Decidi aplicar às séries o mesmo tratamento que dou aos filmes: vou assistir sem saber nada a respeito, nem sobre o elenco e, de preferência, sem ver os pôsteres e imagens promocionais. Claro que nem sempre você consegue fugir das próprias expectativas. Por exemplo, eu tenho preconceito com séries de nome super comprido, sempre acho que vai flopar. Ainda é muito cedo para falar isso de How To Live With Your Parents (For The Rest Of Your Life), mas foi uma surpresa mais do que agradável assistir aos 20 minutos da nova comédia da ABC.
Sem muitos spoilers, a história começa com Polly (Sarah Chalke, que participou recentemente de um episódio de Grey’s Anatomy) chegando em um dia chuvoso na casa de seus pais Elaine (Elizabeth Perkins, de Weeds) e Max (Brad Garrett, que fez ‘Til Death) junto da filha, Natalie (Rachel Eggleston), para morar com eles depois de largar o ex-marido Julian (o comediante Jon Dore). Seis meses depois, as duas continuam na casa dos Green.
Por ser uma comédia, algumas coisas fora do padrão acontecerão como se fosse a coisa mais natural do mundo. Como, por exemplo, o fato de Max (que é o padrasto de Polly), ter aversão a praticar cooper na rua com roupas de ginástica e preferir algo como cashmere e calça jeans, como se estivesse fugindo da cena de algum crime. E Elaine é uma hippie sem filtro algum, sempre dizendo coisas sobre sexo nos momentos familiares para os ouvidos infantis das crianças (incluindo a própria Polly quando esta estava crescendo).
Julian, como a própria série descreve, é uma pessoa boazinha, mas não consegue fazer nada direito. Mesmo depois de seis meses de separação, ele ainda aparece na casa de Elaine e Max como quem não quer nada, simplesmente porque gosta da presença deles. Natalie tem medo de estátuas de cachorros e cachorros reais e parece ser uma criança bem comum, sem arrombos de genialidade, como é padrão nesse tipo de produção. Polly, que realmente aparenta ser a pessoa mais normal da série, trabalha como barista em um supermercado e tem como companheiros de trabalho Gregg (Joe Wengert), que Polly gosta de zoar um pouco, apesar de ele querer ajudá-la na vida amorosa arranjando um encontro com um cliente, e Jenn (Stephanie Hunt), que não mostrou muito para o que veio.
Os personagens têm aquele traço estereotipado da maioria das comédias, mas também são bem construídos, com os diálogos sustentando bem a personalidade de cada um e contando com uma boa dose de carisma dos atores, em especial Sarah Chalke e Brad Garrett. Polly falando dos pais para a Natalie ou Elaine reclamando do que falar com crianças são alguns dos pontos altos. A dinâmica das cenas também vale a pena ser destacada, sendo sempre rápida e não dando espaço para a poeira abaixar tanto a ponto de ficarmos entediados com o que acontece no episódio. Nas cenas, o destaque vai para os avós dando banho em Natalie e Max sem entender direito o porquê das princesas serem amigas e estarem brigando o tempo todo. E a visualização da estátua de cachorro pelos olhos da Natalie, para traumatizar qualquer criança.
HTLWYP tem como produtora executiva e showrunner Claudia Lonow (Accidentally on Purpose, saiba as nossas primeiras impressões da série), junto dos produtores executivos Brian Grazer (co-fundador da Imagine Entertainment, produtora responsável pelos filmes Apollo 13 e Uma Mente Brilhante e pelas séries Arrested Development, Parenthood, 24 Horas, Friday Night Lights e Lie To Me) e Francie Calfo (Scoundrels).
A série estreou muito bem de audiência, com 8,44 milhões de telespectadores (para se ter uma noção, somente a premiada Modern Family superou os números de HTLWYP) e a primeira temporada já foi toda gravada, fechando com 13 episódios. Uma ótima aposta para quem gosta de séries familiares leves.
