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Quatro motivos para voltar a assistir House M.D.

Por: em 14 de janeiro de 2012

Quatro motivos para voltar a assistir House M.D.

Por: em

House M.D. já foi a série favorita de muita gente que está lendo este post. O roteiro era um dos mais inteligentes e profundos da TV aberta americana, os mistérios médicos, apesar de não prezarem pela verossimilhança, eram instigantes e desafiadores e traziam personagens interessantes e participações especiais ilustres, os personagens secundários eram carismáticos e divertidos, as tramas eram fortes e te prendiam, fossem elas dramáticas ou cômicas, trilha sonora, efeitos visuais, tudo funcionava. Apesar de todos esses méritos, o personagem-título sempre foi o maior atrativo da série, ao aliar a genialidade canalha e a complexidade que o roteiro lhe conferia com o talento de um ator não menos genial.

Entretanto, quando a fórmula foi se enfraquecendo, os casos médicos foram ficando mirabolantes demais e os pacientes da semana ficavam mais chatos a cada episódio, os queridos personagens secundários foram dando lugar a outros nem tão queridos assim e as tramas começaram a parecer desesperadas, um ótimo protagonista, um bom roteiro e uma produção competente não foram suficientes para prender alguns fãs, que abandonaram o barco. A audiência caiu muito, assim como a relevância da série, as críticas eram mais pesadas a cada semana e tornou-se unânime a opinião de que House arrastava-se, sendo uma mera sombra do que já fora, excetuando-se alguns bons momentos.

Mas a oitava temporada da série vem mostrando uma melhora significativa, e esse post vem trazer alguns motivos para você dar uma segunda chance a House, além de contar com comentários dos episódios de quatro a oito desta temporada. Pode ler, que não tem spoilers.

Por saudosismo, as imagens que ilustram o post são todas de editoriais de revistas ou banners de temporadas anteriores. Clique em cada uma delas para ler a review nela citada (em inglês – e com spoilers).

1. – A série está cumprindo o que prometeu

A quinta temporada foi sofrível, a sexta teve altos e baixos e a sétima foi uma grande fanfic dividida em vinte e três episódios. Por que assistir a oitava? Porque ela está sendo, até agora, superior às últimas três.

A quinta temporada é a que eu considero a pior de House. Gostei muito de diversos episódios (Birthmarks, Joy to the World, Locked In, Here Kitty, House Divided, Under My Skin…), mas como um todo, achei-a muito inferior às ótimas quatro primeiras – e a partir daí, a série foi ladeira abaixo. A sexta temporada foi melhor, sim, e teve diversos episódios no nível das melhores temporadas da série (Broken, The Tyrant, Brave Heart, Known Unknowns, Remorse, 5 to 9, Wilson, The Choice, Help Me), mas, apesar de ser minha temporada favorita depois que o time original (House, Foreman, Chase e Cameron) se separou, ela conduziu a história para caminhos muito controversos. Também gostei da sétima temporada, adorei a Masters e até aprovei a maneira como o relacionamento entre House e Cuddy foi conduzido (episódios favoritos: Unwritten, A Pox on Our House, Larger Than Life, Bombshells, Out of the Chute, The Dig, Last Temptation, The Fix) mas a série já não era mais a mesma coisa.

A oitava começou desacreditada, prometendo, mais uma vez, uma guinada radical na vida do personagem. A season premiere, Twenty Vicodin, foi um excelente episódio, mas era improvável que os roteiristas errariam com um material daquele nas mãos. Episódios “especiais”, longe do ambiente do hospital, dão mais liberdade ao roteiro, trazendo bons resultados. A expectativa estava no episódio seguinte, onde o médico retornaria ao hospital. E Transplant mostrou que as coisas realmente mudaram. Talvez fosse esse o tipo de revival que House sempre tenha precisado: não mudar a equipe ou colocá-lo em um relacionamento sério, mas sim mudar os ares do Princeton-Plainsboro Teaching Hospital, transformar sua dinâmica. É claro que isso já havia sido feito antes (lembram do Vogler? E do “reality show” pra escolher a nova equipe?), mas nunca de maneira permanente. Aí veio Charity Case cheguei a pensar que o seriado tinha saído dos trilhos, de novo, depois de um episódio tão fraco.  Mas felizmente não foi o caso.

