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The Americans

Por: em 7 de fevereiro de 2013

The Americans

Por: em

 

 

Quais são os elementos que fazem de um piloto uma grande estreia? Confesso que não sei exatamente a resposta, e nem acredito que exista uma resposta exata para essa pergunta. Porém, se uma novata quiser apresentar uma boa primeira hora de estreia e também não souber exatamente como fazê-lo, basta assistir The Americans e se espelhar. A série foi criada por Joe Weisberg (Damages), produtor não muito conhecido no mundo da televisão, mas que se destaca por ser um agente da CIA aposentado. Sua experiência de seu antigo emprego sem dúvida agrega grande valor à série. Ainda no time de criação, roteiro e produção, se encontram Graham Yost (Justified e os sucessos Band of Brothers e The Pacific) e Gavin O’Connor (seu trabalho mais notável é o filme Guerreiro, um dos melhores filmes de luta dos últimos tempos). Apesar de não tão conhecidos, são nomes competentes que tem tudo para apresentar um grande show, principalmente se considerarmos o episódio piloto. E, como se a qualidade do episódio já não fosse suficiente, a audiência também foi bastante comemorada. The Americans estreou com 3.22 milhões de telespectadores e 1.2 na demo.

A série tem como seus protagonistas um casal de espiões russos: Elizabeth (a ótima Keri Russel, de Felicity) e Phillip (também bem no papel, Matthew Rhys, de Brothers & Sisters). Apesar de séries de espiões já serem praticamente consideradas um sub-gênero entre as séries, tamanha a sua proliferação (vide Nikita, Hunted, Homeland, dentre outras), The Americans tem talvez como seu principal diferencial a época em que sua trama é contada: o ano de 1981, auge da Guerra Fria. Os alunos que assim como eu não costumavam faltar às aulas de História, lembram muito bem as principais características desse combate sem grande luta corpórea que ainda reflete suas consequências no mundo atual. E, portanto, sabem a quantidade de plots que a série pode explorar.

A narrativa tem dois núcleos muito interessantes e que são absurdamente conflitantes entre si. Assim como em Homeland, a família é retratada como ponto fundamental no enredo. Ao mesmo tempo em que os personagens tem de lidar com os sacrifícios e problemas de sua perigosa profissão, buscam a manter a harmonia dentro de casa. Essa proposta conflitante – afinal, ser espião e ter uma família não é como morango e chocolate que nasceram para viver juntos – é a riqueza da série.

Consegui, já nesses 60 minutos de exibição, me apegar a Elizabeth e Phillip, algo raro de acontecer tão cedo. As características dos dois foram incrivelmente bem desenhadas. Ela é muito mais dura e fechada, talvez pelos traumas que sofreu, e ele já enxerga as situações de outra forma. A discussão entre eles foi espetacular, principalmente porque não consegui me posicionar efetivamente, cada um apresentou seus argumentos e ambos me convenceram, fazendo com que eu entendesse o dilema pelo qual estavam passando.  O bom de tudo isso é que tudo só tende a melhorar. O fato dos filhos do casal estarem crescendo em solo americano faz com que eles se tornem aquilo pelo qual Elizabeth e Phillip lutam contra. Ela, principalmente, tem o orgulho de sua terra natal mais evidente e essa interação com os filhos promete, afinal, eles foram criados ali. Você já imaginou se um dia seus pais lhe dissessem que você não é brasileiro e deve odiar seu país?

Apesar de não ter sido o mais interessante nesse episódio, o FBI também pode e provavelmente irá acrescentar muito à essa já complexa teia de tramas muito bem entrelaçadas. Não gostei muito de Stan e nem do fato de ele coincidentemente ter ido morar na vizinhança, mas isso é totalmente aceitável.

“Sou mesmo?” Resposta de Elizabeth, após Phillip dizer que ela é sua esposa.

E, como cereja do bolo, a série ainda é um brinde para quem gosta de História e Relações Internacionais. Vamos, sem dúvida, aprender bastante com The Americans. Tenho particular curiosidade para saber como os espiões trabalhavam na década de 80 sem os inúmeros recursos tecnológicos disponíveis nesse século. Aproveitando, confesso que me senti um pouco desorientado no clima um tanto de época  misturado com um tanto  de contemporaneidade.  Geralmente filmes e séries de época retratam momentos mais distantes, e as diferenças de 1981 para 2013 não me pareceram tão evidentes na série, a ponto de algumas vezes me esquecer que não estávamos na época atual.

Concluindo, é  com a boca cheia que recomendo The Americans, caso ainda não tenha assistido. A produção acerta em todos os pontos e é repleta de bons momentos. Os personagens são muito bem caracterizados e o texto é tão bom quanto as atuações. Confira esse ótimo episódio piloto e depois volte para comentar.


Micael Auler

Gaúcho que ama chimarrão e churrasco (tchê!) quase tanto quanto ama séries, filmes e livros. Para acompanhar, seja lá o que for, bebe: se não o chimarrão, café; ou então algo com um pouquinho de álcool.

Lajeado / RS

Série Favorita: The Good Wife

Não assiste de jeito nenhum: Supernatural

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