
E na season finale de Punho de Ferro, já começamos com a confirmação de que a mente por trás de tudo sempre foi aquele que parecia do lado de Danny: Harold Meechum.
Não é novidade pra quem conhece as histórias em quadrinho do Punho de Ferro que o pai de Joy e Ward era o grande vilão da trama. Quando o episódio já começa mostrando que Danny agora é um fugitivo federal por tráfico de drogas e que Harold decidiu se revelar ao mundo, o roteiro da série finalmente dá uns passos à frente ao não perder tempo em estabelecer Meechum como nêmesis do episódio. A descoberta de que ele foi o responsável pela queda do avião que matou os Rand não foi nenhuma surpresa também. No meio desse turbilhão todo, a pergunta que eu me faço é porque a série esperou tanto para revelar isso. Talvez se tivéssemos sabido disso há uns 3 episódios, os rumos poderiam ter sido diferentes.
Devaneios à parte, o interessante disso tudo é ver o novo papel que Ward assume na história. Quem diria que, no final das contas, ele seria o principal aliado de Danny na luta em provar sua inocência? A aliança que surgiu entre os dois foi uma surpresa bacana e mesmo o momento em que Ward diz a Danny que sente muito pelo pai ser o responsável pelo seu acidente parece sincero. Contudo, mais uma vez, preciso ressaltar a ingenuidade de Ward em simplesmente pegar seu telefone e ligar para Danny de uma sala ao lado da do pai para avisar que o plano não funcionaria. Era tão óbvio que Meechum descobririam tudo e isso forçaria Danny e Colleen a entrar na empresa que fica na boca um gostinho amargo pelo roteiro ser tão preguiçoso.
O momento em que Danny praticamente voa com seu punho ativado para dentro da sala de Harold é incrível. As lutas entre as salas foram ótimas, mas o confronto final entre os dois, no telhado, foi talvez o melhor momento da série. A trilha sonora melancólica esteve no tom exato do texto, os dois atores estavam em excelente sintonia e o texto conseguiu passar o que o momento pedia (mesmo que tenha sido um pouco piegas, com aquelas frases de efeito como “Estava aqui em cima com seu pai e tínhamos o mundo aos nossos pés). No fim das contas, Harold não estava errado quando disse que Danny era um garoto assustado. Talvez essa seja a diferença dele pra Matthew, Luke e Jessica.
Danny sente mais medo do que eles, tem mais ressalvas, tem mais medo e mais demônios pessoais... A soma disso tudo foi o que fez muitas vezes com que ele hesitasse, até pensasse em dar pra trás várias vezes, mas também foi o que finalmente o fez realizar que isso tudo também o deixa mais forte. Quando ele escolhe não matar Harold de vez (depois de ótimas sequências de flashbacks), é o momento em que ele realiza que apesar de tudo de ruim que aconteceu à sua vida, ele não se pode deixar ser consumido pelo ódio. Esse papel de fato combinava muito mais com Ward, que já havia matado o pai uma vez.
Isso casa perfeitamente com uma das cenas que mais gostei no episódio, que é o momento em que Claire fala o quanto Danny é mais inocente que Jessica, Luke e Matthew. Acho que dá até pra levar isso pra própria série, que é bem mais leve do que as outras 3. De fato, Danny não é tão sombrio quanto os outros 3 Defensores, porque durante esses 13 episódios, esteve muito mais envolto em seus próprios problemas que nos problemas das ruas. Quando ele diz, perto de acabar o episódio, que quer ser uma luz para aqueles que precisam, é como se ele chegasse ao ponto em que Matthew, Jessica e Luke começaram sua jornada – e esse é um parodoxo muito, muito interessante.
Com Danny decidido a voltar a K’un-Lun com Colleen e descobrindo que o Tentáculo parece ter chegado até lá, a temporada se encerra de maneira promissora. Apesar das críticas pesadas que a produção recebeu, gostei muito do que vi e espero que seja renovada para um segundo ano. Mas, antes disso, temos uma parada em Defensores. O grande projeto da Marvel e da Netflix, finalmente, chegará a sua “conclusão”.
Nem dá pra dizer o quanto eu tô ansioso.
Outras observações:
— Não achei onde falar no texto, então vou jogar logo aqui: Joy é outra personagem que ganha contornos interessantes nesse capítulo final. Por um minuto, achei que ela apoiaria o pai agora que Ward se colocou do lado de Danny. Foi um alívio ver que ela não comprou as besteiras que ele falou para tentar convencê-la de que não foi o responsável por incriminar Danny. Mas sua estranha aliança com Davos contra Danny foi algo que me surpreendeu e que não faço ideia de onde vai parar.
— “Eu nunca menti para ele. Você não pode dizer o mesmo.” – Madame Gao segue maravilhosa
— Aliás, a cena em que Danny e Colleen a confrontam e ela revela que foi Harold o mentor do acidente também é ótima.
— Claire expulsando o moço do carrinho: Impagável.
— Queria ter visto Danny enfrentando o dragão. Quem sabe na segunda temporada.
— Será que a cremação vai adiantar pra impedir que Harold volte?
— Ward propondo que ele e Danny dirijam a Rand juntos: Quem diria.
— Acabou a série e Claire não criou um grupo de whatsapp chamando “Defensores”. Decepcionado.
— Obrigado a todo mundo que acompanhou nossa maratona!