2. – Uma sequência de bons episódios

Risky Business, em clima de halloween, teve um dos casos mais bacanas desta temporada até agora, e o paciente da semana trouxe pautas interessantes, como patriotismo, lealdade, trabalho infantil, família e negócios e análise comportamental. A interação entre Chi e House também lembrou os tempos áureos da série, em que ele manipulava e por vezes humilhava seus empregados, mas também mostrava se importar com eles. Apesar de sua voz irritante, eu gosto bastante da personagem e do que ela traz ao grupo. Já Adams, que eu não tinha gostado muito no episódio anterior, ganhou mais simpatia aqui ao expor sua vida pessoal (e também pela última cena do episódio). A posição de House no hospital ainda não era a mesma das temporadas anteriores, e isso foi muito bem utilizado em Risky Business, que mostrou-o lidando com um novo problema, agora a divisão do espaço, à sua maneira. Mas não gosto de quando o personagem age como se tivesse doze anos de idade, e a reação das pessoas depois da volta dele foi bem mais contida do que eu imaginava, como se eles quisessem retornar à normalidade o mais rápido possível. Mesmo assim, um episódio divertido como esse merece elogios (e o mais incrível: a Cuddy nem fez falta!).

Tenho que admitir que The Confession foi chatinho, mas ainda assim lembrou as temporadas douradas do programa. O caso, que já não tinha muito potencial no começo, foi mal explorado (e eu não gostei do ator), mas teve um final muito bom e um diagnóstico verdadeiramente imprevisível (porque de uns tempos pra cá era uma coisa assim: “ele tem pneumonia eosinofílica crônica idiopática, pegou em uma viagem ao Uruguai. E é isso, galera, até semana que vem“, um tipo de diagnóstico que nem para estudantes de medicina pareceria surpreendente ou interessante, já que a série não anda prezando pela plausibilidade médica). Taub e Chase estavam divertidos (com uma mãozinha de Foreman, que está mostrando-se, nesta temporada, um personagem muito melhor) e não é em todo episódio que se pode dizer isso sobre os dois (e finalmente os ducklings foram úteis de novo). Wilson é outro personagem secundário que, mesmo não sendo muito utilizado, sempre arrasa quando o é, e sua participação cômica neste episódio foi ótima, ainda que pequena. Park reafirmou-se como uma boa personagem, dessa vez fazendo dupla com Taub, em um episódio que deu mais espaço para aqueles que orbitam ao redor de House e nem por isso foi ruim (e a cena final já é um daqueles momentos cômicos antológicos da série).

Parents foi mais um bom episódio. O caso da semana teve um twist surpreendente, a nível de Skin Deep, da segunda temporada, mas no início não pareceu tão promissor, apesar do paciente ter conseguido despertar empatia. As conversas sobre paternidade não foram muito inspiradas e eu não sou o maior fã desta nova trama de Taub, mas só de ver a situação do paciente relacionando-se a questionamentos da vida pessoal dos médicos de novo já valeu a pena. A relação House-Wilson-Foreman foi o ponto alto do episódio, um plot engraçado, canalha, leve e inteligente, daqueles que a gente costumava ver em todo episódio dos primeiros anos. É incrível como, depois de tantos anos, Wilson ainda deixa sua vida girar em torno do amigo. Ver House clinicando de novo também foi muito legal. E Adams ganhou neste episódio seu melhor plot desde Twenty Vicodin. House tentando conhecê-la mais, entendê-la, está mostrando-se muito positivo. Simples, divertido e gostoso de se assistir, Parents foi a prova de que a série ainda consegue fazer bem seu arroz-com-feijão e trabalhar com sua fórmula tão exaustivamente utilizada mantendo um certo charme.

Dead and Buried foi extremamente sensível. O episódio separou-se em dois casos,  e aquele que contou com o maior empenho de House foi ótimo, daqueles casos que amolecem o coração do protagonista, como o de Autopsy. Há tempos não tínhamos um caso tão envolvente quanto este. Mesmo tratando de assuntos fortes, o episódio soube equilibrar perfeitamente humor e drama (é um daqueles episódios em que ele é gente boa, mas não deixa de ser sacana). Pena que a paciente que ficou nas mãos do restante da equipe não foi tão interessante. Sua apresentação foi bem morna, e o caso foi correndo assim como 96% dos já mostrados na série (novo sintoma + comercial). Após a visita de House, até que ele ficou mais atraente, mas sua conclusão foi bem whatever. Apesar de suas falhas, dá para entender a introdução deste caso no episódio: o plot da investigação conduzida por House, por melhor que fosse, não conseguiria segurar o telespectador por quarenta e cinco minutos. Chase teve destaque, Wilson foi grilo falante de novo, mas ninguém se importou muito: do time original, é Foreman quem anda roubando a cena (quem diria!). A relação dele com House é o que esta temporada tem de melhor. São personagens parecidos, e por isso mesmo é tão bacana vê-los batendo de frente. Enfim, melhor episódio depois da volta de House para o hospital.

