Os primeiros minutos do 4º episódio de Punho de Ferro já deixam claro de cara o quanto a série realmente tem uma identidade diferente das suas 3 anteriores. Sai o tom cru das brigas urbanas e entra o tom místico, mais parecido com “Doutor Estranho.” Sai um herói das ruas que desce a porrada em quem ameaça a segurança e chega um herói rico, herdeiro de uma grande empresa e detentor de um poder sobrenatural.
Quando Harold apareceu vivo no piloto, parecia óbvio que a série penderia para o clichê do empresário que forjou a morte por alguma razão desconhecida, mas aqui, descobrimos que de fato, Harold morreu – e de alguma forma foi ressuscitado pelo Tentáculo. Não dá pra saber, claro, o quanto disso é verdade ou não, mas ele pareceu sincero em seus apontamentos (e como parece amedrontado por ser alguém que deve ao Tentáculo). Foi bem interessante ver como Danny se sente à vontade com ele e comprou muito fácil toda a história que ele vendeu, para o desespero e ciúme de um Ward de canto de olho.
Esse conflito entre os dois, inclusive, promete esquentar cada vez mais. Com Danny anunciado ao mundo e recolocado na empresa graças a uma exigência de Harold, uma guerra fria parece ter se instaurado entre os dois. É muito bacana ver como Danny não se deixar sucumbir a falta de experiência no ramo e não negou seus ideiais em nenhum momento, sabendo se impor e fazendo sua vontade prevalecer. Danny sabe muito bem o que está fazendo e duas cenas que deixam isos bem claro são o momento em que ele faz o bom moço no discurso e agradece a Joy e Ward pela interação e quando esfrega na cara de todo o conselho que possui 51% das ações da Rand e que, por isso, tem a última palavra. A amargura de Ward soltada de vez na sua entrevista para a repórter mostra o quão incomodado ele está e é um prenúncio de problemas.
A reaproximação com Joy veio antes do esperado. São bem bonitos os momentos que eles tem aqui e mostram que a ligação forte que eles tinham na infância (ótimo saber que Danny sempre foi o ponto fraco dela) não morreu, só ficou adormecida – e agora acordou com tudo. Na resenha do episódio passado, eu comentei que Joy parecia uma pessoa mudada devido a influência do irmão e do mundo do mercado em que se meteu e foi nuito interessante ouvir a jovem externar isso, quando afirma que a volta de Danny a fez confrontar a pessoa que ela se tornou – e ela não gostou disso. Sejamos sinceros: Quantos gostaruam? Analisando o que somos hoje e o que éramos antes… Gostamos de quem nos tornamos ? fica o questionamento.
Um dos momentos mais interessantes entre os dois é quando Danny usa o fato de Joy ter se envolvido com a compra do píer sem saber o que havia por trás para questionar suas próprias motivações para se tornar o Punho de Ferro. São esses pequenos momentos, onde o personagem pincela algumas partes de seu rotina de treinamento com os monges (podíamos ver mais flashbacks, a propósito) e mostra-se alguém dedicado (ainda que um pouco amedrontado) a causa que escolheu lutar que o humanizam e, mesmo com todo o misticismo em volta, o aproximam de Matthew, Jessica e Luke.
O quase sequestro de Joy e a impulsividade de Danny em ir atrás da empresa que tentou organizá-lo vieram para mostrar que o Tentáculo é muito mais perigoso do que parece. Com a sinistra aparição de Madame Gao nos minutos finais e seu momento com Harold que levou a execução pelas suas próprias mãos daquele que bateu em Joy, fica ainda mais forte a dúvida de que lado o pai de Joy e Ward está. Ainda bem que, com a Netflix, a gente não precisa esperar muito.
Outras observações:
— Ponto fraco da série: Não acho as lutas tão bem coreografadas como as das séries anteriores.
— Ponto a mais pela referência a Demolidor.
— Still, maravilhoso Danny quebrando a ponta do machado com o punho.
– Collen voltou a luta livre… Queria entender onde essa trama vai dar. Mas, por agora, tudo parece nebuloso demais.
— A propósito, uma ótima surpresa a aproximação no final entre ela e Collen . Tomara que saia uma boa amizade daí.
— A tatuagem de dragão no peito de Danny: Que momento!