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Political Animals

Por: em 18 de julho de 2012

Political Animals

Por: em

O que me chamou atenção para assistir a série foi seu gênero/tema: drama político. Gosto muito desse estilo e à medida que novas notícias a respeito da produção surgiam, mais ansioso eu ficava. Primeiro, com a divulgação do nome da protagonista, Sigourney Weaver (três vezes indicada ao Oscar, conhecida principalmente pelo seu papel em Aliens). Após, quando juntaram-se a ela os atores Ciáran Hinds ( Harry Potter e as Relíquias da Morte, parte 2), Ellen Burstyn (vencedora do Oscar e do Emmy) e Vanessa Redgrave (também vencedora do Oscar), esta última em um papel não regular, simplesmente decidi que precisava assistir essa série. Entra aí o grande problema de Political Animals: ela não é uma série, mas sim uma minissérie.

Inicialmente, os primeiros rumores apontavam tratar-se efetivamente de uma série, porém, logo após a divulgação do elenco, surgiu a notícia de se trata na realidade de uma minissérie de apenas seis episódios. Muito compreensível, considerando o alto investimento no elenco, sendo que a maioria nunca participou regularmente de uma série, ao menos não depois de atingir o estrelato. Assim, as esperanças de renovação para mais temporadas são baixas, tudo indica que Political Animals será realmente uma minissérie e não será prolongada. Entretanto, não custa sonhar, afinal outras minisséries com a mesma previsão já foram, em outras ocasiões, transformadas em séries, o que depende muito da qualidade dos episódios. E isso, ao menos neste piloto, Political Animals tem de sobra.

A trama principal gira em torno de Elaine Barrish, atual Secretária de Estado dos EUA, cargo que lhe foi incumbido após perder a última corrida para a presidência nas prévias de seu partido. Eis que o seu colega de partido vencedor das prévias elegeu-se presidente e a chamou para assumir a pasta. Soma-se a isso o fato de, antes de ser Secretária de Estado e ainda antes de concorrer à presidência, Elaine foi também primeira-dama. Seu atual ex-marido, Bud Harmmond, é também o atual ex-presidente dos EUA. Bud é o típico político tradicional, e, apesar de machista, sempre teve altos índices de aprovação do povo, isso, claro, até envolver-se em escândalos sexuais.

Quando foi revelado este plot central que norteia a série, as comparações com Hillary Clinton foram imediatas. Se analisarmos, as coincidências são absurdas, mas, apesar disso, os roteiristas garantem que a história não foi influenciada por nenhum caso real. Na minha opinião, mesmo que fosse inspirada, e acredito que tenha realmente sido, eles não assumiriam, de qualquer maneira.

O piloto inicia quando Elaine anuncia que abre mão de concorrer à presidência em favor de seu colega de partido, o que indiretamente a influenciou, minutos depois, a pedir o divórcio. Discorridos estes fatos, a trama pula dois anos no tempo quando Elaine já é a Secretária de Estado. Apesar da política servir de plano de fundo para todos os acontecimentos e ser suporte da série, fica evidente já neste piloto que Political Animals não pretende criticar ou questionar partidos políticos e formas de governo, seu foco é sem dúvida as relações humanas neste mundo obscurso e repleto de trapaças.

A família, e essa palavra por si só já gera inúmeras controvérsias, da Secretária de Estado e do ex-presidente ainda é formada por dois filhos, um que segue o modelo dos pais, assessor direto da mãe, noivo e bem encaminhado, e, o outro, o tradicional filho rebelde, homossexual assumido e usuários de drogas. Para completar o clã familiar, ainda temos a mãe de Elaine, responsável até o momento pelo alívio cômico. Essa tradicional formação familiar, aliada ao fato da série não falar de política como seu assunto principal, são características justificadas quando analisamos quem está escrevendo a minissérie. Greg Berlanti foi responsável, dentre outras, pela série Brothers & Sisters, cujo foco era basicamente a família.

Outra personagem importante é Susan Berg (Carla Gugino), jornalista que escreveu durante um longo tempo sobre a carreira política de Elanie, e que, ao descobrir um acontecimento importante na família, passou a chantagear Elaine, trocando seu silêncio por entrevistas e presença vip em eventos e viagens. Esse furo jornalístico acaba vazando logo no piloto, e o confronto entre Elaine e Susan rendeu uma das melhores cenas do episódio. Aliás, apesar de ter alguns diálogos um pouco exagerados, o roteiro acaba sendo o seu ponto forte.

Em alguns momentos, a profundidade das conversas até perturba porque não parece adequada ao momento, ainda assim, na maioria das vezes, os diálogos são itensos acertadamente. Reflexivos e pontuais, cuja riqueza de detalhes proporcionou, apenas com um episódio, a rápida familiarização e compreensão dos personagens. Essa é, afinal, a receita de Political Animals: uma família aparentemente perfeita, mas repleta de problemas, causados, em sua maioria, por uma vida dedicada à busca pelo poder.

Outro ponto que precisa ser levado em consideração caso queira acompanhar a minissérie é o discurso feminista bastante presente. Political Animals não parece ter o intuito de fazer apologia ou vestir a camiseta do feminismo, mas, por decorrência de ter uma personagem principal de personalidade forte, torna-se quase consequência a predominância de ideiais que defendem a mulher. Isso também fica bastante nítido na personalidade de Susan e é enaltecido quando as duas interagem em cena.

E, pra encerrar o episódio com chave de ouro, Elaine anuncia para o seu motorista o que será o principal norteador da minissérie. Uma decisão muito importante que, sem dúvida, abalará ainda mis o relacionamento já tempestuoso da família.

Cabe concluir que, em suma, a minissérie parece estar muito bem encaminhada. As primeiras reações foram de mistas para bastante favoráveis, dependendo, como sempre, do gosto pessoal de cada pessoa. Sou fã de dramas, principalmente os familiares, adoro diálogos profundos, gosto de personagens femininas fortes, simpatizo muito com o elenco e, como cereja do bolo, ainda gosto de política. Se você tem estes mesmos gostos, ou ao menos alguns deles, com certeza também irá aprovar a série. Entretanto, se estes não costumam ser um dos principais motivos que o levam a assistir algo, talvez não vá entusiasmar-se tanto.

Political Animals é transmitida pelo canal americano USA Network, que há algum tempo já vem apresentando produções de qualidade, como, por exemplo, White Collar e Burn Notice. O episódio piloto foi exibido no último domingo, dia 15, e rendeu à emissora 2,5 milhoões de telespectadores, audiência considerada apenas razoável para os padrões da emissora. Seus próximos cinco episódios serão transmitidos periodicamente aos domingos, sendo que a season finale está prevista para o dia 19 de agosto. As reviews, claro, você poderá acompanhar comigo, aqui no Apaixonados por Séries.


Micael Auler

Gaúcho que ama chimarrão e churrasco (tchê!) quase tanto quanto ama séries, filmes e livros. Para acompanhar, seja lá o que for, bebe: se não o chimarrão, café; ou então algo com um pouquinho de álcool.

Lajeado / RS

Série Favorita: The Good Wife

Não assiste de jeito nenhum: Supernatural

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