Perils of Paranoia teve um bom caso, daqueles que divide a opinião da equipe tanto no diagnóstico quanto no julgamento das motivações do paciente. Não sou muito fã de quando eles começam a especular, fofocar e até se intrometer na vida do paciente , mas aqui isso foi feito de maneira plausível, pois o que estava em discussão era se os segredos do paciente tinham ou não relação com sua doença (de maneira parecida com The Jerk). A discussão suscitada também foi bacana, dessa vez levada com menos seriedade do que nos episódios anteriores, e trouxe momentos impagáveis entre House e Wilson (foi no nível da aposta das galinhas de Last Temptation). Chi Park só cresce na série, mostrando-se mais segura neste episódio, e a dupla Chase-Adams funcionou bem. Nem mesmo o plot sobre a vida pessoal de Foreman incomodou (estou dizendo que o personagem melhorou). Thomas Moran já escreveu episódios melhores na série (Daddy’s Boy, Human Error, Whatever It Takes), mas pense bem: este foi o 162º episódio da série. E House não costuma fazer midseason finales grandiosas ou deixar algum gancho para o próximo episódio, portanto Perils, mesmo sendo um episódio comum, não decepcionou.

3. – É um dos poucos dramas médicos de qualidade na TV 

Essa não é a melhor época para os fãs do gênero. A maioria recorre a reprises de clássicos como M*A*S*H, Chicago Hope ou ER, ou se contenta com séries recentes bem medianas, como Combat Hospital e Royal Pains, mas quantos dramas médicos de peso nós temos atualmente? A britânica Casualty, a ainda ótima Grey’s Anatomy e House, M.D. são alguns dos poucos reminiscentes do gênero a ainda causar algum impacto na cultura popular e a levar o telespectador a refletir sobre os temas comuns em produções do tipo, já tão exaustivamente explorados no passado. Além disso, House também é um exemplo para muitos procedurals, tendo conseguido dar mais espaço para a vida pessoal dos personagens a cada temporada sem deixar seus casos semanais de lado, e ainda consegue surpreender e causar tensão depois de tantos anos.

4. Esta pode ser a última temporada

O anúncio do presidente da Fox de que a oitava é, provavelmente, a temporada final da série, foi um alívio para a maioria dos fãs. O show pode até estar se reerguendo nesta temporada, mas é improvável que ele tenha fôlego para um nono ano. Como eu já vinha dizendo em vários posts, está na hora de House acabar, antes que perca tudo o que ainda tem de bom, e é bom ver que os roteiristas, o estúdio e a emissora reconhecem isso (apesar de ter sido, provavelmente, a queda na audiência o motivo para o cancelamento tornar-se possível).

E, bem, quem já acompanha House há tanto tempo deve ter no mínimo curiosidade para saber como a série vai acabar. Essa deadline pode dar aos roteiristas mais liberdades para criar uma trama final mais ambiciosa, e é provável que a series finale seja um episódio de cair o queixo, já que eles não terão que se preocupar em como dar continuidade com a série e muitos atores podem aceitar voltar uma última vez para os sets de gravação da série (House morrendo, Wilson morrendo, Cuddy voltando, Cameron voltando, qualquer coisa é possível).

Não vou enganar vocês dizendo que a série voltou a ser tudo aquilo que era antes, que vocês não sabem o que estão perdendo, que esta temporada está impecável. Mas é inegável que os roteiristas vêm tentando não deixar a peteca cair, não deixar a série cair na rotina. Começou lá na quarta temporada, com a introdução de novos personagens e novos dramas pessoais, e desde então eles estão sempre tentando dar aos fãs o que eles querem (House e Wilson se reconciliando, House e Cuddy juntos, mais da vida pessoal dos personagens, House mais emotivo, House menos emotivo…). E com uma temporada tão consistente, a série merece que os telespectadores de longa data retornem para assistir seu final.

Sou o reviewer responsável pela série e retornarei com novos posts sobre House a partir de 23 de Janeiro, quando a série volta de seu hiatus com o episódio Better Half (assista ao promo). Fiquem com um vídeo feito por um fã, com dez motivos para se adorar House M.D.:


João Miguel

Bela Vista do Paraíso - PR

Série Favorita: Arquivo X

Não assiste de jeito nenhum: Reality Shows

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