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Primeiras Impressões: Godless

Por: em 26 de novembro de 2017

Primeiras Impressões: Godless

Por: em

Com uma proposta interessante e uma ambientação que atrai o olhar do público, Godless chega para conquistar fãs em uma temporada fechada, mas que deve se abrir bastante durante os episódios para desenvolver seus complexos personagens.

Reprodução/Netflix

Criada por Scott Frank, a nova série original Netflix traz em tela um elenco de peso, com nomes como Jack O’Connell (Skins), Michelle Dockery (Downton Abbey), Jeff Daniels (The Newsroom), Scoot McNairy (Halt and Catch Fire), Merritt Wever (The Walking Dead), Thomas Brodie-Sangster (Game of Thrones), Tantoo Cardinal (Mohawk Girls), Samuel Marty (Fargo), Kim Coates (Sons of Anarchy) e Sam Waterston (Grace and Frankie). A trama gira em torno de Roy Goode, um fora-da-lei que, ao trair o bando de Frank Griffin, busca refúgio no rancho da viúva Alice Fletcher, uma misteriosa mulher que não é bem aceita na pequena cidade de La Belle, cuja maior parte da população é formada por mulheres, sendo também o próximo alvo de Griffin em sua busca incessante.

Ironicamente, mesmo com a história apresentando uma cidade inteira de mulheres, quase nenhuma ingressa no elenco principal, deixando a maior parte do protagonismo para os homens. Em estimativas feitas pelos próprios fãs, menos de 30% da falas do primeiro episódio são ditas por mulheres. Junto com isso, outro possível ponto negativo é a duração dos episódios. Mesmo sendo fácil para alguns assistir um episódio com mais de uma hora de duração, muitos reclamaram e alguns até deixaram de se sentir atraídos com isso. No Twitter, era possível ver pessoas enfrentando esse tempo apenas por gostar de algum ator específico, não pela história em si. Em primeiro momento, esses parecem ser os pontos negativos mais importantes a se levar em conta.

Por outro lado, a produção da série se apresenta de uma maneira espetacular, onde é possível ver o cuidado em cada cena. A fotografia passa o clima da época em uma coloração que nos faz lembrar a morte, mesmo em cenas um tanto quanto cômicas. Isso provavelmente foi feito para refletir a época, onde a maior parte era conhecida como terras sem lei. Diferente da recente Westworld, que também apresenta um ambiente focado no velho-oeste, aqui vemos algo mais puro e estampado no rosto dos próprios personagens, que a cada cena refletem seus medos, sonhos e tudo que viveram até agora, mesmo que não seja explícito. No IMDb, a nota do piloto é de 8,2, com nota geral da série chegando em 8,5. No Rotten Tomatoes, a série conseguiu 88% da aprovação do público, com a nota da crítica especializada chegando em 89% de aprovação.

Reprodução/Netflix

Iniciando com uma extensa cena de destruição, Godless apresenta ao público o lado mais sombrio do velho-oeste, onde a vingança não era apenas uma escolha, como também um direito. Pelo menos do ponto de vista de quem a promovia. Com uma cidade massacrada tomando o espaço em tela no primeiro momento, o resto da trama começa a se desenvolver em volta desse acontecimento, onde uma coisa parece estar ligada a outra, fazendo também a ligação de Creede, a cidade destruída, com La Belle, próxima cidade no caminho de Frank Griffin. Como todo bom vilão, ou melhor, como todo bom antagonista, Griffin é um personagem intenso e parece ter um passado interessante, mesmo que não venha a ser trabalhado. Sua autoridade sobre seus seguidores parece absoluta, mas com um pequeno acidente ainda no início do episódio, isso pode acabar sendo mudado com o tempo.

Seguindo, temos Alicia Fletcher, uma viúva que não é bem aceita na cidade da La Belle, por isso morando em um rancho afastado da cidade, mas ainda na região da mesma. Com uma grande carga emocional, a personagem aparenta ser mais forte e ter mais coragem que qualquer um dos homens da região e até mesmo alguns do bando de Fletcher, mas acaba deixando algumas fraquezas transparecerem quando se deixa levar pelo seu passado ainda não contado, mas deixado subentendido em alguns diálogos importantes. Além disso, temos também sua relação com a população indígena, algo também trabalhado em outros núcleos, mostrando a diferença de cultura, de vida e, sobretudo, o preconceito daqueles que se achavam superiores.

Por fim, dois homens acabam dividindo um tempo importante em tela, mesmo que separados, mostrando que serão importantes para os próximos episódios. De um lado, temos Roy Goode. Diferente do que se espera de um fora-da-lei, ele aparenta ser uma boa pessoa e em nenhum momento se torna agressivo com aqueles que o abrigaram, mesmo sem saber de sua identidade. Em certo momento, ele até mesmo pensa o que é melhor para eles, mostrando que talvez tenha mais do que foi mostrado sobre ele, como o que o motivou a entrar para o bando. De outro lado, temos o xerife Bill McNue, que também não é bem visto pela cidade. Junto a isso, ainda no início nos deparamos com um sério problema de saúde que deve ditar o destino do personagem. Com ele, conhecemos um pouco mais de La Belle e seus habitantes, além do trágico acidente que baixou consideravelmente a população masculina da cidade.

Reprodução/Netflix

Em primeiro momento, Godless é uma ótima recomendação para quem gosta de ação, cenas de mortes e a ambientação do velho-oeste. Analisando mais profundamente, ela também pode ser indicada para quem gosta de dramas e personagens profundos, algo que aparentemente não falta na série. Em geral, mesmo com os pontos negativos citados e alguns outros que devem ser percebidos durante o episódio, o roteiro acerta e parece estar pronto para contar uma interessante história, restando para nós apenas a paciência de ouvi-la.

 


E você? O que achou do episódio? Não se esqueça de deixar sua opinião e continuar acompanhando as reviews aqui, no Apaixonados por Séries.


Lucas de Siqueira

Apaixonado por Tom Holland, séries históricas, documentários sombrios e guerras. 19 anos de pura imersão em diferentes universos através da leitura e pronto para criar outros através da escrita.

Santa Branca/SP

Série Favorita: Game of Thrones

Não assiste de jeito nenhum: Revenge

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