Quando eu decidi colocar Partners na minha lista de pilotos a assistir (foi-se a época em que eu tinha paciência e tempo pra conferir todas as estreias), um único nome foi o responsável pela decisão: Sophia Bush. Quem me lê aqui há um tempo já deve saber da minha paixão por One Tree Hill, então é óbvio que qualquer coisa que algum membro do elenco faça, eu assistirei até o fim, seja batizado, chá de panela, filme, série ou minissérie, mediana, boa, ruim ou ótima. A medida que promos e fotos foram saindo, meu interesse pela série se tornou genuíno e foi com entusiasmo que eu me sentei pra assistir o episódio piloto.
Eu só vi um punhado de episódios de Will and Grace, mas foi um humor que me conquistou e que me fez um admirador singelo (não diria fã ainda) do trabalho de David Kohan e Max Mutchnick, criadores da série e as mentes por trás de Partners (que também se sustenta numa história de amizade entre um gay e um hétero).
A trama é a seguinte: Joe (David Krumholtz) e Louis (Michael Urie) são melhores amigos de longa data e parceiros nos negócios. Joe é pé no chão, racional e prefere usar – ao menos na maioria das vezes – a cabeça em detrimento do coração. É isso que o faz tomar a séria decisão de romper o relacionamento com Ali (Sophia Bush), uma designer e que sonha com casamento e filhos (o que assusta Joe). Já Louis, é o perfeito oposto. Sorridente, carismático e espontâneo, namora Wyatt (Brandon Routh), um enfermeiro (embora Louis insista em falar que namora um médico).
O foco da série é o ‘bromance’ de Joe e Louis e como Ali e Wyatt, seus respectivos parceiros, estão inseridos nisso. 4 people and 3 couple, como eles bem definiram ao fim desse episódio.
O principal ponto positivo da série? A química entre Michael Urie e David Krumholtz. É incrível como os dois funcionaram muito bem em cena e a relação entre Joe e Louis não pareceu forçada em nenhum momento. Há também que se dar créditos ao roteiro, por ter construído o relacionamento deles aos poucos, especialmente com os flashbacks iniciais, que foram sensacionais e conseguiram mostrar bem o contraste do passar do tempo e a influência que isso foi tendo na vida dos dois amigos.
Partners não quer inventar a roda, ser inovadora ou trazer situações nunca antes vistas, muito pelo contrário. Todos os clichês de séries com claquetes (risadas ao fundo) estão presentes no piloto e provavelmente estarão pelo restante dos episódios. Isso é ruim? Aí depende. Pra mim, funcionou bem. Os 20 minutos passaram voando, senti a história firme (embora não bem delineada, e eu não acho que, em uma sitcom de amigos, ela precise exatamente ser assim no começo) e as situações me divertiram. Por isso, a série ganhou um lugar na minha watchlist, apesar de algumas falhas que vou falar agora. (E pela Sophia Bush, claro).
A grande ironia? A personagem da Sophia foi, pra mim, um dos pontos fracos do episódio. Não ela em si, mas o modo como ela e Wyatt ficaram deslocados dentro do bromance de Joe e Louis. Nas cenas em que esteve sozinha com o Joe, a personagem funcionou muito bem, rendeu ótimos momentos e, embora vá demorar um pouco até que a imagem de sofredora de Brooke Davis seja colocada em segundo plano, a Ali não soou forçada em momento algum. O problema foi nas cenas em conjunto mesmo. Lá, nem ela e nem o enfermeiro funcionaram.
Tomando como exemplo How I Met Your Mother e o começo da série, Marshall e Lily sempre foram um dos casais mais bacanas de se acompanhar, mas nenhum dos dois parecia de lado ou um “corpo estranho” nas cenas com Ted, Robin e Barney.
Com o Wyatt, o problema foi maior, porque eu não acho que ele tenha funcionado nem nas cenas com o Louis. Não sei se é o personagem que é fechado ou o Brandon Routh que estava muito travado, mas em momento nenhum o relacionamento dos dois passou verdade – de fato, eu diria que eles mais pareciam um casal de amigos. O que só piorou nos momentos do quarteto.
Esse problema da falta de química entre os 4 tem que ser resolvido com urgência. O piloto funcionou mesmo com isso única e exclusivamente porque apenas no final eles estiveram juntos. Mas a partir do momento em que isso se mostrar uma constante, a série pode ser prejudicada.
Em questão de audiência, o show não foi muito bem. Estreou com números que são preocupantes para a CBS: 6.56 milhões e 2.54 na demográfica.
Embora eu tenha falado sobre esse primeiro episódio com palavras mais amargas do que eu gostaria, ainda acho que, se corrigida essa falha na interação entre os quatro personagens, a série pode se tornar uma excelente pedida (se a audiência permitir que se chegue até lá, claro).
Partners é leve e, ao menos aqui, divertiu por quase todo o tempo de tela.