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Shameless

Por: em 11 de janeiro de 2011

Shameless

Por: em

Com 82 episódios já exibidos, atualmente em sua 8ª temporada (e uma 9ª já garantida) a versão original de Shameless é um sucesso do canal inglês Channel 4. Em 2009, o produtor de TV John Wells entrou em negociação e essa semana tivemos a estreia da versão americana de Shameless, cujo piloto foi escrito por Paul Abbott e dirigido por Mark Mylod, que fizeram o mesmo trabalho no piloto original. Curiosamente a outra nova série do canal Showtime, Episodes, conta a história de um casal de roteiristas cuja série inglesa ganha uma versão americana e os dois começam assim sua carreira no competitivo mercado no país do Tio Sam. Tudo isso pode ser muito bom ou muito ruim para a nova série, depende mesmo do ponto de vista de quem está assistindo. Mas e no final das contas, Shameless vale a pena? Vale!!

Quando soube da nova versão, corri para assistir a original e vi apenas os dois primeiros episódios. Agora, após assistir o piloto do Showtime posso dizer com tranquilidade que 95% da história contada é exatamente a mesma do original, apenas transportada para o cenário e cultura americanos. O que nos leva a seguinte pergunta: de que adianta estrear uma série baseada em outra se o conteúdo for o mesmo? É o que muitos outros críticos estão se perguntando, porém, vários lá de fora já viram os três primeiros episódios e curiosamente dizem que o terceiro é o melhor, porque justamente começa a divergir da série original. Então não precisamos nos preocupar. O que me incomodou mesmo foi que até vários diálogos foram os mesmos, e nem eram tão importantes assim para serem fiéis. Mesmo assim, o resultado final gerou um piloto que promete e consegue nos convidar  para adentrar na casa da família Gallagher e acompanhar de perto essa família totalmente disfuncional.

Logo no começo somos apresentados aos Gallagher: Frank, o pai, totalmente perdido no mundo, não dá bola para os filhos e vive bebendo e sendo levado apagado para a casa pelos policiais; Fiona, a filha mais velha, cuida de tudo, tanto dos irmãos como da casa, é responsável, mas no fundo nunca pediu para assumir essa responsabilidade e como toda pessoa normal, gostaria de ouvir um muito obrigado vez ou outra; Lip, o segundo filho, muito inteligente e que tem uma amizade e um carinho extremo pelo irmão Ian, o terceiro filho, homossexual não assumido que talvez seja o mais rejeitado pelo pai por lembrar mais a mãe e ex-esposa de Frank; Debbie, garotinha esperta mas que tem problemas por não ter um pai por perto, apesar de amar Frank incondicionalmente; Carl, que apareceu bem pouco nesse piloto; e por fim Liam, o bebê, que obviamente não é de Frank.

Shameless é mais uma dramédia com muito humor negro e cheio de drama. Nesse piloto pudemos rir e já nos emocionar com algumas cenas em especiais. O que funciona mesmo é a escolha dos atores e no potencial que cada personagem tem. Pessoalmente não gostei do ator que faz Frank na versão original, por isso achei que a escolha de William H. Macy foi muito boa e sei que o ator tem o que precisa para dar as diversas entonações que o personagem precisará ao longo dos episódios. Porém, Fiona sempre foi a personagem mais querida da original e o mesmo se repete aqui. Não tem como não se apaixonar por Emmy Rossum e sua interpretação “no ponto” como a filha mais velha. Ela não pediu para estar no comando de uma família tão diferente e assumir a responsabilidade que vem com a parte de ser a mais velha. Mas a Fiona de Rossum é inteligente, divertida, bela…sabe rir, sabe chorar e nos captar em cada cena. Só nessa primeira hora de série Rossum soube mostrar facetas diferentes de qualquer garota de sua idade, desde o desejo sexual na primeira cena com Steve, assim como o lado humano na cena que pede para um desmaiado Frank acordar.

Justin Chatwin também caiu como uma luva para Steve. Era óbvio que o cara não faria o tipo certinho no final das contas. Aliás, viver tanto tempo em um mundo tão diferente e anormal, faz com que as escolhas da família sejam de certa forma “erradas” dependendo do ponto de vista. Steve é um cara muito gente boa, que sentiu uma empatia extrema pelos Gallaghers e quer ajudar, além de estar apaixonado por Fiona. A cena dos dois na cama com o pequeno Liam embaixo dos cobertores foi ótima, assim como toda a sequência final que consegue nos deixar com vontade de estar sentado àquela mesa com aquela família, mesmo que ela seja a mais problemática possível. Quanto as escolhas, Fiona acaba se apaixonando por Steve, um cara que rouba carros e os vende para sobreviver. O mesmo se aplica a Lip, que mesmo com toda sua inteligência, é um adolescente que troca sua “mente” por sexo oral. Claro que isso é bem superficial, visto que o personagem é muito mais que isso, porém a escolha dele não é bem certa, já que Karen também é fruto de pais problemáticos, dos quais falo mais abaixo.

Tirando Emmy Rossum, a atuação que mais gostei foi de Cameron Monaghan que esteve impecável como Ian. Dizer que sua homossexualidade é fruto da vida diferenciada seria um ato totalmente preconceituoso e errado de minha parte, afinal, Ian é um garoto bem normal apesar da vida complicada que todos eles tiveram. Como comentei de cenas, não poderia deixar de falar da que ele e o irmão Lip se enfrentam no quarto, já que Lip é o único que sabe que Ian é gay. A amizade dos dois reforça a química de Monaghan com Jeremy Allen White, que aceita o “problema” (do jeito que ele vê a homossexualidade) do irmão. Quanto a Debbie e Carl não há muito o que falar, visto que os dois são menores e não tiveram muito espaço para ter realmente assunto. Mas a cena em que Debbie leva um travesseiro para o pai dormir é muito bonita.

Não há como escrever as primeiras impressões sem comentar o casal de vizinhos Kev e Veronica. Ela, que era loira no original, foi transformada no clichê da melhor amiga negra e desbocada. Mas sabe o que? Funcionou e muito bem. Veronica é muito mais divertida que o namorado Kev e a lealdade que o casal tem com a família Gallagher, se explorada da maneira certa, vai ser fantástico de ver em cena. E terminando sobre os personagens ainda temos a mãe de Karen, interpretada por ninguém mais, ninguém menos que Joan Cusack (para mim, a eterna esposa assassina do Tio Chico de A Família Addams 2)!! Apesar de um pouco caricata demais e de ter aparecido de menos, Cusack tem potencial e sua personagem Sheila promete nos dar boas gargalhadas.

Como eu disse, para Shameless dar certo, precisa divergir do material original, mas pelo que estão falando, a série começa a fazer isso no 3º episódio. A audiência do piloto foi a maior em sete anos entre os dramas de uma hora do canal Showtime, chegando a 1,3 milhões durante a noite. Até então, a estreia de Dead Like Me, sete anos atrás, detinha o recorde, curiosamente uma das minhas série preferidas.

A série tem potencial se encontrar bom material para futuros episódios e o elenco continuar dando tudo de si como já pudemos ver. A série tem 12 episódios planejados para essa 1ª temporada e vários críticos já comentaram que a abertura (que a gente só confere no 2º episódio) é fantástica. Eu com certeza irei continuar e a gente se vê aqui semana que vem.


Caio Mello

São Bento do Sul – SC

Série Favorita: Lost

Não assiste de jeito nenhum: Séries policiais

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