Diferente do que eu esperava, Arrow pisou no freio e voltou com um episódio muito mais calmo do que os últimos apresentados em 2013 – também nem temos como julgar a série quanto a isso, porque continuar no ritmo daqueles episódios seria demais até mesmo para uma volta de temporada. Mas isso não foi ruim de maneira alguma, foi o ritmo necessário para se trabalhar alguns relacionamentos importantes da trama e que podem surtir efeitos diretos no que o futuro nos reserva.
Há muito tempo que uma coisa ficou clara: Laurel foi perdendo pouco a pouco seu lugar de destaque na trama, ofuscada pela personalidade e carisma da um dia coadjuvante Felicity. Parece que os roteiristas finalmente perceberam esse gap com a personagem e a colocaram de volta em meio a trama principal, de uma maneira até que muito inteligente porque a reconectará diretamente com o arqueiro. O suposto envolvimento de Laurel com Sebastian não é a toa – ele vem com um tom investigativo e a personagem já deu muito mais passos do que poderíamos imaginar para um único episódio. Na verdade, não tem como alguém ir com a cara de Blood. Ele expira falsidade e com a perspicácia de Laurel, talvez seus planos sejam um pouco mais difíceis de entrarem em ação. Apesar de ter sido revelada sua ligação direta com Slade, nada mais fora mostrado nesse episódio – o que comprova que Slade é a ponta de um iceberg que começa a derreter e causar transtornos por toda Starling City.
Ainda sobre Blood, o personagem faz o estilo mais populista possível de político, fazendo com que todos acreditem que ele de fato está se preocupando com o futuro da cidade e de cada um dos seus habitantes. O que não poderíamos imaginar é que até mesmo Oliver cairia nessa balela que ele vem contando. Claro que existia toda uma politicagem por conta das empresas Queen, mas agora o acordo está sendo feito entre o candidato a prefeito e o arqueiro – não havia mais ninguém ali para interceptar essa relação. Essa é uma jogada bastante interessante por mostrar uma certa vulnerabilidade a qual nosso herói está se expondo – com o arqueiro ao seu lado, Blood pode conseguir muito mais facilmente atingi-lo, talvez finalizando os planos de Slade. A descoberta de Laurel no final do episódio não chegou a ser uma grande surpresa, mas me impressionou ainda assim pelo roteiro revelar tão rápido a dualidade do caráter de Blood para a personagem. O ponto é que, de alguma maneira, Laurel e Oliver convergem para essa trama que fica cada vez mais interessante, apontando que Blood e, consequentemente, Slade são os grandes vilões dessa temporada.
Outra relação que foi bastante explorada no episódio foi a controversa amizade entre Oliver e Felicity. Oliver está mordido de ciúmes e sobre isso não há discussões. Alegue o que alegar, não tem como negar que o fato de Felicity estar com Barry o incomodou além do que poderia imaginar. Eu tinha minhas sinceras dúvidas quanto o desenvolvimento de algo entre os dois, talvez por estragar uma das melhores relações que já vimos na série, mas está claro que a equipe criativa apostará nisso e, se forem tomados os devidos cuidados, esse pode ser o grande casal da série (é Laurel, ninguém se importa mais com você!). A briga dos dois movida pelo ciúmes de Oliver, fez da cena da reconciliação uma das melhores entre os dois em toda a série. Havia um exagero de sinceridade naquele momento e parecia que o menor dos movimentos acarretaria em um beijo. Esse é o cuidado que eu digo. O roteiro nos prepara de maneira paulatina a acreditar que esse casal é um casal de verdade. Eles são parceiros e fica aí uma das grandes apostas para a temporada.
Além dos ciúmes, a existência do Mirakuru ecoou na cabeça de Oliver por todo o episódio e pudemos ver, tanto no passado quanto no presente, as consequências dele no organismo de uma pessoa. Roy começara a sentir sua força crescer e o pior é que Thea já pode ver um pouco disso também (primeiro com o corte e depois com o salvamento de sua mãe). O desenvolvimento do novo parceiro de Oliver começa a engrenar e estamos na beira da transformação. Isso que me agrada em Arrow, as coisas não são repentinas – o roteiro tem um cuidado imenso para que tudo seja explicado e tenha um real sentido de acordo com a mitologia da série. E se no presente Roy sente isso, Slade também passou por transformações na ilha devido a substâncias, encarando-as de maneira bem mais agressiva que o primeiro. A morte de Shado foi impactante para o personagem, mas seria só esse o motivo de tanta raiva contra Oliver? Acredito que essa fuga do personagem foi o pontapé inicial para descobrirmos um pouco mais do que aconteceu na ilha. Uma coisa interessante foram os impactos psicológicos que o mirakuru causou em Slade – devemos ver isso com Roy e, provavelmente, será Oliver quem o ajudará a superar esse problemas.
Falando em cuidado de roteiro, pensei que não ouviríamos falar de Barry nesse episódio (nem em qualquer outro, visto que aquele final fora tão definitivo para a transformação do personagem), mas até nisso a série manda bem. Barry está em coma ou dormindo, como prefere dizer Felicity. Pois acorde logo Barry, tem uma série todinha só para você te esperando e estamos bastante ansiosos por ela. Dá uma conferida no vídeo promocional do próximo episódio e não deixa de comentar com a gente o que você achou de Blast Radius.
