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American Horror Story – 1×03 Murder House

Por: em 22 de outubro de 2011

American Horror Story – 1×03 Murder House

Por: em

Optou bem quem optou por continuar assistindo American Horror Story, depois do piloto esquisito e do segundo episódio que pouco fez para redimi-lo. Murder House colocou as cartas na mesa e ofereceu uma brainstorm disposta de maneira diabolicamente inteligente, repleto de reviravoltas extraordinárias, que provam de uma vez por todas que Murphy, Falchuk e sua trupe têm uma história a contar e estão contando-a com bastante competência – e acredite, você não quer ficar de fora dos enigmas que esta série tem a oferecer.

Muito do que me incomodou nos episódios anteriores não esteve presente ou foi explicado em Murder House. A começar pelo fato deles não abandonarem a casa: Ryan Murphy já havia adiantado que seria algo relacionado a burocracia e problemas financeiros, mas eu não via isso funcionando na tela. Agora não consigo imaginar uma alternativa melhor para que os Harmons permaneçam na Murder House. E assim foi o terceiro episódio de American: tudo foi se encaixando e fazendo tanto sentido que deu para perceber que o cuidado dos produtores com o roteiro é imenso, e que a série não é apenas cáça-niquismo, fetichismo ou uma algazarra apelativa: existe, sim, um sentido maior no meio de tudo aquilo.

As confirmações das teorias em relação a Constance foram dadas de maneiras acertadíssimas. No início, pela crueza da cena do assassinato de seu marido e de Moira, e na cena em que olha Tate pela janela, pela delicadeza e simplicidade. O episódio foi ótimo ao mostrar a ardilosidade dessa mulher traída: continua vingando-se de sua “rival” até em outra vida. A atuação de Jessica Lange teve muita entrega, conseguiu convencer e chocar: ela era aquela casa transbordando. A casa e todos os mistérios e crimes que ela encerra. Apesar da grande melhora de Dylan McDermott e do desempenho para lá de satisfatório do resto do cast, a única que se equiparou a Lange foi Frances Conroy.

Falando nela, fiquei com muita pena da Moira. Uma empregada que deu um mal passo, morreu pelas mãos de sua patroa e tornou-se um fantasma da casa na qual trabalhava. Ela representa todas as criaturas que estão, de alguma maneira, aprisionadas à mansão, como a mulher de Charles ou as enfermeiras do episódio anterior. O choro da personagem na última cena do episódio nos permitiu sentir um pouco de seu desespero e tornou muitas de suas atitudes, como manipular Ben, mais compreensíveis.

O patriarca dos Harmon foi o membro da família com o qual eu menos simpatizei desde o início da série (agora o posto é de Violet), mas o pesadelo lynchiano no qual tornou-se sua vida fez com que eu entendesse e gostasse mais do personagem. A edição do episódio foi genial – a vida de Ben virou de cabeça para baixo em Murder House e a excelência técnica da série foi essencial para que nós, telespectadores, compartilhássemos desta experiência. Moira pode até ter roubado a cena neste episódio, mas acredito que será a partir da storyline de Ben que a série irá se desenvolver – material em mãos eles têm.

O segredo de Ben certamente terá repercussões e desdobramentos, e duvido que é a última vez que veremos sua amante na série. É provável que o cara do tumor tornar-se-á um problema, e estou achando-o bem mais atraente agora. Quanto à Vivien e ao bebê, acredito que ele seja uma espécie de entidade maligna e por isso despertou tanto o interesse do fantasma com o ferimento na cabeça. Também acho que Constance não é um espírito/fantasma/whatever, mas que exista um “laço” diferente prendendo-a à mansão: talvez seja Tate. Ele, aliás, já está fazendo a cabeça de Violet para que ela não saia da casa, ou seja, também está aprisionado, assim como Moira (talvez seja algo relacionado ao porão… o promo do próximo episódio promete que muito do mistério do porão será revelado semana que vem).

O maior mérito do episódio foi ter conseguido conciliar todas as peculiaridades de seus antecessores (inclusive o ritmo) com uma qualidade e uma inteligência que ainda não haviam dado as caras pela série. Não houve enrolação ou construção de suspenses desnecessários: American jogou limpo, contando-nos o que devemos saber por enquanto e ainda assim guardando muto para o futuro. E é claro, o mergulho no passado da mansão mal assombrada de Vivien e Ben. A história do casarão é muito mais podre do que imaginávamos: o flashback da clínica de abortos clandestina dirigida pela muher do Doutor Frankenstein foi uma ótima sacada – e Vivien sangrando durante o Horror Tour e dizendo “this is my house” me deixou desconcertado. A série não traiu sua estrutura exótica, mas soube trabalhá-la para tornar-se mais digerível e interessante. Esperava uma melhora, mas nada tão rápido e eficaz.

American Horror Story nos apresentou essa semana um episódio que mostra bem como a série quer ser, mas nem sempre consegue ser. Não deixou de ser confuso, creepy, grandiloquente ou apelativo, mas foi coerente, esclarecedor, instigante e deixou os telespectadores em um estado de êxtase sem igual. Murder House mostrou que vale a pena passar por cima de seus receios acerca de produções assinadas pelo Ryan Murphy ou do gênero do terror e se entregar ao bizarro caos de American: estamos diante de uma série única e de muita qualidade.

Alguém mais adorou este episódio? Tem alguma teoria sobre a série? Compartilhe!

PS.: Será que outros homens também enxergam Moira como uma jovem sedutora? o comentário do policial foi ambíguo.

PS2.: Por que eles não retiram aquelas coisas do porão?


João Miguel

Bela Vista do Paraíso - PR

Série Favorita: Arquivo X

Não assiste de jeito nenhum: Reality Shows

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