Sempre que assisto o primeiro episódio de uma série, me faço a mesma pergunta: Eu quero continuar assistindo a essa história? E imagino que você, caro leitor, questione a mesma coisa. Principalmente agora que os retornos e estreias começam a acumular na nossa grade. Com StartUp, eu já sabia nos primeiros 20 minutos que não me entregaria aos outros nove episódios que estão disponíveis no Crackle.
Criada por Ben Ketai (Chosen), StartUp traça a vida de quatro personagens que aparentemente não têm nenhuma ligação mas que ao decorrer do piloto acabam se encontrando. O primeiro personagem apresentado é Phil Rask, interpretado por Martin Freeman (Sherlock e Fargo), um agente do FBI corrupto e agressivo que faz tudo em benefício do próprio enriquecimento. Rask está na cola de Andrew Talman (Carl Weintraub), um banqueiro que para esconder o dinheiro roubado decide entregar para o filho, Nick Talman (Adam Brody). Nick não quer ser relacionado aos negócios do pai, mas inevitavelmente acaba usando o dinheiro para investir no algorítimo de Izzy Morales (Otmara Marrero), uma programadora que desenvolveu uma moeda digital que vai “mudar o mundo”. Por fora, a série apresenta Ronald Dacey (Edi Gathegi), um gangster com coração de família que tem uma ligação não explicada e resolvida com Andrew.
É um cardápio colorido e interessante de personagens que StartUp desperdiça com apresentações superficiais. Nos 54 minutos que compõem Seed Money, o drama simplesmente se esquece dos sentimentos, emoções ou motivações que formam essas pessoas. E é fácil notar que não é um problema com os atores, pois Freeman, Brody, Otmara e Gathegi entregam atuações consistentes.
O momento mais interessante do episódio é uma conversa apreensiva que começa despretensiosa mas rapidamente escala para Rask contando sobre a tentativa de suicídio de seu pai e questionando a existência de Deus. Nessa cena, percebemos duas pessoas tentando esconder intensões no jeito que falam e se comportam, mas é a única que é possível enxergar personagens tridimensionais. Nos outros minutos, o carisma que era possível notar no trabalho anterior de Freeman e Brody (e até de Gathegi em The Blacklist), por exemplo, desaparece quase magicamente. É impossível se identificar, gostar ou simplesmente se importar com algum desses personagens.
Logo, a série apela para as coisas banais, mais especificamente dinheiro, sexo e violência. Só nos primeiros 15 minutos, vemos três cenas de sexo totalmente desnecessárias provavelmente para atrair o espectador com elementos que impressionam fácil. Novamente, a série se esquece que essas coisas devem ter uma razão para existir no universo criado para mover o público da forma que ela deseja, mas essas cenas são gratuitas.
StartUp quer parecer sombria, mas é uma série vazia e sem identidade. A impressão que fica é de desperdício. Desperdício de uma história poderia ser interessante ao explorar a ascensão de uma empresa tecnológica ou até mesmo o cenário social de Miami. E principalmente, desperdício de um cast talentoso que merecia muito mais.
Já assistiu StartUp? Acha que a série deve ganhar uma chance? Deixe seu comentário!