Eu estava muito ansiosa por esta série por alguns bons motivos: é um drama que envolve mídia e crime, tem uma mulher como protagonista e ela ainda é interpretada pela Piper Perabo. Notorious, ao que tudo indicava era uma mistura de Scandal com UnReal. Tem resolução de crise e bastidores de tv, é baseado em personagens reais e tudo isso protagonizado por uma produtora fodástica.
O que poderia dar errado?
Bem, as coisas começaram a dar errado quando eu descobri que a Piper Perabo não é a Ranger Rosa. Gente, meu mundo caiu. Como assim? Assisti uma série inteira desta mulher porque ela era A Ranger Rosa.
Se o cabelo não fosse diferente ninguém jamais saberia quem é quem.
Mas, ok, a série ainda era promissora e, embora a minha obsessão pela atriz tenha começado pelos motivos errados eu realmente gostei do trabalho dela em Covert Affairs – alias, ainda não consigo lidar com o fim desta série. Então, me preparei psicologicamente para assistir um episódio mind-blowing, a melhor série da fall season. Ver a Piper Perabo em uma versão mais humana, mas igualmente fodástica da Quinn de UnReal. Uma hora depois e… nada. The mind was never blown.
Para falar a verdade, o primeiro episódio foi uma versão estendida do trailer, apenas cumprindo protocolo para chegar àqueles 45 minutos. Não tem nada de muito errado com o episódio, ele só falha terrivelmente em empolgar. Eu, honestamente, não sei o quanto as minhas expectativas atrapalharam, mas, de qualquer forma, o episódio deveria ser mais do que o trailer.
Notorious segue Julia George, a produtora executiva de um jornal americano. Produzir o show, segundo a série é como produzir as notícias. De fato, Julia e o advogado Jake Gregorian, interpretado por Daniel Sunjata, estão manipulando as notícias a favor de Oscar, o cliente de Jake, um jovem milionário da área de tecnologia, interpretado por Kevin Zeger (que é o menino de Bud, o cão amigo e não é o Zac Effron). E eu não estou contando nada disso como spoiler pois está tudo no trailer, ai em cima.
Zac Effron e Kevin Zeger, ou vice versa. Você sabe quem é quem? Eu não tenho idéia.
O maior problema deste episódio piloto é tentar dar conta do passado de tantos personagens apenas com diálogos expositivos. Ao final do episódio fica essa sensação de que nada aconteceu. Porque, de fato, na série nada aconteceu, apenas foi exposto em diálogos que soam falsos, afinal quem sai por ai dizendo “oi, eu sou o dono do canal, faça o que eu mando”?
É por isso que mesmo baseados em pessoas reais, um advogado famoso e a produtora de Larry King Live, os personagens de Notorious soam tão falsos e desagradáveis. Julia não passa de um rascunho de uma mulher forte e Jake é um advogado canastrão, que não consegue demonstrar emoções. Ainda por cima, o único momento em que há uma tentativa de gerar alguma empatia por Julia, acontece enquanto ela chantageia Jake no telefone. Não tem como se importar com esses dois. Eu, honestamente, estava mais interessada em Oscar, esperando que Bud fizesse uma aparição (ai sim, teríamos um personagem para quem torcer, o cachorro). Eu até poderia falar dos outros personagens, mas eles são apenas pano de fundo para o flerte e as intrigas dos protagonistas e não passam de estereótipos, como a apresentadora séria na tv e festeira por fora. O que o episódio piloto de Notorious, série criada para guardar o lugar de Scandal, nos ensina é que não é fácil escrever como Shonda.
O que podemos esperar daqui para frente? Bem o primeiro episódio foi totalmente expositivo e nada envolvente, mas a história tem muitos fatos citados no piloto que precisam se desenvolver, ela vai ter que se aprofundar. Julia tem um lado humano e Piper tenta mostrar isso, embora o roteiro não a ajude. Jake vai continuar abafando seus conflitos, mas ao longo dos episódios vai ter que deixar a máscara cair, ao menos com Julia quando o relacionamento dos dois se desenvolver. A investigação nesta série deveria nos lembrar de Secrets and Lies e a premissa do papel que a mídia tem nos julgamentos é interessante, ou seja, ainda existe potencial.
