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Big Love – 5×04 The Oath e 5×05 The Special Relationship

Por: em 16 de fevereiro de 2011

Big Love – 5×04 The Oath e 5×05 The Special Relationship

Por: em

É muito difícil eu reclamar de Big Love, afinal, sou grato a tudo que essa série me apresentou. Mas agora, na metade da última temporada, existem histórias demais e várias que não consigo dar a mínima atenção.

A série sempre apresentou muitas histórias ao mesmo tempo e o fez bem até a 3ª temporada. Porém, na 4ª, o acúmulo de plots, muitos irrelevantes, causou diversos problemas para esse grande show. O que não ajudou foi o fato de terem sido apenas nove episódios para encerrar uma temporada com múltiplas tramas que necessitavam um tempo maior de esclarecimento. O mesmo se repete na última e atual temporada. Serão somente dez episódios e tramas sem importância estão tomando muito tempo em cena. Com o que/quem realmente me importo e que a série deveria verdadeiramente focar? Bill e suas esposas. Eles sempre foram o melhor que a série tem a oferecer. E claro, todo o panorama religioso dos mórmons fundamentalistas praticantes do casamento pluralista. Sou a favor de todos os esquemas envolvendo a família e as crenças sendo postas a mesa e analisadas de várias formas diferentes. Também sou a favor das disputas de Bill, muito porque já me conformei que isso sempre teve e terá papel de destaque. Mas por agora, vamos ao que poderia estar diferente.

Alby sempre foi o vilão, mas um vilão diferente, sem estar realmente colocado em cena com todas as letras para que pudéssemos entender. Agora, Alby está um tanto quanto caricato com toda essa luta contra Bill. O personagem está bem perdido com a vingança que ele diz ser por Bill quebrar as regras da religião e agora por Lura ter ido embora. Mas todos nós sabemos que o verdadeiro motivo é o suicídio de Dale. A questão da homossexualidade reprimida de Alby sempre foi bem explorada, mas hoje é uma mera parte coadjuvante. Claro, não deve ter sido só eu que reparei o olhar vidrado de Alby no meio das pernas de Verlan quando ele as descruzou. Até imagino que o garoto pode se aproveitar do atual profeta, oferecendo, quem sabe, prazeres sexuais além da tentativa de assassinato de Don. Novamente pergunto…é necessária toda essa trama de Verlan trabalhando para Alby, que obviamente está interessado no garoto, levando-o para sua casa e oferecendo leitinho? Qualquer capanga poderia ter matado Don, sem precisar da entrada de Verlan. Temos apenas cinco episódios pela frente e somente agora Alby tentou algo contra Bill? Tudo bem, pelo menos as coisas começam a esquentar porque o próprio Henrickson desconfia de um atentado qualquer e deve descobrir sobre Alby logo logo.

Junto com Verlan veio Rhonda. Uma personagem fácil de odiar que teve histórias bem interessantes no começo da série, mas agora voltou para que? É bem comum em últimas temporadas de séries consagradas que se tragam personagens antigos para darem um último adeus, mas Rhonda não acrescenta em nada a reta final de Big Love. Seu discurso no jantar dos Henrickson foi total vergonha alheia e ela não faz nada além de dizer que mudou e cutucar Nicki e até Heather. Falando nela, confesso que gosto da personagem e ela não está tendo um tempo suficiente para atrapalhar as coisas. Aliás, acho boa sua trama com Ben e o garoto estar confrontando suas crenças pelos sentimentos. Acho que um dos maiores golpes que Bill poderia levar agora seria Ben recusar o sacerdócio e resolver viver um casamento monogâmico com Heather.

Além disso tudo temos Lois. Ela é uma personagem fantástica que resolveram levar ao ostracismo com uma história de demência vascular que só a faz sofrer e não vejo outra forma disso acabar sem Lois se matar. É semelhante a personagem Marlene de The Big C, que ao perceber que poderia ser perigosa devido ao Alzheimer, tirou a própria vida. Tivemos cenas tristes o suficiente com Lois, graças a ótima atuação de Grace Zabriskie, o que melhora um pouco sua trama. Mas uma das coisas que eu realmente não queria ver era o mal uso de uma personagem tão forte. Vale a pena por ver Zabriskie em cena e trazer personagens como Frank novamente. Foi ótimo ver o pai de Bill na série, sem perder todo aquele jeito grosso de ser. Ele é o responsável pela doença de Lois, pois passou herpes para a esposa. É uma história que não acrescenta na parte principal da temporada, mas que acaba valendo a pena pela importância da personagem.

