente da que tinha ao início do episódio e só assim passa a se dar conta de tudo que vai passar a arriscar ao mexer com coisas além de seu entendimento.

A série é desenvolvida por Jeremy Carver, criador de “Being Human” e o piloto foi de direção de Brad Anderson (“Chamada de Emergência”), que já comandou os pilotos de “Forever” e “Almost Human”. Os personagens em Frequency são bem desenhados e definidos nos quarenta minutos que propõe sua história, triste aqui é pensar que a série pode ser mais uma azarada da CW, vamos torcer para que isso não ocorra de fato, já que ela é realmente boa, temos uma história que nos envolve e nos faz torcer para um final feliz para ela. Infelizmente os números na audiência foram um tanto abaixo do esperado, marcando 0.4 na demo somente.

Para concluir, a produção do canal consegue ser uma boa atração, se leva a sério, porém não se torna prepotente em minuto algum ao mexer com um assunto complexo, pelo contrário, essa “viagem no tempo” divide espaço para um drama familiar bom, e a série ganha o telespectador ao propor dois temas controversos que aqui atuam como complementares um do outro, é uma boa ideia para passar uns quarenta minutos assistindo, sem dúvidas.



Gabriela Vital

A Kardashian perdida que sonha em ser médica um dia.

Vitória / ES

Série Favorita: Grey's Anatomy

Não assiste de jeito nenhum: The Walking Dead

×