A temporada chega à sua metade com uma narrativa mais leve e mais confusa que a dos anos anteriores. Coven tem o melhor elenco de American Horror Story, e apesar disso elevar a qualidade das cenas, parece que cada personagem protagoniza sua própria trama que nem sempre se conecta à dos outros.
Burn, Witch, Burn! foi uma espécie de homenagem – voluntária ou não – aos filmes B. Zumbis, serra elétrica, furos de continuidade, adolescentes vencendo as forças do mal, cenas soturnas em um hospital e muito pop rock na trilha sonora. Um caldeirão de clichês que só poderia funcionar tão bem em uma série de Ryan Murphy.
Fiona e Delphine tiveram seus momentos maternais mais expostos que nunca, mostrando como o amor que elas sentem por suas filhas é torto, deformado, mas ainda assim amor. Acredito que ninguém gostaria de ter as duas como mães – principalmente LaLaurie – mas no fundo ambas amam suas filhas, mesmo que do jeito mais errado possível.
Myrtle acabou mesmo incriminada pelos crimes de Fiona e por ter atacado Cordelia. Com a ajuda de Queenie, a Suprema tirou mais uma bruxa de seu caminho sem maiores problemas, o que ela não esperava era q Misty fosse aparecer mais uma vez para defender aquela que, assim como ela, foi injustamente queimada. E dá-lhe mais ressurreição.
O problema de ter uma necromante na série é que a morte perde seu impacto narrativo. Alguém importante morreu? Ok, sem problemas, Misty vai trazer de volta. Foi assim com ela mesma, com Kyle, com Mytrle e com Madison em The Axeman Cometh. O dead is dead é uma regra que não vale por aqui, o que acaba tornando as mortes eventos pouco importantes e facilmente reversíveis, além de não ajudar em nada a reduzir o número elevado de personagens da série.
Os flashbacks de Coven continuam sendo melhores que a trama dos dias atuais. Seja com o passado de LaLaurie, com a adolescência de Fiona ou com personagens como o homem do machado, parece que a atmosfera de terror sempre funciona muito melhor em tempos remotos – talvez por isso Asylum, ambientada quase completamente no passado, tenha sido tão superior à Murder House e agora, a Coven.
Zoe dá cada vez mais sinais de que pode ser a nova Suprema, e Fiona parece simpatizar muito mais com ela do que com Madison, mas duvido que a simpatia continue quando ela descobrir que a novata está desenvolvendo novos dons. A loira, aliás, agora que retornou do mundo dos mortos, voltará também à disputa pelo legado de Fiona ou perdeu seus poderes conforme seu corpo apodreceu?
E por falar em legado, a pobre Cordelia parece ter herdado todo o sofrimento de Lana. Como se não bastasse ser atacada com ácido, descobrir que seu marido a traía e ficar cega de uma só vez, ela quase foi fatiada pelo machado de um fantasma fã de jazz liberto por Zoe. Com o novo dom que desenvolveu, ela logo pode descobrir que a mãe é pior do que ela imagina, mas provavelmente não terá tempo para descobrir que o marido é aliado de Marie Laveau em uma caça à sua raça antes que seja tarde demais.
Os plots começaram a estabelecer alguma ligação em The Axeman Cometh, mas a guerra entre Laveau e o clã ainda parece bem mais lenta do que poderia ser. Para melhorar, o ideal seria que os próximos episódios tivessem menos Kyle e mais Joan. E, se não for pedir demais, mais flashbacks, por favor!