O mesmo não posso dizer de Cara Lynn. Não consigo me preocupar com ela e ficar triste pela trama de adoção e muito menos pelo velho e batido clichê que deve aparecer agora que é a um relacionamento ilegal aluno/professor. É normal que toda série apresente alguma trama irrelevante se comparada ao arco principal da temporada, mas Big Love vem conseguindo apresentar várias apenas para não deixar personagens caindo no esquecimento. Agora que Cara Lynn foi atrás do professor as coisas só devem piorar. Espero mesmo que saibam lidar com essa trama de uma forma diferente e que acabe logo. Pelo menos Cara Lynn trás algo de interessante pela parte de adoção, mas não pelo seu sofrimento e sim pela briga Bill/Barb/Nicki. Nicki é, de longe, a personagem mais bem preparada da série. Seu cinismo é tão grande que ela continua mentindo até para a própria filha que só quer o divórcio de Bill e Barb para poder adotá-la. TODOS sabem que ela só quer estar casada no papel com Bill e assim ser a primeira esposa. Nicolette Henrickson é um nome que ela sempre desejou e agora poderá ter. É lindo ver a atuação excepcional de Chloë Sevigny enquanto sua Nicki manipula Barb para contar a Bill sobre querer ter o sacerdócio em plena reunião no senado. Tem culhões para falar para Margie que Bill só se preocupa com quantos homens ela dormiu e o quão danificadas estão suas partes íntimas. Nicki fala sem pensar e só quer destruir a vida de todos para ficar com Bill, sem precisar compartilhar o marido.

O engraçado de tudo isso é que todos querem algo, mas para isso precisam ir contra suas crenças. Barb com o sacerdócio; Nicki com Bill só para si e Margie com seus negócios. Margie está indo muito bem com as vendas do produto. Ela tem o que precisa para negócios. Sabe vender e tem carisma e simpatia, além de poder de persuasão, necessário para boas vendas. O problema dela ter 16 anos quando casou com Bill continuou sendo mostrado no episódio 5×04. É interessante notar que nem todos tomam partido de Bill. Don, por exemplo, revelou que Bill simplesmente fecha os olhos para todo o resto quando quer alguma coisa, e aparentemente, o mesmo aconteceu quando quis Margie. Eles também fizeram sexo antes do casamento; e Barb não consegue viver com a ideia de seu marido estar com uma garota de 16 na cama, mas em contrapartida, se aproveitou do casamento da terceira esposa para que Nicki sentisse o que ela estava sentindo: o medo e a solidão. Acho fantástico o jeito de como essas revelações do passado estejam saindo, porque fazem total sentido com a história apresentada até agora.

Já uma das tramas que mais gosto nessa temporada é a briga de Barb com ela mesma. Acho muito válido o questionamento de só o homem ter poder na religião. Estou com Barb e estou com Margie no que se diz de dar o direito de sacerdócio a primeira esposa. O mais triste de tudo isso é que, aliado ao egoísmo de Nicki, Barb só conseguirá ter o que quer separando-se de Bill, algo que ele aceitou no triste desfecho do episódio 5×05. Foi muito bonita a cena em que eles relembram como começaram a namorar e Bill desabafando tudo que sente pela esposa, mas a conclusão da conversa foi triste demais. Não sei o que esse divórcio realmente significa. Será que Barb sairá de casa ou apenas não será mais a primeira esposa? Acredito que para ela conseguir ir atrás do seu sonho a primeira opção é a mais adequada, o que será terrivelmente difícil: ver Barb longe dos Henrickson. Gostei muito dela usando a desculpa de ter sido chamada e recebido um testemunho, desculpa essa que Roman, Alby e o próprio Bill já usaram para justificar suas escolhas. O mais interessante ainda foi ver como “funciona” um verdadeiro testemunho com o sonho de Bill no episódio 5×04. No sonho ele conversou com Emma Smith, primeira esposa do profeta Joseph Smith, que publicou o Livro de Mórmon. Vale notar que Emma fala apenas o que Bill que ouvir, que Joseph nunca se casou com nenhuma mulher menor de idade ou babás e coisas do tipo, algo que historiadores tendem a afirmar o contrário.

Já Bill conseguiu entrar no senado sem maiores problemas, após Barb e Margie entrarem na reunião e, para variar, um grande discurso de Bill, pelo qual foi aplaudido por muitas pessoas. Porém, ele continua sozinho na disputa já que não aceita parar de se chamar de mórmon porque pratica a poligamia, o que está manchando o nome da religião. Agora sem o apoio da igreja e do próprio senador Barn, tudo tende a voltar a estaca zero, enquanto sua carreira política pode voltar a afundar, e sem Barb e com Alby em sua cola, Bill está mais perdido como nunca.

Faltam apenas cinco episódios para o fim de Big Love e espero mesmo que foquem no que realmente interessa e no que a série sabe fazer de melhor. Assim tenho certeza que nada será decepcionante.


Caio Mello

São Bento do Sul – SC

Série Favorita: Lost

Não assiste de jeito nenhum: Séries policiais

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