Esse primeiro episódio da última temporada ainda não solta os laços com toda a parte política que a anterior teve. Porém, consegue mostrar a bagunça que está a família Henrickson, as consequências de sair em público sendo praticantes da poligamia; e começa a preparar o terreno para a derradeira parte de Big Love.
Gostaria que a série se distanciasse da carreira política de Bill, mas com a chegada de Gregory Itzin como o senador Richard Dwyer devem continuar mostrando esse aspecto da vida do patriarca. Afinal, o senador está ali pronto para infernizar Bill, mas ficamos sabendo no final do episódio que a família não está tão sozinha assim. Foi muito bonito a chegada das outras família polígamas agradecendo Bill por ter enfrentado todos esses problemas por eles. Mas a gente sabe que não foi bem assim. Bill sempre foi um pouco egoísta e fiquei incrivelmente feliz com o amigo Don o confrontando dessa maneira. Todos sempre fizeram tudo por ele, mas Bill nunca disse um muito obrigado ou ajudou de alguma forma. Até que enfim ele pediu desculpas, admitiu poder estar errado quanto a sair em público dessa maneira e sabe de todos os erros que fez pelo caminho, já que sua família está caindo aos pedaços.
Gostei dos outros problemas que estabeleceram para Bill no decorrer da temporada. Bill versus Alby será grandioso acompanhar. Esse último mais paranóico que nunca culpando o Henrickson pela morte do amado Dale. Ele nem se importa de falar isso na frente de Lura (agora sim Anne Dudek pode mostrar a excelente atriz que é). As coisas em Juniper Creek parecem complicadas. Alby louco pensando somente em vingança, trancando a mãe em um buraco no solo pela morte de J.J. e esposa. Sério? Adaleen fez um favor a todos quando matou os dois e agora que está sozinha imagino que correrá para a filha Nicki, visto que ela deve aparecer bastante, já que Mary Kay Place foi promovida ao elenco regular da série nessa temporada. Por falar no elenco, não pude deixar de notar que os nomes de Shawn Doyle, Melora Walters e Mireille Enos não fazem mais parte da abertura e nem sequer vimos seus personagens, Joey, Wanda e Jodeen nesse episódio.
Antes de falar das esposas vou comentar de alguns plots paralelos. Então Doran e Ana irão embora do país? Isso significa que o filho de Bill irá com eles. Pudemos notar também que Tancy não está mais com a família, já que foi morar com Sarah em Portland e até Cara Lynn tem uma trama a parte. A garota parece desafiar a mãe e tentar viver uma vida normal, saindo com o filho de Don. Gosto da personagem, mas me pergunto se essa história vale a pena. Prefiro muito mais a busca da garota por respostas do paradeiro do pai, já que Nicki prefere mentir sobre J.J. estar morto.
Quanto a trama principal da temporada é realmente focar no destino da família e de como eles estão “quebrados”. Vamos com Margie que é minha esposa preferida. Seu negócio de jóias não deu mais certo; todos estão chamando ela de mentirosa. Realmente não deve ser fácil. Coloquem-se no lugar da família. Todos estão te julgando a todo o momento, lhe vêem como aberrações e comentam sobre você em todo lugar que estiver. Não sei qual é o papel do personagem de Grant Show na série. Não faço ideia de como ele motivará a vida de Margene e se isso será apenas profissional. Sabemos que ela sentiu algo por Doran e até por Ben. Ou seja, Margie, apesar de uma das esposas, ainda não se sente 100% parte de uma vida polígama.
Quanto a Barb, não posso culpá-la. Ela viveu toda a transição de uma religião para a outra. Precisou aceitar Nicki e depois Margie e todos os filhos que vieram com as duas. Os problemas com Ana; o cassino e tudo o mais (fiquei feliz de saber que provavelmente não veremos mais do cassino e que a série voltou a focar na Henrickson’s Home Plus). Antes disso precisou enfrentar um câncer; colocaram uma cobra em sua cama; humilharam-na em público; aguenta as chatices de Nicki e as choradeiras de Margie e ainda é a primeira esposa, além de ter sido abandonada pela família. Olha a vida que essa mulher teve!! Claro que não serve de desculpa e eu nem quero passar uma temporada vendo Barb enfrentando problemas por se tornar alcoólatra. A personagem é muito superior a isso. Nesse episódio em questão ela mesma disse amar a família e isso é o que mais preza. Não faria eles sofrerem ainda mais. Mas, apesar de tudo, entendo a vontade de viver uma outra vida e não a culpo por ter feito a ligação para o canal e contado que Bill tinha um filho com Ana.
Agora Nicki…não adianta, ela sempre será Nicki. Mesmo com cabelos mais curtos e roupas modernas, aquela mulher hiperativa ainda vive dentro daquela pessoa e é isso que a faz tão singular. Claro que Chloë Sevigny é o que transforma Nicki nessa personagem fantástica e a atriz voltou a dar show. O que mais me surpreendo é que Nicki nunca sabe o que quer. Sempre quis ser a mulher pública de Bill, morrendo de inveja de Barb e até de Margie, constantemente confrontando as duas e dizendo ser a única que leva o casamento e as crenças mórmons a sério. Mas agora que veio a chance, ela se esquiva. Claro, com toda essa má publicidade em cima deles, até era de se esperar. Foi fantástica a cena em que a louca Nicki vai atrás do garoto que fez bullying em Wayne. Aliás, terrível essa cena em que Wayne é jogado na lama e apanha dos garotos. Mais bizarra mesma foi Nicki intimidando o ruivinho ao invés de ir direto ao diretor da escola. Medo…ela simplesmente sentiu medo de ir sozinha, mas é orgulhosa o suficiente para não dar o braço a torcer e pedir que Barb fosse junto.
Os melhores momentos do episódio foram os quais as três esposas estiveram juntas. Sevigny, Jeanne Tripplehorn e Ginnifer Goodwin fazem um trabalho ótimo como atrizes, cada qual com sua história, mas quando estão juntas ficam melhores ainda. A química das três é inegável e toda cena com elas fica boa. Além de tudo que estão passando as três, ao invés de se juntarem e unirem forças, ficam brigando e acusando umas as outras. Nicki invejosa contou sobre Barb beber, enquanto essa última atacou Nicki até o último momento. Mas não foi nada fora da realidade. Nicki traiu o marido com aquele cara que estava juntando pistas contra Roman; mentiu o tempo todo sobre suas dívidas e tentativas de engravidar, mas mesmo assim Barb e Margie estiveram ali por ela, algo que ela não consegue fazer pelas outras. Essa é Nicki!!
No geral, gostei de todo o clima de hostilidade contra os Henrickson. Cuspidas na cara; empregados indo embora; bullying e isso é só o começo. Mas como eu disse, eles não estão sozinho, visto que a família do garoto que bateu em Wayne também é polígama, mas prefere esconder do resto do mundo. Espero ver mais de Juniper Creek e conhecer outros aspectos da religião mórmon. Quero menos política e tramas desnecessárias.
Foi um episódio bom que prepara para tudo o que iremos enfrentar ao lado da família e muita coisa ainda promete acontecer. Esperava mais, é verdade, mas esse episódio foi necessário para explicar o que aconteceu após a revelação de Bill e para começar a desatar os laços com os problemas da temporada passada. Mal posso esperar pelo segundo episódio.
