É, meu povo, quando eles decidem fazer uma série direito, o negócio funciona que é uma beleza. E agora é com certeza que afirmo: Arrow faz uma primeira temporada estável, consistente e coerente com o que se propôs a apresentar. Mas isso não é tudo. Além disso, temos quarenta minutos de episódio recheados de emoções, personagens que conquistam a gente e tramas envolventes. Quase que a receita de uma série perfeita. Claro, temos que passar por cima de alguns clichês, mas atire a primeira pedra a série que nunca cometeu um clichê no seu roteiro. Fato é que Arrow faz para mim a melhor estreia dessa Fall Season (e eu sei que eu nem vi tantas coisas novas assim, mas essa é minha opinião) de longe da minha lista. ‘Betrayal’ foi um dos melhores, se não o melhor, episódio da temporada e o que sinto depois desse episódio é que, depois de treze com as peças jogadas em cima da mesa, elas vão começar a se encaixar.
A vulnerabilidade do arqueiro verde/Oliver foi colocada a prova nesse episódio, gerando cenas interessantíssimas. Quando Lance decidiu utilizar a filha como uma isca para chegar no seu tão desejado alvo, já tinha cantado a bola de que isso podia ser a última gota d’água no relacionamento nada estável dos dois. Mas seu desejo cego de chegar até o arqueiro foi mais longe, colocando a vida da própria filha em risco, o que claro não acabou nada bem. Apesar dos danos físicos não terem acontecido, até porque o arqueiro não seria capaz de realmente machucá-la, os danos a relação entre pai e filha foram profundos. Até pensei que por conta da conveniência do momento, após o resgate de Laurel, que tudo ficaria bem, mas não. Mais uma vez a personagem foi firme no que realmente pensa e acredita, mostrando firmeza na sua posição perante a mentira do pai. O fato é que Lance não consegue superar o fato de ter perdido tudo na vida – sua mulher, sua filha – e busca desesperadamente algo que o faça heroico mais uma vez aos olhos de Laurel; pena que investe sempre no caminho errado.
Arrisco a dizer que logo veremos um pouco mais desse passado obscuro de Lance, talvez em um ressurgimento de sua ex-mulher, não sei. Tá claro que essa história está longe de acabar. Mas foi bom vê-lo baixar a bola e ter que apelar para aquele que era sua caça até então. Gostei de ver o arqueiro e o policial trabalhando lado a lado no resgate de Laurel, porém não acho que isso exima o arqueiro da caça que vem sofrendo até então. Acho inclusive que o policial vai utilizar de ter conhecido um pouco mais das técnicas do seu inimigo/alvo para usar contra ele. E o vilão dessa semana estava impecável, né? Depois da incrível participação de Seth Gabel, quem arrebentou essa semana foi David Anders, na pele do maquiavélico Vanch – para quem passou o episódio tentando lembrar de onde conhecia o ator, ele participou de The Vampire Diaries como John Gilbert, pai de Elena, e recentemente participou de Once Upon a Time como Dr. Whale. Ele estava sensacional no papel. E foi um vilão que eu queria ver um pouco mais, vocês não? Talvez esteja ai o único problema que eu vejo em Arrow, o procedural. A aparição dessas pessoas que estragaram Starling City de alguma maneira é muito repentina e passageira. Temos os grandes vilões que permeiam toda a temporada, mas não seria nada mal se alguns desses vilões semanais estendessem sua estadia na série.
Enfim, ele fora um grande vilão. E inteligente, o que dificilmente vimos nos caras que o arqueiro enfrentou até agora. O lance de quantas flechas ele carregava foi algo genial e, não fosse a entrada triunfal de Lance, nosso querido Oliver poderia ter tido um problema e dos grandes. Voltando a Laurel, gostei como foi explorado o ciúmes de Tommy com relação ao Arqueiro. Achei bem compreensível, porque ele é inseguro com o relacionamento e ela ainda mente para encontrar alguém que a coloca em risco de vida – não é fácil lidar com uma informação dessas. O que eu não entendo é como Oliver consegue ser tão frio com essa relação do melhor amigo com sua ex. Não que eu não fosse capaz, mas ele é de uma frieza espetacular, quase imperceptível – o que não chega a ser ruim, mas uma hora tudo isso vai explodir de uma só vez, o que pode não ser bom também. Negue o quanto quiser, Oliver é maluco por Laurel, se põe em risco por ela e logo terá de lidar com o amor que sente pela garota em detrimento da sua amizade com Tommy. Isso vai ser ótimo para série porque tirará os personagens mais uma vez da zona de conforto, fazendo com que a dinâmica mude como um todo.
Outro ponto importante do episódio foram os flashbacks, – fica aqui minha pausa para comentar que a CW decidiu revisitar Lost nessa semana, com direito até a fuselagem de avião no meio da ilha – onde começamos a entender como Oliver virou um arqueiro e quais foram suas motivações para isso. Ainda não entendi como o novo cara que apareceu, que tem grandes chances de ser o torturador de Oliver, vai tirá-los de lá – tem um tal campo de pouso do avião, mas não entendi o porquê desse lugar ser tão perigoso. Enfim, foi mais uma vez um paralelo interessante e necessário para conhecermos mais da personalidade fria e ‘calculista’ – até certo ponto – que Oliver adquiriu na sua estadia dentro da ilha. Porém, de longe, a trama mais interessante do episódio veio com Diggle e sua investigação em cima de Moira. Quando o segurança decidiu persistir na investigação, mesmo contrariando Oliver, já sabíamos que existia uma grande chance dele descobrir algo comprometedor sobre a matriarca da família Queen. Mas as coisas acabaram acontecendo rápido demais, culminando num dos momentos que eu só imaginei ver lá pelo fim da temporada.
Oliver está frente a frente com sua mãe – mesmo que contrariado. Apesar de relutar e demorar a aceitar, ele sabe que ela está com as mãos sujas nessa história e precisa tirar isso a limpo. A cena final não poderia ser mais emblemática. Mãe e filho, frente a frente, para colocar as coisas a limpo. E olha, foi assim que eles nos deixaram, esperando por uma semana para saber no que isso vai dar – boa coisa não será, com certeza. Se você tem problemas com ansiedade, recomendo que você passe longe do vídeo promocional do episódio da semana que vem, ‘The Odyssey’, que se encontra logo abaixo. Agora capricha nos comentários porque eu preciso falar com alguém sobre o episódio!
