Finalmente a Amelia tem um caso para trabalhar! Uma mulher está em coma há dois anos e a Addison descobriu que a Jordy está grávida. Pareceu o roteiro do filme Hable Con Ella, do maravilhoso Pedro Almodóvar. O caso não foi tratado com tanto drama como no filme (até porque em um, a paciente era cuidada por um enfermeiro e, no outro, pelo marido), mas como o Sam agiu tão naturalmente ao saber que a mulher em coma estava grávida? Até onde eu sei, sexo sem consentimento, independente do grau de intimidade entre o homem e a mulher, é estupro.
Acho importante que a Shonda tenha coragem de colocar estes assuntos polêmicos na televisão. Por isso, odiei ver a reação do Sam e do Sheldon sobre o caso. Serioulsy, defendendo um estuprador? O Sheldon pode ajudar o Bob a ver o tamanho do erro que ele cometeu e entender que mesmo sendo marido e mulher (e mesmo amando demais a mulher), se ela não diz claramente que quer transar com ele, ele não tem o direito de transar com ela. Isso é algo que muitas pessoas não enxergam; pensam que como são casados, o homem tem o direito de transar com a mulher quando ele bem entender. Ao contrário do que muita gente pensa, a mulher não é propriedade do homem, em coma ou fora dele.
Entendo muito bem o lado da Addison em não conseguir separar o profissional do pessoal em casos como este. Eu também não conseguiria e levaria a briga para casa. Achei sacanagem do Sam insistir em pressionar a Addison a agir como a Naomi (senti falta dela neste episódio); ela disse que não queria agir como se nada tivesse acontecido em casa e não queria dizer coisas que ela não poderia retirar depois. Mas ele, ao invés de recuar e ir para a própria casa, decidiu confrontá-la e deu no que deu.
Também não concordo com o comentário superficial da Amelia em dizer que se ela tivesse um homem como o Sam em casa, ela não brigaria com ele por um caso. O Sam tem direito a ter uma opinião médica, mas não penso que decidir se o Bob estuprou a mulher ou não seja opinião médica; é pessoal. Opinião médica é decidir se a Jordy terá ou não a gravidez interrompida, por estar em coma e por sua saúde.
O Pete tem que lidar com o caso de um homem que sofreu um acidente enquanto estava em um carro com um prostituto. De novo, a Shonda acertou na mosca; nos Estados Unidos, está tendo uma onda de suicídios de jovens gays por não serem aceitos na sociedade (e ouvi dizer que Glee também abordará o tema).
Por causa da nossa cultura, acredito que um dos piores julgamentos que enfrentamos é o nosso. Como ir contra a sua cultura, que acha que ser homossexual é um grande pecado – e na maioria das pessoas, este pensamento está enraizado em maior ou menor grau -, é extremamente difícil se ver gostando de alguém do mesmo sexo. Ainda mais quando se é adulto, casado, tentando ter filhos.
Tanto que, em muitos casos, quem convive com a pessoa desconfia das preferências sexuais dele; a própria pessoa não consegue esconder. O que acho fenomenal nesses casos é a grande sensibilidade da Shonda. Até onde consigo me lembrar, ela nunca coloca seus personagens agindo como pessoas normais agiriam. A Shonda os coloca entendendo os sentimentos alheios, mostrando ao telespectador como agir nessas situações delicadas e, principalmente, mostrando a importância das pessoas próximas para superar qualquer momento.
Tivemos a Violet insistindo para saber o passado do Pete. Embora eu tenha achado meio desrespeitosa a persistência dela, não lhe tiro a razão. O Pete é um cara extremamente fechado e ela, como esposa, como companheira, tem todo o direito de querer saber mais sobre a família dele – que, tecnicamente, também é a família dela agora. Acho que é importante termos alguém em quem confiamos para desabafar esses assuntos pesados.
Por último, tivemos um baita cliffhanger. Quem é o homem misterioso que esmurrou a Charlotte e deve estuprá-la? Primeiro, a Betsy órfã e ninguém adotando-a, agora isso… Shonda Rhimes, você é muito malvada com Private Practice!
P.S.: Que graça o Lucas vestido de abóbora!
